segunda-feira, setembro 30, 2013

O Regresso do Tempo



 (CASTELO DE VIDE)

O regresso do tempo em que procuro dentro de mim uma saída,
uma janela para o vida revivida, no outono que me preenche...
na falta de ar que me sufoca; até os pensamentos estrangulados,
já não conseguem fazer sentido para quem quer que os aperceba...

estou a voltar ao tempo em que escrever era preciso, para viver,
fazia-me tanta falta como comer e beber; caminhar era imperioso...
a vida não ficava à minha espera em casa; ela estava em cada esquina,
sem saber porquê, sem me avisar, todo o tempo era suposto gastar.

sexta-feira, agosto 30, 2013

a fonte 645




Vila Nova de Gaia

Caves de Vinho do Porto OFFLEY
Onde hoje corre água, passou durante alguns séculos muito Néctar dos Deuses,
uma parte dele, certamente ainda hoje bem guardado nos Toneis destas caves.

quinta-feira, agosto 29, 2013

a fonte 644



Vila Nova de Gaia

Um belo recanto com vista para o Douro (Ponte D. Luis I) e o Porto,
no jardim da entrada das Caves do Vinho do Porto TAYLOR'S,

segunda-feira, agosto 26, 2013

a fonte 642



Chafariz do Campo da Feira (BARCELOS)
Em pleno centro do terreiro onde se realiza, sempre à quinta-feira, a feira de Barcelos, uma bela fonte foi desenhada por João Lopes e construída em 1621.
Trata-se de um tanque redondo, sobre o qual se podem ver duas espécies de taças. No cimo da coluna central, mesmo por debaixo do cata-vento, vemos as armas reais e o primitivo brasão de Barcelos, no meio de águias.
O tanque, é ladeado por quatro fontes separadas por outras tantas escadarias. Nessas fontes, as saídas de água são nas bocas de máscaras trágicas em pedra.

sexta-feira, agosto 23, 2013

A fonte 641



Chafariz do Largo da Porta Nova (Barcelos)

Uma das 7 maravilhas desta cidade - foi transferido em 1732, do Mosteiro de Vilar de Frades para este local - frente à Igreja do Senhor da Cruz.
No topo encontra-se a imagem de S.João Evangelista, padroeiro do dito mosteiro.

sábado, agosto 17, 2013

A FONTE 615 (RECUPERADA)



FELITEIRA (Oeste)

Trinta anos depois desta fotografia do grupo, que esconde por completo a fonte que ainda existe no mesmo local, na rampa em frente do Restaurante "O LABREGO".
Alguns dos amigos desta imagem, nunca mais os voltei a ver, nem aqui nem noutro lugar; presumo que eles não tenham voltado aqui depois desse dia;outros penso que nem nunca mais voltarão;eu, ainda vou passando por lá de vez em quando, mas... cada vez com menos vontade de reviver esse dia de há 30 anos.

sexta-feira, maio 24, 2013

a fonte 639


BRAGA

O Claustro (séc. XIX) da Sé de Braga,
não poderá ser abrangido pelo ditado popular, porque, em boa verdade ele não é, nem nada que se pareça, tão antigo como a Sé de Braga (séc. XI).

quarta-feira, maio 22, 2013

Mais que velho



Nunca me canso de viajar pelo nosso país. Observar, fotografar, sentir.
Desta feita, viajei no tempo ao revisitar Braga.

Pela primeira vez espiolhei (a meu gosto, como raramente me deixam fazer, sem guia turístico) todos os recantos do templo principal e anexos da Basílica primordial (*) da Península Ibérica. Ao que dizem, foi fundada por São Tiago antes mesmo de este rumar a Compostela.

Aqui entendo que a expressão popular «Mais antigo que a Sé de Braga!» faz todo o sentido. Não se encontra em Portugal um templo cristão parecido - este pesadelo, remendos de arquitecturas, é mais antigo do que a própria nacionalidade.
Por falar em Nação, aqui mesmo estão sepultados D. Henrique de Borgonha e D. Teresa de Leão, os pais do Fundador.

