sexta-feira, fevereiro 29, 2008

outro caminho


Sem Título

Indicai-me um outro caminho,
uma vereda ou um carreiro,
mas um percurso diferente,
porque neste por onde vou
escorregando sem controlo,
não tem nas áreas de repouso

nada que me sirva de consolo
para o recobro das energias...

Uma alternativa, um desvio,
uma mudança de direcção,
que já não consigo escolher,
não arrisco, não sou capaz,
pois não acerto nunca.
Sempre a direcção errada,

só completos falhanços.

Basta uma luz no fim da estrada
para me orientar e prosseguir,
andando, com o sentido no futuro.


(sem Nome, em Lisboa e em todo o lado, sem Data)

quinta-feira, fevereiro 28, 2008

a Fonte 212


Esta fonte Real, bem jeitosa, por sinal,
(deve ser obra do Marquês de Pombal)
foi muito difícil de fotografar, a modos que
num arriscado trabalho de espionagem
no terreiro interior do Ministério da Marinha.

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Meias



meias rodelas
meias luas
paredes-meias
colar as duas
pedras negras
só uma delas
de folha verde
numa calçada
as boas ideias
bom entendedor
isto tem regras
ao lado laranja
mas qual prosa

já é meio dia
e meia hora
uma e outra cor

com o sol a pino
e o gato já mia
tudo se arranja
ó tu que lavras
vai um
menino
pela rua fora
toda salpicada
por fora rosa
meias palavras

(OBicho, Lisboa Fev.2008)

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Que importa



Hoje abro a janela e fecho a porta...
a vida lá de fora não pode entrar.
Tanto me faz, já pouco me importa,
afinal não consigo a todos agradar...
(Lisboa, Fev. 2008)

domingo, fevereiro 24, 2008

Recanto


Uma azinhaga, entre Alfama e o Castelo.
Um recanto escondido e pouco (ou mal) frequentado da cidade.


Num desconhecido e obscuro recanto,
abre-se, inesperado, um caminho directo,
para uma viajem a um mundo de encanto,
onde eu gostaria de ter existido em concreto.


(Lisboa, Fev. 2008)

sábado, fevereiro 23, 2008

Amanhecer CVI


“Não ame pela beleza, pois um dia ela acaba.
Não ame por admiração, pois um dia você se decepciona.
Ame apenas, pois o tempo nunca pode acabar com um amor sem explicação.”
(Madre Teresa de Calcutá)

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

a Gelosia


SEMPRE

Nem te vejo por entre a gelosia;
Nunca no teu olhar o meu repousa;
Nunca te posso ver, e todavia,
Eu não vejo outra cousa!


João de Deus

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

a Drogaria


Na R. da Madalena,
(não tomei nota do número da porta mas não deve ficar muito distante do nº 91) o Sr. Manuel dispunha de TINTAS BROCHAS E PINCEIS DOS MELHORES FABRICANTES para vender na sua Drogaria e Perfumaria.

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

a Fonte 209

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Já nem me lembro há quantos anos, é que a gente não tinha acesso a este local, que esteve encerrado para obras (que obras? não se nota nenhuma melhoria) não sei de quê...
Portanto, há muito tempo que a gente não punha a vista em cima desta vista do Miradouro / Jardim de S. Pedro de Alcântara, no Bairro Alto.
Lisboa.

Pata Direita


- "Qual é a mão (pata) direita do Cavalo de D. José?"

Era uma das tradicionais perguntas de algibeira que os mais velhos costumavam fazer aos putos da minha idade, há 50 e tal anos.
Ela vem ao de cima da minha memória, sempre que vejo a estátua da Praça da Figueira.

terça-feira, fevereiro 19, 2008

Passagem


VIDA CONFINADA

aquela erva daninha junto à porta
aquela chaminé desocupada
dizem que passaou ali o ser
e agora é nada
do nada surgirá o alto prédio
e daí composta vida
a declinar assim que sobe
dos cumes para a ruína
reciclada

(Luisa Costa Gomes)

Dualidade


Ao aproximar-se a velhice enfrentamos uma duplicidade de situações e sentimentos contraditórios:

  • Angústia e Desejo;
  • Tempo Livre e Tempo Vazio;
  • Disponibilidade e Incapacidade;
  • Mobilidade e Dependência;
  • Esperança de Vida e Morte;
  • Experiência e Conhecimentos Ultrapassados;
  • Sabedoria e Demência;
  • Família e Solidão...

domingo, fevereiro 17, 2008

Cedo ou tarde

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Pasei por aqui, há alguns dias.
Um caminho, pouco utilizado, para o Castelo de S. Jorge, com uma vista muito pouco vista, de S. Vicente de Fora.
Mais cedo ou mais tarde... Lisboa.

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Porta 14



Ele volta...
ele não vem...
não volta...
talvez venha...

bem me quer...
muito...
pouco...
ou nada...

ele lembra-se...
ou não...
hoje é o nosso Dia..!

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

a Fonte 205


Nem sei, não quero contar,
há quantos anos eu não punha a vista em cima desta fonte.

