quinta-feira, novembro 30, 2006

os Moinhos

Lisboa
Na encosta da Ajuda, em Lisboa.

Sobre uma das sete colinas, a que se encontra mais a ocidente, mesmo voltada para o Atlantico e para o ocaso do Sol de todo o ano.
Há nesta Lisboa cidade, dois moinhos de vento, daqueles grandes moinhos Saloios, típicos desta região litoral de Portugal.
Moinhos de verdade, que funcionam ainda e podem moer os grãos do trigo ou do milho para fazer a farinha e o farelo.

Lá muito em baixo, junto ao rio Tejo, avista-se a Torre de Belém. Entre a torre e a colina sobressai o pico da cúpula da Igreja de Santa Maria de Belém mais conhecida por Igreja do Mosteiro dos Jerónimos.
No horizonte sul, o alto relevo da outra margem, a outra banda, cujas íngremes encostas despejam uma mancha de sombra sobre a claridade dos reflexos do rio.
A foz, a barra, a enseada da Praia de Algés, a corrida das ondas contra a corrente, que passa sobre os bancos de areia do Farol do Bugio.
Mais longe, a tenue linha horizontal de separação entre o mar menos azul e o ceu mais azul.

quarta-feira, novembro 29, 2006

a Fonte 42



Outra fonte em Castro Verde,
sobre o poço, no largo fronteiro ao "S Clube" ou a "Santa Loucura", que é, segundo dizem:

"Um espaço onde o sagrado, coabita em profunda união com o profano."

"A energia, a luz, o som e a sensualidade aliados à arte, à estética e à beleza leva-nos a um mundo envolto em magia e pura felicidade onde se soltam todas as emoções que transbordam nos gestos, nas palavras, num olhar, que por vezes é tão intenso como o brilho das estrelas."

E um dos maiores locais de diversão no Baixo Alentejo.

terça-feira, novembro 28, 2006

a Fonte 41



Chama-se a Mina do Telhadinho - na encosta de Carnaxide.

sem nada



Saí de mim em busca de ventura,
Daquele bem que em vão idealizei.
Minha esperança fez-se mais escura
Quando sem nada, nada, a mim voltei.

segunda-feira, novembro 27, 2006

de Cesariny



Muita vez vim esperar-te e não houve chegada
De outras, esperei-me eu e não apareci
Aqui chegado até eu venho ver se me apareço

Se algum de nós vier hoje é já bastante
Que dê o nome e espere. Talvez apareça...

(Mário Cesariny)

domingo, novembro 26, 2006

ir e voltar



Quem parte leva saudades,
Quem volta traz alegria.
Queria partir na certeza,
De poder voltar um dia!

(escreveu um poeta dos Açores)

a Fonte 40



Painel de azulejos de meados do século passado.
Um lugar do concelho de Oeiras com um estranho nome, de remotas e obscuras origens - Carnaxide.

sábado, novembro 25, 2006

Amanhecer XXXVII



Já não me lembrava que também chove e faz frio
e que de vez em quando (felizmente são poucas vezes)
não aparece o Sol no Sábado de manhã em Colares.

sexta-feira, novembro 24, 2006

o Lixo



Há dias fui dar um passeio,
Pela vila e suas cercanias,
E chocou-me a falta de asseio,
Ao ver por lá tantas porcarias.

E como não posso ficar alheio,
A estas imagens tão sombrias,
Digo que é triste, desolador e feio
O que se passa nos nossos dias.

São caixas, vidro, papel ou lata,
Plástico, ferro velho e madeira,
Que desvirtuam a paisagem.

Aí vazados por gente ingrata,
Á terra de que é herdeira,
E da qual degrada a imagem.

(Tio Carlos, poeta do Rio Alva)

quinta-feira, novembro 23, 2006

a Fonte 39



Aqui neste lugar não fica nada mal
Como ficaria em qualquer parte
Porque é uma bela obra de arte
Mais est'outra fonte municipal.

(Rotunda de Queijas - Oeiras)

O Desalento



Porque a vida não pára, eu, vacilante,
Quero parar, mas sinto, apavorado,
Que, mais a mim, se chega a cada instante,
O fim do meu caminho limitado!

Como vai longe! Ai, como vai distante
O tempo em que vivia descuidado,
E me falava a doce voz cantante
Desse presente que se fez passado!

E a ele volto e não encontro nada,
Que me fale da vida amargurada
Que ao recordá-la ainda me angustia.

Com que tristeza tudo, tudo lembro,
Neste dia cinzento de Novembro,
Nesta manhã viúva de alegria!

