sábado, fevereiro 25, 2006
especial Cristina
Je donne mon temps a ceux qui en ont besoin!
Este pensamento expõe uma extraordinária filosofia existencial. Para quem o escreveu, aqui fica uma paisagem (500x380) inédita, nunca vista, das Azenhas do Mar enquanto eu vou vaguear por estas paragens durante os próximos 5 dias.
- Passem um bom Carnaval. Eu estarei de volta, se tudo correr bem, na Quarta-feira de Cinzas.
sexta-feira, fevereiro 24, 2006
o Jardim
a Casinha
(Casas Saloias - Colares)
Muito adoro a minha casa
Mesmo sendo pobrezinha
Dá-me todo o seu conforto
Dentro dela sou uma rainha
Mas o meu reinado acabou
Sou uma rainha reformada
Descanso de noite e de dia
E de manhã estou cansada
De manhã quando acordo
Logo à mente me vem
P'ra que abro eu os olhos
Se em casa vejo ninguém
Minha casa bem pequenina
Pequenina mas amorososa
Acolhe-me bem dentro dela
Como se eu fosse uma rosa
(memórias de minha Mãe)
quinta-feira, fevereiro 23, 2006
Maria
Talvez
Que Maria se espante
De ser tão louvada
Mas não
Quem por ela se prende
De a ver tão prendada
Prouvera
A Maria sem medo
Crer no que lhe digo
Maria
Nascida no trevo
Beiral do mendigo
Maria
Nascida no trevo
Beiral do mendigo
Maria
De todas primeira
De todas menina
Maria
Soubera a cigana
Ler a tua sina
Não sei
Se deveras se engana
Quem demais se afina
Maria
Sol da madrugada
Flor de tangerina
Maria
Sol de madrugada
Flor de tangerina
(José Afonso)
a despedida
Em tempos que já lá vão
nós dois unidos num só
fizemos o milagre da vida
passámos então a ser três
Depois, aumentando a união
ficámos de novo como só um
e dez anos assim passaram
o tempo todo só para sentir
nem pensar nem reflectir.
Nada se sobrepõe ao instinto
do que toda gente sabe fazer
e aquele perfeito três em um
logo, logo passou para quatro.
Desfeita a contagem primordial
como diz o povo na sua sabedoria
"Três foi a conta que Deus fez"
e foi assim que a união se desfez.
Mas outros tempos hão-de vir
por isso vamos tentar de novo.
É a hora de alguém partir, eu!
Os mais velhos dão o exemplo.
quarta-feira, fevereiro 22, 2006
poesia minha
(a foz do Tejo)
fazer poesia sem escrita nem medida sem tempos nem verbos só com ideias e pensamentos;
sentimentos virados para fora desta velha carcassa que se ressente, não presta e não aguenta,
de aperceber tanta vida à sua volta, todo o fulgor, em todo o redor o mundo cheio de vigor;
quase sem pensar, não consigo, é vicioso rimar e perseguir um objectivo - eu desligo!
desencontro
(a caminho do magoito)
Pois, assim não dá.
Vê lá bem a coisa:
Eu virado para cá,
tu voltada para lá!
Pensa lá outra vez:
Qual de nós os dois
Será que tem razão?
Temos ambos e depois?
O que interessa agora,
saber quem mais sofre?
Eu só penso ir embora
decidi assim de xofre!
Porquê, para quê, sim ou não?
Perguntas todas sem resposta.
A vida são apenas umas voltas
sem nunca sair do mesmo lugar,
sempre ao sabor dos sentimentos
ventos de paixão e desilusão.
Tempos de amor e ódio,
velas de rancor e desejo,
frustração e entusiasmo,
sofrimento e desalento!
(não sei porque escrevi isto?) Bem, eu sei... mas não digo.
a Eternidade
terça-feira, fevereiro 21, 2006
a Lenha
(Colares e a Serra de Sintra)
Essa lenha pobre e seca,
Que se entrega com bondade,
É sugestão do caminho
E exemplifica a humildade.
Já pensaste em seu passado?
Um lenho seco... que era?
Talvez o galho mais lindo
Dos dias da primavera.
No entanto, missão de auxílio,
Com santa resignação,
Não se nega a cooperar
Nas máquinas a carvão.
(original em Esperanto)
la Ligno
(Colares e Serra de Sintra)
La brulligno veike seka,
Sindone sin oferanta,
Estas sugesto sur vojo
La humilecon pruvanta.
Seka brulligno... kaj antaú?
Kio en pasinta tempo?
Eble Ia plej bela branco
De I' tagoj de Ia printempo.
Tamen dum helpa misio
Kun rezigno kaj abstino,
Ne rifuzas kunlabori
Ec en Ia karbomasino.
