domingo, fevereiro 28, 2010

a Fonte 484


Falta dizer que em Porto de Espada se encontra (desde 1901) este Chafariz.

teu riso



Este céu passará e então
teu riso descerá dos montes pelos rios
até desaguar no nosso coração


(Ruy Belo)

sábado, fevereiro 27, 2010

sexta-feira, fevereiro 26, 2010

Il fait froid


Et puis laisse ton coeur ouvert !
Le coeur, c'est la sainte fenêtre.
Le soleil de brume est couvert ;
Mais Dieu va rayonner peut-être!


(Victor Hugo)

a Fonte 483


No Castelo de Marvão,
faz frio e cai neve.

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

a Igreja



Impossível

Eu posso amar-te como o Dante amou,
Seguir-te sempre como a luz ao raio,
Mas ir, contigo, à igreja, isso não vou,
Lá nessa é que eu não caio!


(O Livro de Cesário Verde)

a Fonte 482


Lisboa,
a escassos metros do Largo da Estefânea, o Jardim Cesário Verde, outrora de flora luxuriante, hoje, só tem de verde o apelido do poeta.
«É incrível o estado de degradação em que presentemente se encontra. A Junta de Freguesia de S. Jorge de Arroios não pode invocar desconhecimento até porque a situação está à vista de todos e as reclamações dos "vizinhos" estão lá.
Com sinceridade confesso que - do mediático crítico e embargador de obras da cidade, de uns tempos atrás, o ilustre vereador da CML, Sá Fernandes, com o pelouro do Ambiente, Espaços Verdes e Plano Verde - não esperava melhor.
Quem é um oásis de críticas é, normalmente, um deserto de ideias e de acções.»
(Mário Silva, Lisboa, in SOL de 23 de Agosto)

quarta-feira, fevereiro 24, 2010

Alvorada



E de súbito um corpo!
Alvorada sombria,
Alvorada nefasta envolta nuns cabelos...
Eram negros e vivos. Quem sofria, só de vê-los?
Eram negros e vivos como chamas.
Brilhavam, azulados sob a chuva.
Brilhavam, azulados, como escamas
De sereia sombria, sob a chuva...
Veio cedo de mais a trovoada;
O vento me lembrou, de quem eu sou.
Alvorada suspensa!
Contemplada por alguém que chegou a uma sacada
e à beira da varanda vacilou.

(David Mourão Ferreira)

a Fonte 481


Hei-de lá voltar, à Serra de Portalegre;
havemos de lá voltar,
quanto mais não seja para refotografar,
esta "Fonte dos Amores".

terça-feira, fevereiro 23, 2010

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Beltane



a chaminé da planície
numa tarde de tormenta
abrigo de fogo sagrado
ânimo da festa pagã
do fundo dos tempos,
de Beltane, a divindade
que numa noite violenta
sem receios, nem medos
promovia a entrega total
na construção do amanhã
em relações sem segredos

domingo, fevereiro 21, 2010

a fonte 479

Entre Sto. António das Areias e Beirã,
já no limite norte do Parque Natural de S. Mamede, percorremos uma estradinha de campo, que serpenteia por entre montes de enormes pedregulhos, carrascos, silvados e lameiras relvados e agriões selvagens, em busca de uma Anta local a que chamam a "Laje dos Frades".
Fica perto de um vale por onde corre um pequeno regato com águas de Inverno junto com a linha de comboio do antigo Ramal de Cáceres, que aqui faz demarcação de fronteira, antes de entrar em Espanha.

sábado, fevereiro 20, 2010

Amanhecer CCVIII


Aldeia Beirã

no despertar da noite fria
a vista afunda-se no verde
verde claro intenso, luminoso,
carregado de humidade, vida;

o celebrar da vida
campo de verdura bela,
olhos que nela
vosso repouso tendes;

redecorado de verde seco,
azeitona, o azeite,
o calor, a luz,
o amor da natureza.

sexta-feira, fevereiro 19, 2010

Terra morena

Ó terra morena deitada ao sol
Quero ser a alma do sobreiro
Estática, selvagem, dona da paisagem
Afrontadando o tempo a corpo inteiro