(JM Lopes de Araújo, Poeta dos Açores)

quarta-feira, novembro 22, 2006

a Bicicleta



Monto na minha bicicleta
Que não tem asas mas voa.
Não é preciso ser atleta,
Para pedalar por Lisboa.

Sentindo o vento no rosto,
Levando na face um sorriso.
Da felicidade sinto o gosto,
Como se viajasse no paraíso.

(Poesia da Treta, 2006)

a Fonte 38


Ainda no Concelho de Oeiras.
O que resta de uma fonte monumental.
Na estrada de Leceia, o letreiro diz:

PROIBIDO LAVAR AUTOMOVEIS

terça-feira, novembro 21, 2006

as Barcas



Cantiga de Amigo

Em Lixboa sobre lo mar
barcas novas mandei lavrar,
ay mia senhor velida!

Em Lisboa sobre lo lez
barcas novas mandei fazer,
ay mia senhor velida!

Barcas novas mandei lavrar
e no mar as mandei deitar,
ay mia senhor velida!

Barcas novas mandei fazer
e no mar as mandei meter,
ay mia senhor velida!

(João Zorro, Poeta do Mar, Sec. XIII)

segunda-feira, novembro 20, 2006

a Fonte 37



Mais uma exaltação no Município do Sr. Isaltino.
Na foz do Tejo.
Fonte monumento, caravela, memória dos navegadores portugueses.


Sofrendo tempestades e ondas cruas,
Vencendo os torpes frios no regaço
Do Sul, e regiões de abrigo nuas,
Engolindo o corrupto mantimento
Temperado com um árduo sofrimento.

(Camões)

domingo, novembro 19, 2006

a Lingua


Uma língua é o lugar donde se vê o Mundo
e em que se traçam os limites do nosso pensar e sentir.

Da minha língua vê-se o mar.

(Vergílio Ferreira)

sexta-feira, novembro 17, 2006

a Fonte 36



Inauguramos hoje aqui a secção
dedicada a fontes monumentais;
começa com S. Jorge e o Dragão
no Município do Isaltino Morais.

(Rotunda de Queijas)

quinta-feira, novembro 16, 2006

quarta-feira, novembro 15, 2006

a Retreta



Aqui vai a Banda dirigindo-se para a Retreta.

O quê, os músicos vão aliviar as águas, satisfazer as necessidades?
Pois... não.

Dirigem-se para um local onde irá decorrer um concerto.
Retreta é = actuação de banda musical, ao ar livre.

a Fonte 34



No recanto de uma ruela de Ourique.

terça-feira, novembro 14, 2006

a Simbiose



Líquen - a mais perfeita combinação de esforços, entre dois seres vivos de espécies diferentes.

Uma Alga e um Fungo reuniram-se e desenvolveram (a simbiose completa) a forma ideal de colaboração para assegurar a sobrivência de ambos em hambiente hostil - em locais onde cada um deles por si só não conseguiria subsistir.

segunda-feira, novembro 13, 2006

a Fonte 33



Não tem beleza arquitectónica, mas ao seu estilo, não deixa de ser uma fonte.

Pequenina mas, quando é preciso, deita água com fartura... presume-se.

sábado, novembro 11, 2006

Amanhecer XXXV



A névoa da madrugada que persiste na várzea de Colares e encosta do Penedo, ao raiar do sol num morno dia de S. Martinho.

Tradicional



No dia 1 de Novembro, nalgumas aldeias do Oeste (Saloias), ainda se assiste ao tradicional peditório do Pão-por-Deus.
Bandos de miúdos, munidos de sacolas de pano, percorrem as ruas, as lojas, invadem os quintais, como nesta aldeia do Mucifal - Sintra, reclamando dos viznhos, algumas guloseimas ou outras pequenas oferendas para encher a sacola.

sexta-feira, novembro 10, 2006

as cores



Aguarela de cores vivas - Outono desfocado no Castelo de Orik.

a Fonte 32

(Estrada Montemor - Évora)

Fiz uma revisão aos "posts" com Fontes e não percebo como inseri o texto, seguinte, que agora penso que não está correcto - trata-se da "Fonte de Patalim - restaurante" e não "Rei das Bifanas".
Parque de estacionamento de "O Rei das Bifanas II".
Tenho que voltar a passar por lá:
1º) fotografar em pormenor a estatueta da moçoila sobre a fonte.
2º) as Bifanas no pão, até fazem crescer água na boa, só de recordar!

quinta-feira, novembro 09, 2006

Evening Star


(White House - train station in Alentejo)

'Twas noontide of summer,
And mid-time of night;
And stars, in their orbits,
Shone pale, thro' the light
Of the brighter, cold moon,
'Mid planets her slaves,
Herself in the Heavens,
Her beam on the waves.
I gazed awhile
On her cold smile;
Too cold- too cold for me-
There pass'd, as a shroud,
A fleecy cloud,
And I turned away to thee,
Proud Evening Star,
In thy glory afar,
And dearer thy beam shall be;
For joy to my heart
Is the proud part
Thou bearest in Heaven at night,
And more I admire
Thy distant fire,
Than that colder, lowly light.

