Fonte Mourisca, 1922, Vila de Sintra
quarta-feira, fevereiro 28, 2007
Dificuldade
Barreiras, obstáculos, atravessam o caminho;
perigos, ameaças, apertam o percurso;
em cada dia é maior a dificuldade;
avançar, progredir é muito complicado;
recuar, regressar não é mais solução;
a memória já mal responde à recordação;
parado, quieto, mudo e quedo, seco;
imóvel, como uma amiba fora de água;
sensibildade congelada, pensamento desligado;
a deixar o tempo escorrer:
- E o tempo, passa;
e a vida, passa!
terça-feira, fevereiro 27, 2007
Marasmo
Estou calmo, mas não tranquilo.
É aparente, a auréola de quietude que me rodeia.
Há qualquer coisa em agitação permanente, às voltas cá por dentro.
Estou num desassossego indescritível, sinto uma angústia que não quero explicar.
Não mostro outra coisa que não seja apatia.
Calmo, mas tenso.
Tão ansioso que nem sinto o que penso.
sábado, fevereiro 24, 2007
sexta-feira, fevereiro 23, 2007
Nas Rodas do Outro Tempo
Se és um bom amigo,
entra que a casa é tua.
Se não és também te digo,
É bem melhor ficares na rua!
(diz a Laurinha)
Homenagem
Verdes são os campos
Da cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.
Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De erva vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração
(Estátua de Zeca Afonso, no Parque Central da Cidade da Amadora)
quarta-feira, fevereiro 21, 2007
meia porta
a Fonte 66
domingo, fevereiro 18, 2007
no Adro
sábado, fevereiro 17, 2007
Amanhecer LVIII
sexta-feira, fevereiro 16, 2007
a Fonte 65
Não tem estilo nenhum, nada de especial;
não está bem conservada, mas não faz mal;
não corre água, mas também não faz falta.
Fica num recanto da Vila de Sintra,
atrás de uma Casa de Cantoneiros,
muito perto do local onde sobrevive,
à custa, uma coisa famosa e asquerosa:
a drag queen de Sto. António dos Cavaleiros,
que graças a uma figura do Jete Sete nacional,
(ligada à Porcalhota e a Caneças, por sinal)
foi elevado(a) a Conde, o(a) José Castelo Branco.
Vista daqui 20
quinta-feira, fevereiro 15, 2007
a Fonte 64
quarta-feira, fevereiro 14, 2007
Vista daqui 10
Mangona, um nome que ficava bem a este gato (ou gata) que como tantos outros bichanos tipicamente alfacinhas (ou alentejanos) faz questão de de nos dedicar um desprezo total, gozando a sua indolência, lazeira, preguiça.
Felino vadio, indiferente aos humanos que apreciam a magnífica vista daqui, sobre a cidade, sentados numa bela esplanada da Costa do Castelo (bem perto do Chapitô) na calmaria duma tarde quase domingueira, isolados do báratro do trânsito da Baixa.
Aqui mesmo por baixo do gradeamento, nas Escadinhas de S. Crispim, um Pintassilgo saltita dentro duma gaiola pendurada na parede do lado de fora da janela.
A mangona do gato (gata) é só fachada, quer dizer, é só por fora, p'rá fotografia, porque lá por dentro, todos os sistemas estão preparados para o salto - aqueles olhilhos, não enganam ninguém, fixam a gaiola, acompanhando todos os movimentos do passarinho, à espera de... enfim, nunca se sabe, a terra por vezes treme, as paredes abanam.
a Fonte 63
Para mim, foi uma espécie de Fonte dos Amores.
O Chafariz na Rua das Janelas Verdes - Lisboa.
Não sei (ainda) como se chama ou que figuras estão nele representadas.
Nunca pensei nisso, quando andava por ali, em redor, já lá vão... uns quantos anos.
O meu olhar, o meu pensamento, pousavam noutras figuras, nesse tempo.
Nem tão pouco me recordo se ele deitava água ou não.
Fica bem aqui, neste dia que resolveram dedicar aos Enamorados.
terça-feira, fevereiro 13, 2007
Vista daqui 9
Nevoeiro, lá fora.
Onde? Não sei, não se vê quase nada.
Parece que, nem sei onde é que estou, aqui na minha janela.
Onde? Não sei, não se vê quase nada.
Parece que, nem sei onde é que estou, aqui na minha janela.
Estranha tarde, em que o ar é denso, espesso, quase opaco.
Lá ao longe, não se vê o horizonte - sem horizonte, não há futuro.
Lá em baixo, não se vê o chão - sem chão, ficamos inseguros.
Lá em cima, não se vê o ceu - sem o ceu, a vida é um inferno.
Com este nevoeiro, parece que tudo parou - o ar, o tempo, até a vida.