(*)
também se diz Primacial - daí advêm o título de Primaz atribuído ao seu Arcebispo.

terça-feira, maio 21, 2013

a fonte 638



Serra da Falperra

.. e, claro está,
não podia faltar esta, a do lado esquerdo da escadaria de acesso ao adro da capela de Sta. Marta do Leão.

segunda-feira, maio 20, 2013

A Fonte 637



Serra da Falperra
(GUIMARÃES-BRAGA)

Ainda mais esta;
porque não há duas sem três, eis a terceira das cinco fontes que abastecem, com fartura de água fresca, o terreiro de festas de Nossa Senhora de Santa Marta.

sábado, maio 18, 2013

Amanhecer CCCLXVII



Não há mais vinho para esta mesa!
Foi o que ouvi e não me esqueci. Tudo o resto, o que se bebeu, o que se comeu, o que se falou, enfim tudo o que se passou durante a noite depois disso... não faço a mínima ideia - não sei nem quero que me digam nem me contem - não quero mesmo nada, saber.
Acordei, despertei. Isso quer dizer que estou vivo... e então mais nada me importa agora.

Sem saber, ainda, onde estou, estou bem assim.
Porquê? Porque percebi que estou entre amigos e isso é que importa!

sexta-feira, maio 17, 2013

a ver navios (129)



parei, encostei a bicicleta
e, recuando alguns passos,
distanciei-me o suficiente,
- apenas dois ou três metros -
para o enquadramento ideal;
apontei a objectiva e cá está
outra fotografia de viagem
para o álbum do fotociclista.
Praia da Costa da Caparica
para mim a melhor da Europa.

quinta-feira, maio 16, 2013

a fonte 636



Vila de Rei
(BUCELAS)

Ainda não existia esta fonte,
não sei ao certo, quando há mais de vinte anos, eu e mais dois velhos amigos, passámos uma tarde de verão inesquecível neste lugar de Bucelas;
era uma adega particular que servia de garagem ao carro - um Fiat 1500, uma raridade - que ali fomos buscar a pedido de outro amigo de serviço em Angola;
trouxemos o carro, não sei como nem por que caminhos eu o dirigi, depois de muitas garrafas de tinto e branco Arinto emborcadas para acompanhar o chouriço, o entrecosto e as febras grelhadas ali mesmo à porta da garagem, na sombra de um caramanchão.

terça-feira, maio 14, 2013

A Fonte 635


Zambujal (Loures)

Uma fonte sem história, numa rua (*) que evoca uma figura importante da nossa história.
Por aqui dei início à subida para o alto da serra de onde se tem uma vista magnífica para uma boa parte do vale do Trancão e para o Tejo com a Ponte Vasco da Gama até à outra banda.

(Avelar Brotero *)

botânico, lente de Botânica e Agricultura na Universidade de Coimbra,
director do Real Museu e Jardim Botânico da Ajuda,
doutor em Medicina pela Universidade de Reims,
nascido em Santo Antão do Tojal (aqui ao lado) em 1744.

domingo, maio 12, 2013

A FONTE 634


 JARDIM DA CASCATA (Belém)

E continua a série das fontes com uma das minhas mais recentes visitas a um lugar importante - o Palácio Nacional de Belém, mandado construir em 1726, por D. João V. Após o fim da Monarquia, passou a residência oficial do Presidente da República.

Na fonte da Cascata, a escultura retrata Hércules a dar cacetada na Hidra de Sete Cabeças.

sábado, maio 11, 2013

Amanhecer CCCLXVI



Mais um Sábado e..
(continuo a escrever a palavra, como sempre, com letra maiúscula porque acho que se devem destacar os nomes dos dias da Semana, bem como os nomes dos Meses do Ano, e outras coisas mais...)