[Casimiro Cunha(?),1981]
o Moinho
Eu e Ela
Cobertos de folhagen, na verdura
O teu braço ao redor do meu pescoço,
O teu fato sem ter um só destroço,
O meu braço apertando-te a cintura;
Num mimoso jardim, ó pomba mansa,
Sobre um banco de mármore assentados,
Na sombra dos arbustos, que abraçados
Beijarão meigamente a tua trança,
Nós havemos de estar ambos unidos,
Sem gozos sensuais, sem más ideias,
Esquecendo p'ra sempre as nossas ceias,
E a loucura dos vinhos atrevidos
Nós teremos então sobre os joelhos
Um livro que nos diga muitas cousas
Dos mistérios que estão p'ra além das lousas,
Onde havemos de entrar antes de velhos.
Outras vezes buscando distracção,
Leremos bons romances galhofeiros,
Gozaremos assim dias inteiros,
Formando unicamente um coração.
(Cesário Verde)
segunda-feira, fevereiro 20, 2006
Cores de inverno
domingo, fevereiro 19, 2006
outro dia
Mau tempo
Foi terrível o temporal da noite passada.
Assustadoras rajadas de vento, arrancaram árvores, destruiram construções mais frágeis e fizeram descer o fumo pelas chaminés abaixo, fazendo a noite ainda mais fria, sem o conforto da lareira em casa.
O crepitar das brasas no lume de lenha foi substituido pelo matraquear das gotas de chuva e granizo empurradas contra as vidraças pelos remoinhos de vento. Portas e janelas tremeram toda a noite.
De manhã, junto à Praia, o sol aberto, o dia claro, o mar azul - parece que não aconteceu nada!!!
sábado, fevereiro 18, 2006
Janela para ver (5)
Porque chovia, eu Fotociclista procurei abrigo
no interior do que restava daquela velha casa em ruínas.
E ali mesmo, sobre a falésia das Azenhas do Mar,
descobri outra janela, uma janela com falta de um vidro.
Lá fiz uma fotografia que não resultou, pois não se percebe
que falta só um vidro, nesta janela, parece que faltam todos.
Mas não faz mal, porque o tempo melhorou, descobriu o sol
e transformou a janela numa moldura cheia de verdes e azuis;
cores radiosas, esplendorosas...
amanhecer 5
sexta-feira, fevereiro 17, 2006
autrement
Dizem,
Podia ter escolhido outro caminho.
Podia ter andado mais devagarinho.
Podia ter feito melhor percurso.
Podia ter sido mais direitinho.
Podia ter passado mais obstáculos.
Podia ter evitado alguns escolhos.
Pois podia, e agora?
Só se pode escolher uma vez.
E depois é sempre a andar.
Não há maneira de voltar atrás.
A vida é um caminho só de ida.
Não tem regresso, só progresso.
Pode é ser Bom ou nem por isso.
Como dizem, "seja o que Deus quiser".
Ou então, "foi como Deus quis".
Pois que seja, mais ou menos isso.
Que mais posso fazer... agora?
Nada, como diz o Sérgio Godinho e o "coro das velhas:
- Cá se vai andando com a cabeça entre as orelhas!"
E o que a gente sabe ao certo, é que,
Quem vai não volta!
agressividade
- Aquelas pessoas de pelo na venta, que passam a vida enervadas, arreliadas, discordando sempre, embirrando com tudo e com todos, até não haver mais ninguem com paciência para os aturar.
- Sempre com eternas queixas, invejosos crónicos, que vivem toda a sua vida complicando e causando problemas a todos aqueles que têm o azar de algum dia se cruzar com eles.
- Pessoas mal formadas, provocatórias, intimidatórias, que vivem mal consigo próprias e despejam toda a sua violência interior, em cima de todos os incautos que apanham pela frente.
(proposta de "1001 Maneiras de Poupar" - um blog interessante)
quinta-feira, fevereiro 16, 2006
agonia
Ali, depois de acordado,
co rosto banhado em água,
deste sonho imaginado,
vi que todo o bem passado
não é gosto, mas é mágoa.
Luís de Camões, disse, escreveu, mas sentiu? Talvez não!?
Mas eu sei...
É triste, é mais que mágoa, é pior que tudo, acordar para uma realidade que, contra a vontade, contra o sentimento, se recusa ver, perceber, aceitar, confirmar o que de há muito se receia ser verdade - 20 anos passados, na esperança de serem gostosos, foram afinal sofrimento, tormento.
Ó agonia, ó máxima frustação... e agora? Não há nada a fazer, não há volta a dar, não há regresso e frustração não serve para ninguém.
Então, em frente é que é preciso, sem levar rancor, nem nada, nada disso, apenas...
desalento... é tudo o que resta.