Na parede da Igreja de Santa Luzia, está finalmente, livre dos tapumes das Obras (de Santa Engrácia) no miradouro de Santa Luzia.
Tantos anos de obras e no fim, nem sequer puseram água a correr na bica.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

em seco

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em seco, na beira do rio
como uma tartaruga aflita
virado ao contrário,

estou com muito frio
recolhido como um eremita,
o caranguejo,
que num instinto primário
como o desejo,

encontra protecção
numa concha vazia
abandonada

um receio sem explicação
temor vago, que agonia
talvez não seja nada..!

Amarelo 18A


Carreira 18 - Ajuda.
Vou voltar aos comprimidos, para acalmar e animar simultaneamente.

domingo, fevereiro 10, 2008

Amanhecer CIV


Não são para cortar, nem deitar fora,
estas flores silvestres no meu quintal.
Vamos deixá-las crescer, não faz mal,
pois são, de cor laranja, que ela adora.

sábado, fevereiro 09, 2008

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Candeeiro de Sombra


Quase todos os candeeiros dão luz.
Este, parece que resolveu dar sombra.
Também eu, sinto que algo me ensombra,
Como se tivesse na cabeça um largo capuz.

Ainda mais do que ontem, hoje e agora,
ela está triste, a minha filha preferida.
O claro dia de sol que anima a rua lá fora,
não aquece por dentro, a Leoazinha ferida.

Porta de Amigos


Por esta porta só passam os Amigos.

Entrada do pátio onde se encontra sediada a associação d'Os Amigos dos Castelos, em Lisboa.

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

sem dono

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Em For de Agonia

Porque te lavas no rio
da corrente impetuosa
deste meu pensamento.
Cascata de água sombria
prosa do meu desalento.
Versos em flor de agonia
como uma onda alterosa
congelada em gelo frio.

Com serena melancolia
pergunto à brisa do mar:
Para quê chamar o vento?
Aguardo novas de poesia!
Dizem que está para chegar
envolta nas ondas do tempo.

..
(OBicho, escritos apócrifos, 2005)
..
Estranho, estas palavras que apareceram aqui... hoje.
Gostava de saber como é que estes versos vieram aqui parar!?
Porque diabo escrevi eu isto? Se é que fui eu!!? Por vezes surpreendo-me.
A 2ª estrofe faz-me pensar em Manuel Alegre, mas, já pesquisei na "net" e não encontrei nada parecido, com autoria de outrem, quer dizer, outro alguém que não eu.
Por isso, gostava de perceber de onde vieram estas ideias. Tristeza não basta, sofrer de melancolia, não chega para cozinhar umas letras e vomitar frases que fazem sentido - para quem sente o que sente.
Ó merda, o que é que eu estou p'raqui a dizer?

Janelas do Rio


do Rio Tejo, em Lisboa

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Porta 18


Contamos, uma, duas, ... seis, habitações, com ligação directa à porta da rua, via campaínha.
Cada uma com a sua história:


<> Uma (1º Esq.) - Não sei quem lá mora. Não estava lá ninguém para contar a história.
<> Duas (1º Dir.) - A vizinha, não sei quantas, não percebi o nome, estava a tratar da muambada para o jantar e não tinha tempo para contar histórias.
<> Três (2º Esq.) - Aqui, havia muitas histórias para me contar, isto se eu conseguisse perceber o linguajar de qualquer um dos vários inquilinos que partilhavam a habitação.
<> Quatro (2º Dir.) - Outra história por contar. "Fica para a próxima. Quando quiser, tu pode voltar, que despois a gente fala muita história de além-mar. Agora nóis vai sair p'rá trabalhar!" Disseram lá de cima.
<> Cinco (3º Esq.) - Está muito escuro e mal se distingue e não se percebe o que dizem lá de cima do alto da escada. "Eles vão sair para jantar no Restaurante Paquistanês. É já ali em baixo nas Escadinhas, pode ir lá falar com eles", esclareceu um homenzinho que passou por mim a caminho da rua.
<> Seis (3º Dir.) - Obrigado! Agradeci ao vizinho tradutor, que estava de saída e que por caso, era do terceiro direito. Ora gaita! Não ficou mais ninguém no prédio para contar histórias.
<> Minto, não é bem assim. Está gente nas águas-furtadas. Ouve-se música e tudo. Só que, infelizmente, não contam para esta história, lamento, mas... acontece que não têm campaínha na porta da rua. "Salvos pela campainha!"- dirão os leitores mais atentos, dos Blogs vizinhos. Ou melhor - "Salvos por não terem campaínha!"


É assim, a gente, é assim a vida da gente de uma qualquer Travessa da Mouraria, na Lisboa de agora.

o Sacrista



Simetria e as Janelas da Sacristia.

SACRISTA do garoto!
Não tem juízo nenhum...
lastimava o meu Avô Hemitério, é mesmo levado da breca, quando crescer vai ser um desatinado, e murmurava um adágio a propósito,
"A soldado e a sacrista, não há amor que lhe resista."