..retomando a escrita, o que eu estava a pensar era: «Mais um Sábado e acordo vivo!»
(este acordo aqui é do verbo acordar, sinónimo de despertar e não do verbo acordar, sinónimo de combinar - é curioso como a mesma palavra, escrita da mesma maneira, se pronuncia com diferentes acentuações - "acórdo" e "acôrdo")

Com isto tudo, é caso para dizer: «Mais um Sábado em que acordo vivo a pensar no acordo ortográfico.»

sexta-feira, maio 10, 2013

Flores do Maio 10



As mais belas flores são, para mim, aquelas que precedem os frutos.
A decadência de uma flor é o prenúncio do nascimento de um fruto.
Assim, no ciclo natural da existência, há vida para além da morte.

quinta-feira, maio 09, 2013

A FONTE 633



Zambujal (Loures)

Importante ou talvez não,
este chafariz erguido pelo município de Loures em 1853, bem no centro do lugar do Zambujal,
faz-me lembrar chafariz da "minha" Porcalhota, também construído em 1850.
O tanque e a coluna são iguais, com duas bicas, mas a cumeada difere. É mais requintada no da Amadora.

quarta-feira, maio 08, 2013

Nas rodas do fim do tempo



Acabou, terminou o tempo.
O tempo não passará jamais
porque deixamos de contar o tempo
a partir de agora não haverá tempo para perder,
por isso, teremos todo o tempo para fazer nada
teremos tempo para tudo e mais alguma coisa,
para tudo menos para fazer tempo, à espera...

terça-feira, maio 07, 2013

a fonte 632



Calhandriz

um lugar do Concelho de Vila Franca de Xira, perto de Bucelas e Alverca.

Foi há cerca de 40 anos que estacionei pela primeira vez o meu automóvel no largo onde se encontra este chafariz, para almoçar aqui mesmo em frente na Adega Regional do Calhandriz.
Desde então, fiquei cliente desta casa - pelo Coelho Guisado com Batatas Fritas e pelo vinho da região - nas encostas aqui em redor se cultiva o original Arinto e também o Moscatel.

segunda-feira, maio 06, 2013

A ver navios (128)



"LE BOREAL"

Um pequeno (142 m de comprmento) mas requintado navio de cruzeiros francês,
Não resisto...
não consigo passar à vista de um grande navio, sem tirar uma fotografia, ou duas ou três, de vários ângulos e enquadramentos, com mais ou menos pormenores.
Sou assim, meio esquisito...
gosto de ver navios e de barcos em geral; gosto de andar de bicicleta na cidade, na beira-rio, na beira-mar, em quase todo o lado até nos campos do Alentejo; gosto de fotografar coisas e lugares, gente, pessoas já não tanto porque a maquineta que levo no bolso não é a mais indicada para grandes planos fotográficos.

domingo, maio 05, 2013

a fonte 631


AMARANTE

Na parede exterior do Convento.
Ainda uma lembrança da minha recente paragem para almoço em Amarante.

São Gonçalo ajudai-me,
De joelhos lhe imploro,
Fazei com que eu case logo,
Com aquele que adoro.

sábado, maio 04, 2013

Amanhecer CCCLXV


..e a vontade que eu sinto de me misturar com estas cores, com estes odores,
com este prodígio da natureza simples e pura, num campo alentejano.
..e deixar-me ficar por aqui fazendo parte viva do espectáculo de luz e som,
o renascimento silvestre que a primavera nos oferece no mês de Maio.

