quarta-feira, maio 31, 2017

O sant(iag)o da casa


CASTELO BOM

Dentro desta casa fala-se castelhano, ou talvez galego, dado que a imagem encaixada no nicho da parede é a de Santiago.
Porque esta, como a grande maioria das casas renovadas, recuperadas ou reconstruídas dentro das muralhas desta aldeia histórica beirã, é propriedade de gente oriunda do lado de lá da fronteira.

segunda-feira, maio 29, 2017

A Fonte 662

Convento de Santa Clara
(GUIMARÃES)

A fonte, neste caso, não tem importância; o que se destaca é a fachada barroca (séc. XVI) do que foi um dos mais ricos conventos do alto Minho, até ser espoliado, saqueado durante a onda de movimento anticlerical liberal que percorreu o país no século dezanove.
Com a chegada da República, foi adaptado a liceu e internato municipal.
Hoje está parcialmente ocupado pelas instalações da Câmara Municipal.

sábado, maio 27, 2017

quinta-feira, maio 25, 2017

Dia da Espiga


QUINTA FEIRA DA ASCENÇÃO

Fui ao campo para colher as várias flores silvestres, os pezinhos de espiga e os raminhos de oliveira para compor o tradicional raminho do dia da espiga.

E quando deparei com este passaroco (não sei a raça) empenhado nas suas actividades silvícolas, lembrei-me daquela bem conhecida modinha do Cante Alentejano:

Quais, quais, oliveiras, olivais
Pintassilgos, rouxinóis,
Caracóis, bichos móis,
Morcegos, pássaros negros,
Tarambolas, galinholas,
Perdizes e codornizes,
Cartaxos e pardais,
Cucos, milharucos,
Cada vez há mais.


No entanto, culturas de trigo, cevada ou centeio, nos arredores da grande cidade, cada vez há menos!

quarta-feira, maio 24, 2017

A Fonte 661


BRAVÃES

Deve ter uma designação e uma data, que não consegui saber - ninguém passou ali para me esclarecer.
No início da íngreme subida que leva ao alto do monte/miradouro da Capela Sra. da Pegadinha, ests duas bicas jorram uma impressionante quantidade de água.
Não sei se é de boa qualidade, mas eu bebi, não me soube mal e, sei agora que não me fez mal. Lavei a cara - senti que a pele ficou mais suave - e enchi uma garrafa com água fresca para a viagem.

terça-feira, maio 23, 2017

Pelourinho Desaparecido


CASTELO BOM
(Largo da Igreja)

Neste lugar esteve o símbolo do domínio administrativo e judicial, um pelourinho quinhentista.

1510 - renovação da primitiva Carta de Foral (D. Diniz) por D. Manuel I, englobando as freguesias de Freineda, Naves, São Pedro de Rio Seco e Vilar Formoso.
1834 - extinção do concelho e sua integração no município de Almeida, o provável período de desmantelamento do pelourinho com reutilização dos seus fragmentos (bem como muitos blocos das antigas muralhas do castelo) para compor outras construções na freguesia:
o soco foi integrado nos degraus da igreja e as peças do fuste com fuste (octogonal com 7m de altura) encontram-se a sustentar o alpendre de uma casa particular..

Tratava-se de um pelourinho de gaiola, em tudo semelhante ao que ainda existe em Castelo Mendo.

segunda-feira, maio 22, 2017

A Fonte 660


MALPARTIDA

Nome da fonte, não sei se tem, mas água sei que ainda tem - bebi e achei fresca e leve.
Da história, sei apenas o que se encontra gravado la lápide: "T. F. 1953"
Pela arquitectura e localização, junto à ponte românica sobre a Ribeira das Alvercas, penso tratar-se de uma simples fonte que poderia abastecer de água os habitantes e com um tanque para dar de beber ao gado e para rega das culturas das leiras próximas.

domingo, maio 21, 2017

O Santo Incomum


Igreja Nossa Senhora da Lapa
(ARCOS DE VALDEVEZ)

O templo setecentista, exemplo de arquitectura religiosa no estilo barroco, tem uma incomum planta oval e na decoração do espaço octogonal interior, todo coberto por uma cúpula, predomina o estilo rococó. O projecto é atribuído ao arquitecto bracarense, André Soares.

Num altar desta igreja, encontrei esta imagem peculiar, uma representação fora do comum de São Bentinho, o santo padroeiro de Arcos de Valdevez, que é alvo de muita devoção durante uma curiosa romaria que se realiza noite dentro até ao lugar de Ermêlo.