(Edgar Allan Poe - 1827)

quarta-feira, novembro 08, 2006

A fonte 31



(Torrão do Alentejo - à beira do Rio Xarrama)

Outra margem

E com um búzio nos olhos claros
Vinham do cais, da outra margem
Vinham do campo e da cidade
Qual a canção? Qual a viagem?

Vinham p’rá escola. Que desejavam?
De face suja, iluminada?
Traziam sonhos e pesadelos.
Eram a noite e a madrugada.

Vinham sozinhos com o seu destino.
Ali chegavam. Ali estavam.
Eram já velhos? Eram meninos?
Vinham p’rá escola. O que esperavam?

Vinham de longe. Vinham sozinhos.
Lá da planície. Lá da cidade.
Das casas pobres. Dos bairros tristes.
Vinham p’rá escola: a novidade.

E com uma estrela na mão direita
E os olhos grandes e voz macia
Ali chegaram para aprender
O sonho, a vida, a poesia.

(Poesia: Maria Rosa Colaço, natural do Torrão)
(Música: Os Trovante)

o desvairo



(memória, Torrão do Alentejo)

Aqui nasceu Bernardim Ribeiro, iniciador da poesia bucólica (campestre, pastoril) em Portugal.

Toda a gente conhece dele, a Novela que começa com "Menina e moça me levaram de casa de minha mãe para muito longe..".

O que nem toda a gente sabe, eu não sabia, li algures, que o homem se havia passado dos carretos e dizem que, morreu doido.


Dá para perceber, no excerto do poema, que as coisas não andavam lá muito bem dentro da cabeça do poeta.
..
Dentro de meu pensamento
há tanta contrariedade,
que sento contra o que sento
vontade e contra vontade.
Estou em tanto desvairo,
que não me entendo comigo.
Donde esperarei repairo?
Que vejo grande o perigo
e muito mor o contrairo.

(Éclogas de Bernardim)

terça-feira, novembro 07, 2006

a Fonte XXX



O senhor extraterrestre

Vou contar-vos um história
que não me sai da memória,
foi p’ra mim uma vitória
nesta era espacial.
Noutro dia estremeci
quando abri a porta e vi
um grandessíssimo ovni
pousado no meu quintal.

Fui logo bater à porta,
veio uma figura torta,
eu disse: “se não se importa
poderia ir-se embora,
tenho esta roupa a secar
e ainda se vai sujar
se essa coisa aí ficar
a deitar fumo p’ra fora”.

E o senhor extraterrestre
um pouco atrapalhado,
quis falar mas disse pi,
estava mal sintonizado.
Mexeu lá o botãozinho
e pôde contar-me então
que tinha sido multado
por o terem apanhado
sem carta de condução.

Mas já que está aí de pé
venha tomar um café,
faz-me pena, pois você
nem tem cara de ser mau
e eu queria saber também
se na terra donde vem
não conhece lá ninguém
que me arranje bacalhau.

E o senhor extraterrestre
um pouco atrapalhado,
quis falar mas disse pi,
estava mal sintonizado.
Mexeu lá no botãozinho,
disse para me pôr a pau,
pois na terra donde vinha
nem há cheiro de sardinha
quanto mais de bacalhau.

Já está de chaves na mão?
Vai voltar p’ro avião?
Espere, que já ali estão
umas sandes p’ra viagem
e vista também aquela
camisinha de flanela
p’ra quando abrir a janela
não se constipar co’a aragem.

E o senhor extraterrestre
viu-se um pouco atrapalhado,
quis falar mas disse pi,
estava mal sintonizado.
Mexeu lá no botãozinho
só p’ra dizer: Deus lhe pague.
Eu dei-lhe um copo de vinho
e lá foi no seu caminho
que era um pouco em ziguezague.

(Excerto do poema de Carlos Paião,
cantado por Amália Rodrigues, 1982)

segunda-feira, novembro 06, 2006

a Fonte 29



Cá em baixo, no vale, onde está uma bela fonte
Que há muito deixou de matar a sede ao povo,
Avista-se o Castelo bem lá no cimo do monte:
O monte maior, a que chamam Montemor-o-Novo.

domingo, novembro 05, 2006

E-mail



O meu endereço electrónico - para quem quiser mandar coisas.