sexta-feira, maio 03, 2013

a fonte 630


GUIMARÃES
No terreiro do complexo do Centro Cultural e Palácio Vila Flor.
No palácio onde os Condes de Arrochela receberam D. Maria II, na visita que determinou a elevação a cidade da então vila de Guimarães, guardo a memória de uma exposição que achei completamente desinteressante, para mim e imagino que para o público em geral.
Tratava-se de um bizarro conjunto de peças de decoração e arquitectura de entre as quais destaco o que vislumbrei logo à entrada:
uma vulgar secretária de madeira, que eu não quereria no meu escritório e uma tela suja com uma aguada de tinta creme, ocupando toda uma parede, com muitos metros de extensão, no salão do palácio.
Está claro que não gostei, sobretudo quando tiveram a lata de me pedir 2€ para entrar e ver essas e outras coisas semelhantes!!!
Mas, enfim, quem sou eu para criticar o resultado do trabalho (por acaso, muito bem pago) da comissão organizadora dos eventos da Capital da Cultura 2012?

quinta-feira, maio 02, 2013

a vida passa


E lá fora a vida passa
no mundo sem graça
eu fico aqui à janela
sem querer pensar nela

enquanto o tempo voa
deixo-me estar, na boa
assim em casa deitado
como que abandonado

e resto, quedo e mudo
porque já tentei de tudo
e não achei o remédio
para me livrar deste tédio...

terça-feira, abril 30, 2013

A Fonte 629



Falperra (Braga-Guimarães)

Mais uma das 5 fontes no terreiro do Santuário de Santa Marta.
Esta no lado esquerdo da escadaria que dá início à alameda.

Para além daquele letreiro azul, de que mais posso falar?
Talvez do serviço que a fonte presta aos milhares de romeiros que acorrem a este lugar durante os grandes  festejos do dia de Santa Marta, no final de Julho, em pleno pico do Verão.


segunda-feira, abril 29, 2013

Autoretrato 41




«Assim como gosto do jovem que tem dentro de si algo do velho,
gosto do velho que guarda dentro de si algo do jovem - este homem, poderá ser velho no corpo, mas na alma não o será jamais.»


Cícero (filósofo da antiga Roma)

domingo, abril 28, 2013

A Fonte 628

Falperra (Braga-Guimarães)

São 5 as fontes de Santa Marta do Leão.
Esta fica no lado direito ao início da extensa alameda do Santuário.
Coisa que aqui não falta é água fresca, boa para beber. 
Nesta, como nas outras, há um letreiro que diz:

«Não é Permitido lavar
nas Pias dos Fontanários
e Carros nos Arruamentos.»


E eu acho muito bem que assim seja!

sábado, abril 27, 2013

Amanhecer CCCLXIV


Monte de Santa Marta das Cortiças
Miradouro de 560 metros de altitude, na manhã de Primavera, tempo seco e sol aberto no céu azul, conseguimos avistar nitidamente a "Cidade Berço" e o vale do Ave para um lado, a "Cidade dos Arcebispos" para o lado oposto, e o vale do Cávado que se pode seguir para Oeste até à "Cidade dos Galos".
Daqui do terreiro de romarias da Capela da Sra. da Assunção, destaca-se lá ao fundo, à esquerda, a familiar silhueta da Basílica do Santuário do Sameiro.

sexta-feira, abril 26, 2013

A ver navios (127)


Sempre senti uma atracção por navios.
Em tempos, tentei ingressar na Escola Naval, mas não fui bem sucedido - o meu estômago não se consegue adaptar aos movimentos de um barco, em mar aberto.
Por isso, fico em terra, literalmente, a ver navios!

terça-feira, fevereiro 26, 2013

a fonte 627



AMARANTE

Na minha recente passagem pela terra do enigmático escritor Teixeira de Pascoaes, encontrei nos claustros do Convento, um casal de noivos durante a tradicional sessão de fotografias para o álbum de recordações.
A noiva, acabadinha de casar, confessou-me ter vindo ali, para agradecer ao santo casamenteiro a concessão do favor que lhe havia pedido, há coisa de 6 meses:

São Gonçalo do Amarante,
Casamenteiro que sois,
Primeiro casais a mim;
As outras casais depois.