São Bentinho do Ermêlo,
Eu, p’ro ano hei-de vir,
Ou casado ou solteiro,
Ou criado de servir:

São Bentinho do Ermêlo,
Quem me dera lá chegar...
No meio do seu terreiro,
Cinco voltas hei-de dar...

A caminhada é dura e é de preceito seguir pelos velhos caminhos tal como faziam os pais e os avós. Não vale utilizar as estradas, por isso é preciso ser bom caminheiro.
Há que chegar lá, dar as voltinhas prometidas (três, cinco, sete, etc., sempre número ímpar), à volta da capela e da direita para a esquerda e depor a oferenda no altar do santinho... mas, tudo isto, deve ser cumprido antes do nascer do sol.
No final, o devoto retira o chapéu da cabeça do santinho, persigna-se com ele na mão, beija-o e volta a colocá-lo no seu lugar.

sábado, maio 20, 2017

Amanhecer DXLVIII



Praia das Maçãs

(SINTRA)

Porque não me acorrem à imaginação mais ideia e palavras, para escrever acerca deste lugar, que conheço bem, fico-me pela lembrança dos sentidos no momento de captação da fotografia:
inspirar o intenso cheiro de maresia, caminhar descalço sobre um espelho de areia molhada, a brisa ligeira refrescando a pele aquecida pelos raios do sol sem o filtro de nuvens ou neblina... e fico por aqui.

sexta-feira, maio 19, 2017

Portugal Românico (1)



Igreja do Mosteiro de Bravães

(PONTE DA BARCA)

Este templo do é, com toda a certeza, um dos mais importantes monumentos românicos portugueses.
Arquitectura, arte, escultura românicas (século XII) fazem desta igreja uma das mais interessantes de todo o vale do Lima.



Depois de visitar este monumento, Miguel Torga, escreveu no seu diário:
"desde o românico que o catolicismo vive em plena heresia"

quarta-feira, maio 17, 2017

Fonte 659


Chafariz de santo Antão
(FREINEDA)

Uma aldeia raiana (freguesia do concelho de Almeida) muito interessante - tem estação de comboio.
Actualmente é um dos sítios que mantém as tradições - tem uma feira mensal e um grande recinto de festas onde se realizam romarias anuais, sendo a mais importante a festa de Santa Eufémia.

Historicamente foi lugar de relevo durante a Guerra Peninsular - quartel general de Lord Wellington.

terça-feira, maio 16, 2017

Alminhas de 1948


Ribeira do Mosteiro
(FREIXO DE ESPADA À CINTA)

No Parque Natural do Douro Internacional há uma estrada de montanha que acompanha quase todos os meandros do curso desta ribeira, que no seu caminho para o Douro, ao longo de milénios, foi recortando um sulco profundo no monumental bloco de pedra dura que é o Penedo Durão.

Este pequeno santuário construído em 1948 com xisto (agora reforçado com cimento) encontra-se numa acentuada curva do caminho na Calçada de Stª Ana, perto da ponte que atravessa a ribeira muito lá no fundo. Aqui se observam interessantes dobras na formação rochosa.



segunda-feira, maio 15, 2017

JOANS LOPEZ ME FEZ


Pelourinho Manuelino
(ARCOS DE VALDEVEZ)

Faz muitos anos que comecei a percorrer todos os caminhos do nosso Portugal continental e arredores.
Ao fim de algum tempo, fui ficando espantado por encontrar pelourinhos nos lugares mais recônditos e por vezes inesperados - aldeias e vilas, que já foram mais ou menos importantes e hoje se encontram quase desertas.

Agora lamento não ter começado, há muitos anos, a fazer fotografias e a colectar informação histórica destes símbolos do poder da justiça do reino de Portugal e Algarves - agora é tarde; no entanto sempre vou fotografando alguns com arquitectura mais elaborada, outros mais simples, mas preservados.
Foi o caso deste, que achei muito interessante: manuelino, sec. XVI, com esferas armilares no topo e com assinatura do mestre canteiro, autor da obra - "JOANS LOPEZ ME FEZ".

domingo, maio 14, 2017

A Fonte 658


PONTE DA BARCA

Acerca desta, tenho pouco, muito pouco a dizer, a não ser que a imagem resultante não ficou de acordo com o enquadramento que eu tinha previsto - a torre e a frontaria da igreja e o crucifixo do pelourinho ficaram meio obliterados por uma espécie de pinheiro nórdico.
Como é que eu não percebi isto quando fiz a fotografia? Já sei:

  1. o vinho verde tinto com que acompanhei o "bacalhau frito à minhota" ao almoço, era um excelente "vinhão";
  2. a minha máquina fotográfica tem um pequeno ecran, onde eu mal consigo perceber o que estou a fotografar. prefiro aquelas que têm um buraquinho para espreitar - ah que saudades da minha "reflex" Nikon!