Nha Maria


(Castelo de Monsaraz)

Pela saudade, um dia fui levada
àquela casinhola ao pé da estrada,
para rever a velha Nha Maria
- uma boa e simpática roceira,
que foi, outrora nossa lavadeira
e que eu há longos anos já não via...

Enternecida, a pobre da velhinha
fez-me sentar num banco da cozinha,
e ofereceu-me um "gole de café"...
Um caldeirão, no fogo, fumegava;
alí por perto, pelo chão ciscava
um casal de galinhas garnisé...

Na quietude gostosa lá da roça,
eu, entretida com a conversa nossa,
nem percebia as horas que passavam !
Em seu falar, interessante e rude,
queixou-se-me da vida e da saúde
que, pouco a pouco, os anos lhe roubavam...

Depois, contou-me casos do passado;
do seu remoto e trágico noivado
com o Zé Florencio, um "cabra" valentão...
Mas... eis que pára e funga. E levantando,
e a panela depressa destampando...
"Nossa Virge"! queimô tudo o fejão!!!

(Berta Homem de Mello)

sexta-feira, novembro 03, 2006

a Fonte 28



Um chafariz "pelo povo" para o povo do Escoural.

E foi aqui mesmo, que no dia 28 de Outubro passado,
um Fotociclista da Porcalhota, encostou a bicicleta,
para matar a sede depois de enfardar uma tachada
de Borrego Ensopado com saboroso pão do Alentejo,
mais umas azeitonas britadas e tinto de Monsaraz.

Banda Euterpe


BANDA EUTERPE CACHOEIRENSE

(... é só mais esta!)
(a tocar desde 25-10-1856, em Cachoeira do Campo, Minas Gerais, Brasil)


Cidade do quartel da Cavalaria onde trabalhava Joaquim Xavier - O Tiradentes.

Região onde os Bandeirantes descobriram as mais importantes Minas de Ouro.

O acesso a estas minas, deu lugar a um conflito de armado, entre mineiros Paulistas, por um lado, e comerciantes Portugueses e Brasileiros e mineiros de outras regiões por outro, a que se chamou a Guerra dos Emboabas.

Buabas, galinhas calçudas em dialecto tupi-guarani, aves com penas até os pés, em referência às calças e botas dos estrangeiros.

quinta-feira, novembro 02, 2006

Dia dos Mortos


(Maré vazia no tejo - Lisboa oriental)

Poème sur le désastre de Lisbonne

O malheureux mortels! ô terre déplorable!
O de tous les mortels assemblage effroyable!
D'inutiles douleurs éternel entretien!
Philosophes trompés qui criez: "Tout est bien"
Accourez, contemplez ces ruines affreuses
Ces débris, ces lambeaux, ces cendres malheureuses,
Ces femmes, ces enfants l'un sur l'autre entassés,
Sous ces marbres rompus ces membres dispersés;

Cent mille infortunés que la terre dévore,
Qui, sanglants, déchirés, et palpitants encore,
Enterrés sous leurs toits, terminent sans secours
Dans l'horreur des tourments leurs lamentables jours!
Aux cris demi-formés de leurs voix expirantes,
Au spectacle effrayant de leurs cendres fumantes,
Direz-vous: "C'est l'effet des éternelles lois
Qui d'un Dieu libre et bon nécessitent le choix"?

Direz-vous, en voyant cet amas de victimes:
"Dieu s'est vengé, leur mort est le prix de leurs crimes"?
Quel crime, quelle faute ont commis ces enfants
Sur le sein maternel écrasés et sanglants?
Lisbonne, qui n'est plus, eut-elle plus de vices
Que Londres, que Paris, plongés dans les délices?
Lisbonne est abîmée, et l'on danse à Paris.
..

(Voltaire, 1756)

quarta-feira, novembro 01, 2006

Dia de Finados


(luzes e um cipreste - jardim de Queluz)

Poema de Finados

Amanhã que é dia dos mortos
Vai ao cemitério. Vai
E procura entre as sepulturas
A sepultura de meu pai.

Leva três rosas bem bonitas.
Ajoelha e reza uma oração.
Não pelo pai, mas pelo filho:
O filho tem mais precisão.

O que resta de mim na vida
É a amargura do que sofri.
Pois nada quero, nada espero.
E em verdade estou morto ali.

(Manuel Bandeira)

Poema Esquecido

Praia Grande, Sintra Ao captar esta imagem, criei uma poesia. Decerto, inebriado por um momento de solidão, em que me senti inserido na pai...