(Rosa Lobato Faria)

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

a Fonte 478

Não importa muito, o que está escrito no frontão desta modesta fonte - mil oitocentos e tal.
Quem quiser muito saber, passa por lá para ver e constatar que vale bem a pena fazer o caminho.
Fica num vale escondido, em pleno Parque Natural da Serra de S. Mamede, abrigado dos ventos do norte pela sombra das altas escarpas que suportam o Castelo de Marvão.

terça-feira, fevereiro 16, 2010

segunda-feira, fevereiro 15, 2010

sambinha


O desfile vai passando animado por baixo das seculares janelas da judiaria;
a música é sempre a mesma - samba - também já não é nova;
como este "sambinha gostoso" que já deve ser tão velho quanto eu - há muitos anos que não ouvia esta musiqueta.

Quem sabe, sabe
Conhece bem,
Como é gostoso
Gostar de alguém.

domingo, fevereiro 14, 2010

a fonte 475


Palha de Abrantes
Toda a gente sabe o que é, quase toda a gente gosta, eu... nem por isso.
Mas, enfim, parámos em Abrantes para a (tradicional) sobremesa, poucos minutos depois do almoço no "Castelo" (Belver), isso sim, coisinhas do meu agrado, uns "peixinhos do rio" fritos, com açorda.
Os donos da casa são dois pescadores do Tejo, ali mesmo em Belver, e como tal, asseguram eles próprios o fornecimento diário de peixe fresco ao seu modesto restaurante.

a fonte 476


Depois da travessia do Tejo, desfilamos pelas estradas raianas, em direcção à Serra de S. Mamede.
Fazemos uma paragem para aconchegar a barriga com uma bifana no pão e uma "mini".
Não vi o nome da terra, nem o do café onde parei, mas como li, de relance, um letreiro algures na rua, que dizia "Katekero" pensei: «ora cá está um nome que já nos habituamos a encontrar por esse país fora, em sítios "de comes e bebes"».
No entanto, acho que o café devia ser o "Fonte Nova", pois é esse o nome da fonte representada no painel de azulejo (obra de Maria José, 2009) que se destaca na parede do salão.
E a terra é Gáfete (estranha acentuação a deste vocábulo), informou-nos a senhora que serviu à mesa a bela bifana de carne de porco temperada "à maneira".
Já agora, acrescento que esta foi uma das 12 Vilas Raianas do Prior do Crato. Chamava-se então, coisa complicada, Vila Nova de S. João Baptista de Gáfete.
E mais uma coisa... até houve um Barão de Gáfete, um homem ilustre cuja casa e busto se conservam (e bem) nesta vila que já foi sede de Concelho.


quinta-feira, fevereiro 11, 2010

vol-au-vent



Retira de mim todo o discernimento
Não quero mais pensar o que fazer
Leva tudo p’ra longe até se não ver
E voltarei a ser um cabeça-de-vento

Recheei um vol-au-vent com frango
Misturado com maionese, para acamar
E coloquei sobre a tampa, a embelezar
Uma folha de hortelã e um morango

Cada dia que passa, sinto-me bem pior
E não quero saber o que está para vir
Tantas vezes que pensei: - devia fugir!
Esperei. Há-de vir um mundo melhor.

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

a Fonte 474

Largo do Mastro (Jardim Gomes Leal)
O chafariz, plano do arquitecto de Lisboa oitocentista, Malaquias Ferreira Leal, foi construido em 1848 no sítio do Chão Salgado, em Belém - era o chafariz nº 23.
Na sua construção foram utilisados componentes materiais esculpidos propositadamente para embelezar o chafariz do Campo de Santana, que nunca chegou a ser construído. São exemplo, os quatro golfinhos(?).

Durante a Exposição do Mundo Português, em 1940, o chafariz foi removido do seu local original para ser colocado onde se encontra hoje.

(?)
Chamar golfinhos àqueles peixes mal encarados... mais parecem Charrocos. Deve ter havido algum engano na descrição deste chafariz que consta no arquivo municipal.

terça-feira, fevereiro 09, 2010

a Fonte 473

Fonte do Ourives (castelo de Vide)

«Castelo de Vide é quase sinónimo de águas, nascentes e fontes.