Sem futuro, sem terra, sem esperança - desta maneira, não estou vivo.
as ajudas
Bom, parece que, vamos recorrer à ajuda estes dois grandes guindastes para conseguir fazer levantar O Bicho lá do fundo do abismo;
bem fundo, desta vez, o precipício, onde se deixou cair;
e ninguém sequer imagina, o quanto, lhe tem custado;
a energia gasta, em actividades, para disfarçar esse estado;
- porque?
porque estava muito distraído e o empurraram;
quando os encontrões vêm de onde menos se espera, é mais complicado;
quando alguém de quem a gente gosta, nos manda pela ribanceira abaixo...
segunda-feira, fevereiro 12, 2007
a Fonte 61a
- Pronto? Vamos, Mano, AGORA FORÇA!!!
- Estamos decididos a tirar OBicho Pai do poço.
- Desta vez, Miama, ele está muito lá em baixo.
- Pois, UFA! Foi mesmo até lá ao fundo.
- E custa muito a subir. Pesa que se farta!
- É verdade, Bilo, quanto mais velho pior.
- O quê? Os velhos ficam cada vez mais pesados?
- Não é bem assim. As quedas são mais perigosas nos mais velhos.
- Ah! E depois também custam cada vez mais a levantar-se.
- Ora aí está, percebeste - é a falta de força... de vontade.
- É isso. Eles acabam por não ajudar, a quem os quer levantar.arrumar ideias
Diz-me um amigo:
- "Por vezes há que fazer uma pausa para arrumar as ideias, antes de continuar..."
E eu a matutar:
- "Ando há 58 anos a tentar arrumar as idéias e ainda nem consegui, pelo menos, arranjar maneira de não tropeçar nas tralhas que vou amontoando na despensa, temporariamente, antes de as mandar, em definitivo, para o lixo."
domingo, fevereiro 11, 2007
a Fonte 61
- Ummm, não sei, achas que vamos conseguir?
- Bora lá, maninha, não se perde nada em tentar!
- Isso é verdade, mano, mas a coisa está bem difícil.
- Então? Dizem-me sempre que só é preciso, força e vontade!
- Pois aí é que está, o problema é mais esse - força de vontade.
- Não percebo, mas não interessa, vamos experimentar!!!
- Vamos, nós os dois conseguimos tirar o Pai do fundo do poço.
Vista daqui 8
A depressão.
A solidão.
A depressão que se disfarsa na solidão.
A solidão que acentua a depressão.
A solidão que paira por cima da minha rua - às cinco da manhã - no nevoeiro denso.
A depressão que me faz ver as sombras da noite - às cinco da manhã - sozinho, acordado.
E a depressão entra pela minha solidão a dentro e faz-me gelar o pensamento.
E sinto o frio da madrugada, que transborda dos meus tristes sentimentos, para a rua.
E o frio, reflectido na parede de nevoeiro, da rua deserta, entra pelas janelas da alma.
Queria só fechar os olhos e dormir sem sonhar; e daqui a nada acordar; e tudo encontrar diferente.
Ah, como eu queria aprender a ser gente...
de mal a pior
sábado, fevereiro 10, 2007
a Fonte 60
Esta é na Buraca.
Aqui mesmo ao pé, toda a gente conhece, o "David da Buraca" e o "Manel dos Tachos".
Se não conhecem, ainda estão a tempo. Mas é preciso dizer, que longe vão os tempos em eram pequenas tascas que serviam, apenas ao almoço, uns quantos clientes apreciadores da boa comida.
Hoje, são grandes restaurantes, com cozinhas industriais, preparadas para atender muita gente, muitas famílias de uma vez.
Já ouviram dizer que "a quantidade é inimiga da qualidade".
Amanhecer LVII
sexta-feira, fevereiro 09, 2007
uma rapariga
A uma rapariga
Abre os olhos e encara a vida! A sina
Tem que cumprir-se! Alarga os horizontes!
Por sobre lamaçais alteia pontes
Com tuas mãos preciosas de menina.
Nessa estrada de vida que fascina
Caminha sempre em frente, além dos montes!
Morde os frutos a rir! Bebe nas fontes!
Beija aqueles que a sorte te destina!
Trata por tu a mais longínqua estrela,
Escava com as mãos a própria cova
E depois, a sorrir, deita-te nela!
Que as mãos da terra façam, com amor,
Da graça do teu corpo, esguia e nova,
Surgir à luz a haste de uma flor!...
(o melhor de, Florbela Espanca)
Fado Portugal
O Fado nasceu um dia,
quando o vento mal bulia
e o céu o mar prolongava,
na amurada dum veleiro,
no peito dum marinheiro
que, estando triste, cantava.