E assim foi... como diz a lenda, a mulher que tocar o túmulo de São Gonçalo do Amarante, terá casamento garantido, dentro de no máximo, um ano.

sábado, fevereiro 23, 2013

Amanhecer CCCLV



A imagem do despertar de hoje, não é de hoje, já tem um ano, mas ainda assim é uma lembrança histórica.
Histórica, porque faz parte da história da minha vida desde aquele dia frio e chuvoso de Inverno, em que parei neste lugar de Póvoa e Meadas à procura de aconchego para o estômago.
E encontrei o sítio certo - na Rua de Baixo, no restaurante do Café Oásis - o melhor acolhimento que um português itinerante (turista profissional, como já me chamaram) pode desejar num dia assim, fora de casa.
O Arroz de Lebre, a Sopa de Peixe, o Vinho, o Pão, as Azeitonas, as Sobremesas, e... a conta. A conta não paga, nem a qualidade destas coisas, nem tão pouco, a Simpatia do atendimento e a Dedicação da cozinheira.
Por coincidência, hoje (23 de Fevereiro de 2013) é um dia especial em Nossa Sra. da Graça de Póvoa e Meadas - a Junta de Freguesia promove homenagem a uma personalidade de relevo na história daquela terra, o Dr João Transmontano.

sexta-feira, fevereiro 22, 2013

A Fonte 626



BUCELAS

Ali quase à porta da vila, na beira da estrada nacional 115, antes da Rua da Água Férrea.
Uma obra recente no lugar de uma antiga nascente que foi um tanto prejudicada pela construção da autoestrada A9 (CREL).
A água (ainda tem) bebe-se e não sabe, ou não faz mal.

quinta-feira, fevereiro 21, 2013

Autoretrato 40



Uma sombra de mim mesmo,
ao entardecer, final de um radioso dia de sol.
Que mais sou eu hoje, no entardecer da vida,
senão uma sombra do que fui..?

quarta-feira, fevereiro 20, 2013

a fonte 625



VILA DE FRADES

A terra natal de Fialho de Almeida - o autor de "OS GATOS" -,
é também lugar origem do afamado Vinho da Talha,
cuja excelência está patente nesta quadra popular:

Vila de Frades já não tem abades
Mas tem adegas que são catedrais
Os seus palhetes são brilharetes
São de beber e chorar por mais

São de beber e chorar por mais
Nossas gargantas são o seu caminho
Cantam os melros cantam os pardais
Cantamos nós à festa do vinho

sábado, fevereiro 16, 2013

Amanhecer CCCLIV


AMARANTE

É tarde, já devia ter acordado há mais tempo, mas... acontece-me, por vezes, ao despertar, não sei o que sinto, só sei que não quero sentir - sentir que não me apetece regressar à vida. Fico deitado a pensar que não vale a pena erguer o esqueleto para retomar o dia-a-dia.
É então que o espírito - ou lá o que é, não sei, o que se chama ao ser  ou à coisa imaterial que vive agarrado ao meu corpo físico - se levanta, sai das fronteiras do quarto e vai por esse mundo fora...
voando, nunca, não me recordo de tal;
navegando, não, também não me lembro;
sempre percorrendo caminhos terrestres de cidades, aldeias, ruas, praças e avenidas, campos abertos ou íngremes encostas, abruptas escarpas rochosas, agrestes; meandros de rios, margens floridas, planos de lezíria e verdes planaltos; castelos, igrejas, pontes e fontes; monumentos, quase sempre em Portugal; raramente saio fora do meu País durante estas viagens espirituais;
acorrem amiúde vividas imagens de França; também de Itália, estas muito menos - poucas mas boas.
Essa coisa que desencadeia a projecção num ecrã de cinema interior, de cenas ou fotografias, retiradas do emaranhado arquivo da mina memória, é uma actividade psíquica geradora de emoções contraditórias:
- um grande prazer, a sensação de liberdade sem limites, o poder imenso, sobre-humano, de olhar o mundo, de fora;
- tudo isto, no final aporta ao nível da consciência, uma angústia insidiosa: "existe em mim um desejo latente de partir!"

segunda-feira, fevereiro 11, 2013

a fonte 624



AMARANTE

Em dia de feira, tempo quente de outono, almocei na esplanada do mercado, na margem direita do rio, ao pé desta fonte que é uma verdadeira relíquia histórica.