No século XVIII, há notícias que existiam no termo de Castelo de Vide mais de trezentas fontes, algumas das quais certamente já desaparecidas, mas em contrapartida outras foram surgindo.»

Será o caso desta fonte erigida no centro da Vila em 1889.

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

a ver navios 92

No intervalo de mais uma voltinha a acelerar o aspirador cá de casa,
vou à janela espreitar a nesga de mar que, os prédios erguidos no meu horizonte, já não me deixam abarcar.
No princípio, era assim, podia olhar o mar da minha janela. Só tinha direito a um vislumbre da foz do Tejo, onde ocasionalmente, com o "zoom" da máquina fotográfica no máximo, conseguia captar a passagem de um navio, se fosse daqueles mesmo grandes.
Era uma mania, era, pois! Um vício quase diário, olhar ao longe o meu bocadinho de mar, ainda que, representado por apenas uma estreita faixa entre o céu pintado de azul forte (ou como o de hoje, carregado de escuras núvens de chuva) e o pano de chão esverdeado do vale do Jamor.

Era um prazer. Escolhi morar nesta casa por causa da vista daquela janela virada p'ró mar -  um pequeno privilégio.
Agora, já não dá p´ra ver nada de jeito, mas ainda assim, não se apagou em mim, o impulso que me faz, de quando em vez, chegar à janela e olhar... para nada.

domingo, fevereiro 07, 2010

a Fonte 472

Passeio de fim-de-semana por Castelo de Vide,
uma terra rica em história, cheia de tradições e lugar de magníficas paisagens onde abundam as nascentes de água, algumas delas de excelente qualidade.
Despropositadamente, nesta voltinha pela "Sintra do Alentejo",
trouxe comigo na memória da máquina fotográfica, esta imagem da Fonte de Castelo de Vide, uma nascente que foi explorada industrialmente (até aos anos 70 do século passado) sendo distribuida, não em Garrafas, mas em Bilhas de Barro.
Fazia parte do grupo das afamadas fontes da Água de Caneças.

sábado, fevereiro 06, 2010

Amanhecer CCVI


Começo de um novo dia,
igual a tantos outros,
de outras tantas vidas;
invadidos pela melancolia
memória de penas sofridas,
em terra de desencontros;
vida sem história, repassada
no presente; tempo de solidão;
ali sentado à espera do nada
que vai trazer o futuro, ou não..?

terça-feira, fevereiro 02, 2010

a Fonte 471

Numa de nostalgia.
Esta fonte está ligada a uma parte importante da minha juventude.
A água esguicha(va) para o grande lago dos cisnes que se encontra no ponto mais alto do Parque Delfim Guimarães, mais conhecido por Mata de Benfica.
Fica junto ao velho moínho, forrado de trepadeiras, abrigo do guarda, que ao fim da tarde, tocava a sineta que se encontrava no cimo da parede do moinho, para avisar as pessoas que eram horas de fechar o parque.
Nos meus tempos de estudante, aluno do Colégio Lusitano, saltei vezes sem conta, o muro que era separava o imenso recreio da escola, contíguo à Mata de Benfica.
Passei por aqui, milhares de vezes, durante as minhas deambulações pelos caminhos deste belíssimo Parque.

Guardo bem vivas as memórias dos cheiros, das cores e dos sons, deste parque em todas as Estações do ano - por isso mesmo, noto a falta do arpão na figura que encima o peixe.
Guardo também, algures no fundo de uma gaveta, um Mapa (desde puto que tenho a mania dos mapas) com todos os caminhos da Mata, desenhado em meia dúzia de folhas de papel, coladas com fita-cola.

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Sofrimento


O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.
Aquela pessoa que nunca amou,
não tem por quem sentir saudades,
passou pela vida e não viveu.


Pablo Neruda

Poema Esquecido

Praia Grande, Sintra Ao captar esta imagem, criei uma poesia. Decerto, inebriado por um momento de solidão, em que me senti inserido na pai...