quarta-feira, janeiro 04, 2006

a Memória


A Melhor Parte da Nossa Memória está Fora de Nós

As recordações de amor não constituem uma excepção às leis gerais da memória, também ela regida pelas leis do hábito. Como esta enfraquece tudo, o que mais nos faz lembrar uma pessoa é justamente aquilo que havíamos esquecido por ser insignificante e a que assim devolvemos toda a sua força.
A melhor parte da nossa memória está deste modo fora de nós. Está num ar de chuva, num cheiro a quarto fechado ou no de um primeiro fogaréu, seja onde for que de nós mesmos encontemos aquilo que a nossa inteligência pusera de parte, a última reserva do passado, a melhor, aquela que, quando se esgotam todas as outras, sabe ainda fazer-nos chorar.


La meilleure part de notre mémoire est hors de nous.

Or les souvenirs d'amour ne font pas exception aux lois générales de la mémoire, elles-mêmes régies par les lois plus générales de l'habitude. Comme celle-ci affaiblit tout, ce qui nous rappelle le mieux un être, c'est justement ce que nous avons oublié (parce que c'était insignifiant, et que nous lui avons ainsi laissé toute sa force).
C'est pourquoi la meilleure part de notre mémoire est hors de nous, dans un souffle pluvieux, dans l'odeur de renfermé d'une chambre ou dans l'odeur d'une première flambée, partout où nous retrouvons de nous-mêmes ce que notre intelligence, n'en ayant pas l'emploi, avait dédaigné, la dernière réserve du passé, la meilleure, celle qui, quand toutes nos larmes semblent taries, sait nous faire pleurer encore.

(Marcel Proust)

3 comentários:

Anónimo disse...

É pena a nossa memória deixar de ter memórias.A senilidade é isenta de lágrimas,na minha opinião é o pior que pode acontecer ao ser humano.Tens razão ao dizeres que essas memórias, deixam por vezes deslizar uma lágrima de saudade de algo que nos tocou profundamente.E é muito bom , e muito nosso.Beijinhos da Maria

Rita Inácio disse...

Saudade...
É o que este blog me provocará a partir de hoje..., e quando me lembrar da palavra memória, lembro-me do espaço que avivou as minhas memórias de criança...

Anónimo disse...

ler todo o blog, muito bom

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