Que se lixe, quem mandou ser besta.
la dame
quarta-feira, fevereiro 15, 2006
amanhecer 4
amanhecer 3
... e depois, o Sol eleva-se mais e mais mudando aos poucos o
resultado do jogo de luz e sombra, desafio entre a terra e o céu.
O Sol irá descer acompanhando as águas deste Rio,
para se afundar no Mar lá mais abaixo, na Praia das Maçãs.
Ao mesmo tempo a fresca brisa do Atlântico, que vem subindo o Vale
em busca do calor que o Sol aqui foi entregando ao longo do dia,
vem depositar as gotas de humidade para renovar a água que é a fonte da vida.
amanhecer 2
Aqui neste lugar, em qualquer estação do ano,
o amanhecer parece sempre anunciar a Pimavera.
A luz difusa na névoa de humidade, as cores da erva, árvores e flores e... os reflexos.
Aparecem diamantes com os raios de luz nas gotas de orvalho.
O ar fresco, macio, limpo, lavado e parado e... os odores.
O cheiro de flores, de relva fresca, de terra molhada, do lume de lenha das lareiras.
amanhecer 1
autoretrato 2
no limiar do tempo
resta um fugaz reflexo
de vida para aproveitar
encontros de luz e de cor
vou continuar a fotografar
hoje no frio, amanhã no calor
sem me importar com o nexo
que se lixe quem não gostar
terça-feira, fevereiro 14, 2006
man's world
segunda-feira, fevereiro 13, 2006
da vida
domingo, fevereiro 12, 2006
a Papoila
Vermelhinha
Ainda há dias falávamos nas papoilas, flores livres.
Pois hoje mesmo, encontrei esta que aqui vemos, surpresa, no meio do verde. Mais uma outra ainda e mais uma meia dúzia delas soltas, ali naquele terreno baldio do meu bairro, não muito longe do mar.
Extraordinário este clima da Praia das Maçãs, mal está a terminar o Inverno e começa já o Verão?
Fim da terra
Cascais
Acabava ali a Terra
Nos derradeiros rochedos,
A deserta árida serra
Por entre os negros penedos
Só deixa viver mesquinho
Triste pinheiro maninho.
E os ventos despregados
Sopravam rijos na rama,
E os céus turvos, anuviados,
O mar que incessante brama...
Tudo ali era braveza
De selvagem natureza.
(Almeida Garrett)
sexta-feira, fevereiro 10, 2006
flores 1979
morte amarela
quinta-feira, fevereiro 09, 2006
o Trangolomango
Eram nove irmãs numa casa
Uma foi fazer biscoito;
Deu o tangolomango nela,
Não ficaram senão oito!
E as meninas, uma de cada vez,
vão saindo da brincadeira até que só fica uma:
Era uma, meu bem, que ficou
Meteu-se a comer feijão;
Deu o tangolomango nela,
Acabou-se a geração!
(lenga-lenga, brincadeira de crianças no Brasil)
Janela do Tempo
O tempo que falta
o tempo que não tenho
cada dia fica mais tarde
hoje já passou a hora
amanhã será ainda pior
mais cedo, mais tarde,
não importa o que passa
Pelo tempo que não existe.
é invenção, é manigância
o truque para nos fazer sentir
que precisamos viver hoje, agora
e depois uma e outra vez para... nada.
Devia haver segunda vez para tudo
uma vez nesta vida... e uma vez
numa outra vida qualquer
ou talvez não, sabe-se lá?
Claro, isto está complicado
de decidir, dormir ou não
são três e meia da manhã
e vê-se logo que já não dá
não digo nada de jeito
tenho fome, tenho sede
deve ser esse o problema
falta de açúcar no cérebro
a glicémia está em baixo
ah! finalmente o sono!
quarta-feira, fevereiro 08, 2006
o Inverno
Estou a ficar farto deste Inverno.
Basta já. Tenho frio por dentro.
Angústia é o sentimento da época.
Lá fora, o dia é de sol, céu limpo.
Cá dentro, o temporal aproxima-se,
Nuvens negras cobrem o horizonte,
Sinto necessidade de me aconchegar
Recolher-me na concha bem fechada.
Concha, ostra, ostracismo, é isso!
Aquietar-me ainda mais num casulo
Permanecer numa espécie de torpor
Como a crisálida em metamorfose.
(Tempos Difíceis, de Outro Eu)
terça-feira, fevereiro 07, 2006
os Astros
SAGITÁRIO
SAÚDE: Colhe boas influências ainda que tenda a dramatizar pequenos e transitórios problemas.
AMOR: Prepare momentos a dois, períodos de romance; quebre rotinas e alimente uma relação.
DINHEIRO: Desenvolva com limites bem definidos actividades por conta própria mas sem pressas.