O Sacrista era eu. Mas, pensando bem, acho que o meu primo que estudava no Seminário e que ajudava à missa, durante as férias de Verão, lá na aldeia, era mais Sacrista do que eu. Se eu era um Sacrista ele era um Sacristão, pois então.
Quando ele tomava conta da Sacristia, por vezes, eu ia ajudá-lo a preparar as coisas para a missa. Nessa altura, ele gostava de comer as finas folhinhas de pão de onde se recortavam as óstias - um dia, também provei - eram feitas de pão branco, não havia dúvida, mas não achei nada de especial a não ser, talvez, que tinham falta de sal.
Penso que foi a única vez que "papei" uma óstia.

terça-feira, fevereiro 05, 2008

a Fonte 203r

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Revisitada mais uma vez (a terceira e não será a última vez a ser para aqui chamada) a fonte monumental da Praça D. Pedro IV (Rossio) em Lisboa.

LOVE FOUNTAIN - LOVE LISBON

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

porta verde


Passou por mim no caminho
fugia não sei de quê, desvairada,
vestia um leve casaquinho
amarelo,
que, desapertado, esvoaçava
e corria num desatino pela calçada
tal era a pressa que levava
chocou de frente com a porta
verde
e abrindo-a, entrou de rompante
deixando a rua como morta
cá fora porém desliza um vulto
mal se lhe adivinha o semblante
que fixa, franzindo o sobrolho
na porta, daquele lugar de culto,
onde balança o pesado ferrolho
de cenho carregado, deu um murro
na porta verde por onde entrou o casaquinho amarelo
na minha terra há um adágio, disse num urro,
"Amarelo e verde, é como ranho na parede!"
- E tu para onde é que estás a olhar, ó caramelo?
disse ele para mim. - Para nada, estou de passagem,
vou já embora, é só ir ali à fonte matar a sede.
- Então pira-te, vai andando e Boa Viagem!


domingo, fevereiro 03, 2008

a Salsa


Petroselinum crispum (da família das umbelíferas; ordem das apiaceas; grupo de plantas angiospérmicas, dicotiledóneas, fanerogâmicas, segundo a classificação vulgar de Lineu)

A Bailar La Salsa

Hay tanta violencia en el mundo,
no se puede vivir en paz
Por eso yo invito a la gente
a encontrar
la esperanza, la fe y la amistad
A bailar la salsa que te va a gustar
Ay, qué cosa buena vamos a bailar


Ahora, si te sientes triste

o sufres por penas de amor
Comienza a mover tu cintura,

al compás de esta salsa todo va mejor
A bailar la salsa que te va a gustar
Ay, qué cosa buena vamos a bailar

Para disfrutar en la vida
te puedes dar un bacilón
Olvida los malos momentos riendo,

bailando con esta canción.

(Juan Antonio Labra)

sábado, fevereiro 02, 2008

a Fonte 202


Centro Comercial Colombo, Lisboa.

Fonte de Neptuno, desfocada por força das circunstâncias que se explicam no post de "O Pessoal da Porcalhota"

Janela 18


Atrás destas grades, guarda-se O TEMPO.

O Tempo dos conquistadores de Lisboa.
O Tempo dos cavaleiros desleais à Nação.
O Tempo dos navegadores Portugueses.
O Tempo dos defensores da velha Goa.
O Tempo dos algozes da Santa Inquisição.
O Tempo dos meliantes e outros malteses.

Através destas grades, escorre O TEMPO.

Amanhecer CIII


De volta aos canteiros de flores do meu terraço,
com as cores da república.

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Porta de O Martinho


A porta d'O Martinho da Arcada.

O café dos escritores,
Fernando Pessoa (tem uma aqui mesa permanentemente reservada), Cesário Verde, António Botto, Augusto Ferreira Gomes, António Ferro e Almada Negreiros; agora, passou a ter também uma mesa exclusivamente reservada para José Saramago.

O café dos políticos,
Afonso Costa, Manuel da Arriaga, Bernardino Machado, França Borges e outros bem conhecidos presidentes e ministros dantanho.



Não deve haver muitos, Alfacinhas como eu,
que nunca tenham entrado no café mais antigo de Lisboa, justamente classificado pela União Europeia, no grupo dos mais famosos do velho mundo.

Desta maneira, desconfio que nunca hei-de chegar a ter lá uma mesa permanentemente reservada para mim... Está na hora de lá ir beber um café!

a Fonte 201


Para começar o mês, voltamos à mesma:

outra vez, uma fonte (seca) na Mouraria, sem interesse mais nenhum,
a não ser o primoroso trabalho dos calceteiros, em redor deste chafariz.

É mais uma imagem da velha Lisboa, gentilmente cedida pelo Largo da Achada.

Janela 22

PODE AMPLIAR
Não há só portas e janelas
velhas e gastas,
como as pedras das calçadas
e sujas,
como as paredes das vielas,
cuja caliça se esboroa
em Alfama, na Costa do Castelo,
na nossa velha Lisboa
Afinal, nem tudo é desmazelo.

Poema Esquecido

Praia Grande, Sintra Ao captar esta imagem, criei uma poesia. Decerto, inebriado por um momento de solidão, em que me senti inserido na pai...