Ai, que lindeza tamanha,
meu chão , meu monte, meu vale,
de folhas, flores, frutas de ouro,
vê se vês terras de Espanha,
areias de Portugal,
olhar ceguinho de choro.
(José Régio)
quando o vento mal bulia
e o céu o mar prolongava,
na amurada dum veleiro,
no peito dum marinheiro
que, estando triste, cantava.
Ai, que lindeza tamanha,
meu chão , meu monte, meu vale,
de folhas, flores, frutas de ouro,
vê se vês terras de Espanha,
areias de Portugal,
olhar ceguinho de choro.
(José Régio)
quinta-feira, fevereiro 08, 2007
Vista daqui 7
Cheguei a casa tarde e a más horas.
De madrugada, já são quatro e tal.
..
Fui à janela para olhar a lua
e pasmei, apreciando o luar.
e cortando o silêncio da rua,
um melro resolveu chilrear.
Eu ouvi um passarinho
às quatro da madrugada
cantando lindas cantigas
à porta da minha amada.
Por ouvir cantar tão bem
a minha amada chorou...
Às quatro da madrugada
um passarinho cantou.
(moda alentejana)
a Fonte 59
Vista daqui 6
quarta-feira, fevereiro 07, 2007
a Fonte 58
autoretrato 16
Olha eu, era assim, ainda não há muito tempo,
apenas há dois anos, o que é isso, dois anos, um nada,
um lapso de tempo, não sabemos o que é, o tempo,
se calhar até nem existe, o tempo, é invenção,
é um relógio, é um calendário, é a Primavera,
é o Verão, a maré-baixa, o regreso, a despedida,
o adeus, talvez nunca mais, veremos,
existo... ou talvez não,
mas há mais marés que marinheiros,
esperamos, somos todos esperança, o que mais?
Somos tudo e mais alguma coisa e, simultaneamente,
nada, mesmo nada, não mais do que um relâmpago.
Quem o diz - alguma coisa que ainda sou eu.
Não sei por quanto tempo?
Mas, também acho que inguém sabe,
(nem mesmo a minha prima Maya)
por muito que muita gente gostasse.
Uma coisa eu sei:
estou à beira do nada, na borda do buraco sem fim,
num equilíbrio que não tem razão de existir.
Já devia ter caído, não sei porque ainda não?
Quem me sustém:
quem eu gosto, muito,
às vezes, até mesmo eu.
Quem me empurra:
quem eu quero, muito,
preferia até, não ser eu.
Vou ficar por aqui, por agora...
queria dizer mais, muito mais!!!
Depois.
Agora, vou reencontrar um amigo,
um daqueles de sempre, bem antigo.
Por isso (com licença, desculpem lá),
mas vamos fechar aqui, este postigo.
segunda-feira, fevereiro 05, 2007
Vista daqui 5
Não quero ver o pôr-do-sol
fecho a cortina e recolho à penumbra
imagino,
hoje estará um fim da tarde sensacional
com aquelas cores mais quentes co sei lá,
na Praia de Algés, na barra da Cruz Quebrada,
na foz do Tejo ou mais p'ra lá, noutra Praia mais ocidental.
Há quanto tempo, não dou um passeio à beira-mar?
Há quantos dias, não respiro um ar fresco, livre de fumos?
Quando foi a última vez que ouvi o marulhar das ondas,
que aspirei o ar que sai de dentro das bolhas da espuma,
rebentando como bolas de sabão, ao tocar na areia,
libertando o cheiro forte, saturado de iodo e sal,
fervilhando... de saudades de mar.
sábado, fevereiro 03, 2007
Amanhecer LVI
Uma luminosa manhã de Primavera em Colares.
Só agora reparei que falta o sino
no campanário da Escola Primária.
(roubadram a sineta ?)
sexta-feira, fevereiro 02, 2007
Poeta Alentejano
Subi acima duma árvori
Para ver se te via.
Como nã te vi,
Desci-a.
Trepei a um êcalitro,
Com tê retrato na mão.
Desencalitrê-me lá de cima,
Malhê com os cornos no chão.
(poesia popular)
quinta-feira, fevereiro 01, 2007
a Fonte 57
Inventar o amor (2)
Eu diria, "Reinventar o Amor", é preciso com caracter de urgência.
Em letras enormes do tamanho
do medo da solidão da angústia
um cartaz denuncia que um homem e uma mulher
se encontraram num bar de hotel
numa tarde de chuva
entre zunidos de conversa
e inventaram o amor com caracter de urgência
deixando cair dos ombros o fardo incómodo da monotonia quotidiana
Um homem e uma mulher que tinham olhos e coração e fome de ternura
e souberam entender-se sem palavras inúteis
Apenas o silêncio A descoberta A estranheza
de um sorriso natural e inesperado..
(Daniel Filipe)
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