quinta-feira, janeiro 19, 2006

Sem rumo


Poderia atravessar o Rio Lethes e esquecer...
Apenas rejeitar as memórias do que já vivi
e não pensar no que ainda me falta viver.

Somente o escrever destas linhas
desanuvia os pensamentos negros
da parte lúguebre da minha imaginação,
quando a mente começa a ficar obcecada.

Não posso gritar, não consigo soltar a raiva,
a angústia é galopante, fico parado no tempo
e o tempo em meu redor desenrola imagens
acelerando numa espiral vertiginosa.

E tenho tonturas, já bebi mais do que devia.
A garrafa ainda não está vazia e vou continuar,
Se ficar mal disposto, o remédio é vomitar.
Pode ser que assim, adormeça... e esqueça.

Chiça! Sinto-me encurralado, transtornado
de tal maneira que não sei se ainda estou vivo.
O que sinto é o puro ostracismo, a segregação,
Um ódio e desprezo misturado com vingança
pelo que eu não fiz ou que fiz mal, pensando bem.

E vou continuar a não perceber o que é que ando a fazer por aqui,
para além de ajudar mais alguém a viver, ou somente a sobreviver.
Eu queria fazer parte integrante de uma sociedade, de uma família,
ter direito à minha dose de imbecilidade normal como todos os outros.
Está escrito na Constituição, eu tenho os mesmo direitos e deveres.
Os deveres, puta que pariu, não quero mais, não aguento mais,
não quero mais, já cumpri todos os que consegui e os restantes...
os que ficaram por fazer, passaram a ser considerados prazer.

É simples, fazer o que for preciso fazer, mas com algum prazer.
Como é? Não serve! Não pode ser! Assim não vale! Viver sem sofrer?
Não podes fazer a tua vida sem mostrar que é um sofrimento constante,
Uma luta inglória para aclcançar coisa nenhuma, chegar a lado nenhum.

Puta de vida que já não é minha.
Há muito tempo que passei a viver pela vida de outrem.
Agora, o remédio é muito doloroso, pior que deixar de fumar.
Apaixonado, depois viciado no amor e finalmente aprisionado.
Estou como um condenado terminal a quem concedem a precária
mas nunca conseguirá a liberdade condicional - só a liberdade final.

Se eu atravessar o Rio Lethes (Lima) não sei se vou conseguir voltar!?
(Acreditem, não fora este blog e eu já estaria a caminho de outra vida. Eu digo "de outra", não "da outra", porque para essa outra, o caminho é sempre a descer, não é preciso esforço para lá chegar.)

1 comentário:

Anónimo disse...

Por favor não entres no túnel da escuridão.A felicidade por vezes está tão perto que de tão perto nos é impossivel ver o caminho.O caminho é sempre em frente e quanto mais longe olhares melhor é a vista pois podes compreender que esse mesmo caminho tem tantos outros caminhos,que só assim podes saber qual o melhor para te senties em paz.A vida tem destas coisas hà tanto para fazer por todos aqueles que nos rodeiam,que é um crime beber para esquecer e simplesmente fingir que eles não existem, por favor estou a entrar em panico,não sei mais o que escrevo, nem o que digo para te ajudar, quem me dera a mim ter alguém para me ajudar nos meus momentos de escolher o caminho certo tenho lutado completamente sózinha para combater estas máguas de nada, que por vezes quando paro para pensar até tenho vergonha de ter tudo, e me sentir sem nada.Nós somos muito carentes,mas temos que encaixar na cornadura que os outros andam muito ocupados a viver em paz que não têm tempo para estas banalidades.Vamos ser felizes e para isso tens que estar sobrio para veres como tudo é belo,nós é que fazemos da vida um mar de espinhos.Chau e vive a vida em paz, amor e tudo o que te vier a cabeça vou dormir, ou simplesmente pensar que dormo já aprendi a viver com as malvadas das insónias são quadros que eu pinto com amor.Beijinhos da Maria amanhã é outro dia

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