HORA MAIS PROTEGIDA: 15h ás 17h
(Previsões da minha prima Maya, para o hoje)
Redondilhas 1
segunda-feira, fevereiro 06, 2006
Rio abaixo
Por este rio acima
Por este rio acima
Deixando para trás
A côncava funda
Da casa do fumo
Cheguei perto do sonho
Flutuando nas águas
Dos rios dos céus
Escorre o gengibre e o mel
Sedas porcelanas
Pimenta e canela
Recebendo ofertas
De músicas suaves
Em nossas orelhas
leve como o ar
A terra a navegar
Meu bem como eu vou
Por este rio acima
(Fausto Bordalo Dias)
a Eternidade
A Eternidade
De novo me invade.
Quem? – A Eternidade.
É o mar que se vai
Como o sol que cai.
Alma sentinela,
Ensina-me o jogo
Da noite que gela
E do dia em fogo.
Das lides humanas,
Das palmas e vaias,
Já te desenganas
E no ar te espraias.
De outra nenhuma,
Brasas de cetim,
O Dever se esfuma
Sem dizer: enfim.
Lá não há esperança
E não há futuro.
Ciência e paciência,
Suplício seguro.
De novo me invade.
Quem? – A Eternidade.
É o mar que se vai
Com o sol que cai.
(Rimbeau, tradução de A. Campos)
Novo Blog
- A Imagem para o novo blog a nascer algures na blogosfera.
- O Nome (?) não terá nada a ver com o Objectivo.
- O Objectivo está bem definido:
- A Objectiva será a do nosso Fotociclista.
domingo, fevereiro 05, 2006
To a Lady
With The Poems of Camoëns
This votive pledge of fond esteem,
Perhaps, dear girl! for me thou’lt prize;
It sings of Love’s enchanting dream,
A theme we never can despise.
Who blames it but the envious fool,
The old and disappointed maid;
Or pupil of the prudish school,
In single sorrow doom’d to fade?
Then read, dear girl! with feeling read,
For thou wilt ne’er be one of those;
To thee in vain I shall not plead
In pity for the poet’s woes.
He was in sooth a genuine bard;
His was no faint, fictitious flame.
Like his, may love be thy reward,
But not thy hapless fate the same.
(Lord Byron)
sábado, fevereiro 04, 2006
e parou
(pôr-do-gato ao sol-no-Tejo)
aperfeiçoar, afeiçoar, o que falta, o resto, o tempo que não tem paragens, não ficamos à espera de nada mais que tão somente uma lenta agonia que suporta a criatividade na estação das palavras que me saiem pela sensação do que entra pelos sentidos semi despertos de todo o resto que rodeia esta incdescritível actividade extra-sensorial que liga os sons às palavras que se formam no labitinto da imaginação e vão fluindo, saltando para as mãos que traduzem e... parou, parou, não dá mais, fiquei trespassado, chiça, oiço a Bábá Guimarães, não, não suporto, não aguento, é demais a intelectualite aguda dessa mulher!!!
(esta era para amanhã, mas acabou assim, mesmo antes de nascer)
sexta-feira, fevereiro 03, 2006
gosto de mar
Gosto de barcos, gosto do mar,
gosto de fotografar, fixar e rever
as imagens, as curvas das ondas,
o recorte na linha do horizonte,
as chaminés, os mastros, as velas,
das silhuetas que transportam vida
sobre as águas, ou a morte afogada
em salgada água ou em negro alcatrão.
Gosto dos rios, ainda mais que tudo,
gosto de subir às nascentes e partir
percorrendo na descida até à foz
aldeias, vilas e cidades à beira-rio.
Depois, chegar ao mar e esquecer
a terra, a fonte, a serra, o monte
e ficar a olhar o infinito horizonte
onde o magnífico sol vai esmorecer.
(poesia livre, sem dono, sem rima, sem métrica, com sentido, eu escrevi)
a Roda
(A Roda do Tempo)
A profunda proposta filosófica do post anterior, deixou a minha cabeça para aqui às voltas, à roda, pensamento amarrado àquelas ideias:
- A nossa ligação à vida vai enfraquecendo com o tempo - física, fisiológica, material.
- A nossa ligação ao passado vai fortalecendo com o tempo - mental, psíquica, espiritual.
As coisas esquisitas que o ser humano* consegue fazer... a isto chama-se reflexão, a gente vira o olhar do pensamento para dentro de nós e recebe um reflexo que depois "bota" cá para fora, falando, escrevendo, pintando ou esculpindo (não é cuspir).
(*) não sabemos se os cães, ou os gatos, os crocodilos, as avestruzes ou até mesmo as vacas, as cabras e as mulas, também sabem reflectir; o que sabemos é que eles não conseguem transmitir cá para fora, para nós, o resultado dessa actividade; não falam, não escrevem, não pintam, não esculpem.
Pois... esculpem lá esta seca, vou reflectir para outro lado.
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