O empregado de serviço, trouxe para a mesa uma Francesinha, especialidade da casa, uma garrafa de verde, o melhor da região, e uma quadrinha popular alusiva ao lugar:

São Gonçalo de Amarante
Que estás virado prá vila
Virai-vos pró outro lado
Que vos dá o sol na pila

domingo, fevereiro 10, 2013

a ver navios 126


Este pequeno batel, acostado na margem do Tâmega, junto a Amarante, serve de mote para uma das muitas lendas de S. Gonçalo.
Certo dia de Romaria, Gonçalo havia ficado de castigo a guardar o milho que secava na eira, enquanto seus pais iam para a festa.
À saída, seu pai, Gonçalo Pereira, recomendou ao barqueiro: «se o filho aparecesse por aquelas bandas não o atravessasse, sob pena de ter de se haver com ele no regresso.»
Ainda o barqueiro não tinha acabado de coçar o queixo já Gonçalinho, rapioqueiro, lhe pedia para atravessar. Negação imediata do barqueiro; novo pedido; nova negação.

Gonçalinho pensativo, olhou o céu, o rio, o barqueiro e, num repente, tirou a capa que trazia pelos ombros, lançou-a à água, sentou-se nela e, com um cajadinho que sempre o acompanhava, remou até à outra margem, para espanto do barqueiro, que não queria acreditar no que estava vendo.
Foi à festa e voltou atravessou o rio da mesma maneira: sentado na capa e a remar com o cajadinho.

sábado, fevereiro 09, 2013

AMANHECER CCCLIII




Foi viver, amar, viajar, sem tempo.
Imaginar, correr para o fim do dia.
Vaguear pelas encostas da solidão.

Agora, cansado da vida - desalento.
Mais nada para fazer - melancolia.
Bem podia ser melhor - frustração.

terça-feira, fevereiro 05, 2013

a fonte 623


Vila Alva (CUBA)

Uma das vilas mais belas do concelho da Cuba, em terras do Alentejo.
Aqui há regras bem definidas para utilização do lavadouro e chafariz.
Para que não restem dúvidas, ou não haja desculpas, elas estão escritas bem à vista de todos,
na parede branca da frontaria desta obras pública de 1889.

PROIBIDO LAVAR 
SACOS DE AZEITONA
ROUPA MUITO SUJA
SÓ À QUINTA FEIRA.


sábado, janeiro 26, 2013

AMANHECER CCCLI



Pronto! Cá estamos nós a despertar,
novamente juntos, após uma viagem de 15 semanas, para a frente (ou para trás, vá-se lá saber?) no tempo.

Um passeio de 274.000.000 de kms (mais coisa menos coisa) através do espaço sideral, onde nos cruzamos com poeiras e gases, resquícios de estrelas e planetas há muito desaparecidos, resíduos de vida passada e prováveis formações de vida futura.

Neste intervalo de tempo, alguns milhões de sóis arrefeceram, congelando tudo o que se alimentava da sua energia, enquanto outros se expandiram, derretendo toda a vida em seu redor.

Entretanto, o nosso pequeno mundo deu  muitas voltas. Umas quantas vidas desapareceram, outras tantas renasceram e muitas mais, incontáveis, começaram a ocupar o seu lugar, contribuindo para a transformação de tudo o que existe - a vida, o tempo, o espaço - ou talvez não?

Poema Esquecido

Praia Grande, Sintra Ao captar esta imagem, criei uma poesia. Decerto, inebriado por um momento de solidão, em que me senti inserido na pai...