Sendo assim, aqui fica apenas mais uma fonte na minha colecção de recordações de incansável viajante.

sábado, maio 13, 2017

Amanhecer DXLVII



PONTE DE LIMA

E depois de uma noite que se anunciava tormentosa... o despertar é uma bênção para a vista e para a vida. A este mesmo propósito, escreveu o poeta limiano, António Feijó:

Nasci à beira do rio lima,
Rio saudoso, todo cristal,
Daí a angústia que me vitima,
Daí deriva todo o meu mal.

É que nas terras que tenho visto,
Por toda a parte por onde andei,
Nunca achei nada mais imprevisto,
Terra mais linda nunca encontrei.

sexta-feira, maio 12, 2017

Os reflexos do tempo


PONTE DE LIMA

Ao cair da noite, parou o vento, parou a chuva e parou o tempo, encapsulado nesta memória fotográfica que me foi possível fazer.
Nem uma brisa para agitar a superfície, espelho de água, do rio Lima, que a esta hora tardia corre de mansinho.
Parou o movimento de caminheiros peregrinos que vão a Compostela, não há ruído de motores, instalou-se o silêncio, apenas entrecortado pelo coaxar de duas ou três rãs escondidas na erva da margem - o sossego, a paz.
Já faz frio. Daqui a pouco a humidade da noite começa a cobrir de névoa todo este vale e então vai ficar embaciado o reflexo da história - a ponte Romana e Medieval e a Igreja de Santo António da Torre Velha - neste lendário rio do esquecimento.

quarta-feira, maio 10, 2017

A ver navios (135)


BARCA D'ALVA
Daqui para cima, isto é, para montante, o Douro é um rio internacional - ao longo de 120 km, faz fronteira entre Espanha e Portugal.
O caminho por estrada, desde Barca e quase até ao Freixo, é feito numa estreita faixa de terrenos cultivados, entre o rio e uma imponente parede de granito que chega aos 730 m de altura - o Penedo Durão, um ciclópico, maciço pedregulho que se avista ao longe e do cimo do qual a vista se alarga até  bem longe por terras de Espanha e Portugal.

terça-feira, maio 09, 2017

A Fonte 657



Fonte Ribeira da Degoldra
(COVILHÃ)

Para mim, esta fonte é espectacular, monumental.
Eu gosto, repito, é uma questão de gosto pessoal, da estrutura desta contrução, do imenso caudal que debita e da sua localização, no curso da ribeira da Degoldra.
Sempre que passo por esta rotunda, uma das entradas (e saídas) daquela que foi durante muito tempo, a "cidade fábrica", sinto vontade de parar e ficar alguns momentos a observar uma das obras da moderna engenharia civil, que impressionam pela positiva.

segunda-feira, maio 08, 2017

O Santo dos Óculos


FREIXO DE ESPADA À CINTA
Visitei a Igreja Matriz, com todo o vagar de que dispunha, antes da hora de celebração da missa. Observei os pormenores da arquitectura, os retábulos quinhentistas, os painéis, os altares, os cadeirais, órgão e tudo o mais.
No entanto, e apesar de saber da sua existência (pelo texto descritivo afixado numa vitrina na entrada do templo), não consegui vislumbrar a figurinha do santo usando óculos escuros que se encontra no retábulo de um dos altares - ou sou que estou a precisar de mudar de óculos, ou o santo tinha saído para tratar de algum assunto importante, nas finanças, ou... sabe-se lá, podia ter ido ao oculista.

Mas ele, São Mateus, o cobrador de impostos, está sempre lá. Eu já o vi numa fotografia.

sábado, maio 06, 2017

Amanhecer DXLVI



MALPARTIDA
uma aldeia raiana com pouco mais de 70 casas e 2 restaurantes, lugar quase remoto, no planalto da Beira Alta, varrido pelo agreste vento de nordeste,
No despertar deste dia de Primavera, quente e luminoso, temos boas e más notícias:
  • as boas novas estão à vista, no verde intenso junto à ponte que dizem Romana (é Românica) - a água fresca que corre na ribeira, faz crescer a Marujinha; mais logo, ao almoço (na "Casa d'Irene") vamos ter uma belíssima salada para acompanhar... o mais que vier para à mesa.
  • as más notícias, essas não interessa chamar para aqui, nesta altura.

Poema Esquecido

Praia Grande, Sintra Ao captar esta imagem, criei uma poesia. Decerto, inebriado por um momento de solidão, em que me senti inserido na pai...