terça-feira, outubro 23, 2012

A Fonte 622


GUIMARÃES

Uma das vistas que eu mais aprecio na "cidade berço" da Nação Portuguesa:
a exótica Igreja de Nossa Senhora da Consolação e Santos Passos no fundo do extenso largo-alameda-jardim.

segunda-feira, outubro 22, 2012

Nas Rodas do Tempo a Passar



Passei muito tempo a viajar
(apesar disso, muito menos tempo e menos viajens do que eu gostava)...
Foi tempo de viajar pelo mundo fora, pela geografia,
e quase ao mesmo tempo viajar por dentro de mim, pela intimidade.

Passei tanto tempo a pensar:
tempo a pensar no que ia e poderia escrever
e outro tempo a escrever e depois a ler;
e logo foi o tempo de apagar aquilo que escrevi.

Ainda houve tempo para esquecer quase tudo:
aquilo que escrevi sem pensar,
o que pensei em escrever,
o que não escrevi mas pensei,
e fiz força para esquecer muito do que li...

Com tudo isto, passaram muitas semanas;
nada de mais, apenas alguns dias de vida.
Perdi tempo? Não senhor. Gastei do meu tempo.
Pois se o tempo existe (?) é para isso mesmo...

domingo, outubro 21, 2012

A FONTE 621


A Fonte das Ratas, tratava-se de uma nascente que alimentava o Tanque das Lavadeiras de Alfama e as Alcaçarias (Banhos Públicos ou Termas) do Duque do Cadaval, no Beco dos Cortumes.

A popularidade desta nascente (que de acordo com a crença popular, teria virtudes terapêuticas) cuja reputação curativa da água se espalhou rapidamente, atingiu o auge em final de 1963, como se constata nesta reportagem do Diário Popular de há quase meio século.

Milhares de pessoas acotovelvando-se, esperavam horas, para encher os seus garrafões com água (chegando a ser de 360 garrafões/hora), abrandando apenas entre as 3 e as 5 da manhã.



sábado, outubro 20, 2012

Amanhecer CCCXXXVIII




Eis que o tempo nos vem aliciar para sair-mos à rua, com uma manhã de sol radioso.
Um dia que promete ser quente no Outono triste que vem ensombrando a esperança de vida neste país de velhos. Cada dia mais velhos, cada dia menos vida, cada dia menos esperança...
Apesar de tudo, nos canteiros plantados no meu pequeno quintal, vou colhendo os frutos do trabalho incessante das forças da natureza e recordo as palavras do meu Avô, velho "saloio" do Livramento.

«Em Outubro sê prudente: guarda pão e guarda semente.»

quinta-feira, outubro 18, 2012

Reflectindo mais





Cada dia que passa reforça uma certeza:
"Pelo que hoje sou e que fui no passado,
acho a minha vida um projecto falhado,
um erro, um engano da mãe Natureza!"

quinta-feira, junho 21, 2012

a fonte 620


Numa rua pouco frequentada do centro histórico de Sintra,
escondida num recanto da parede lateral da Igreja de S. Martinho.

terça-feira, junho 19, 2012

Lei das Massas



O postulado mais popular da Lei (das Massas) de Lavoisier:
«Na natureza, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma.»

domingo, junho 17, 2012

a fonte 617



Quem sobe o vale da Ribeira de Calhandriz, vindo de Alverca em direcção à Arruda dos Vinhos, logo encontra pela esquerda um antigo povoado escorrido pela encosta mais íngreme da região - é o lugar de Calhandiz.

sábado, junho 16, 2012

Amanhecer CCCXXIV

Despertei de um pesadelo branco.

O sol é uma mancha de luz branca em cima de um céu completamente coberto por um véu branco; o ar quentedo vento Levante carregado de poeira de areia fina do deserto; até o mar está branco - a água parece um caldo de cal.
Ao mergulhar nas ondas de água quente, abri os olhos, como é meu costume, e vi...
vi as cores voltarem aos seus lugares habituais na natureza - as algas verdes e castanhas riscando o fundo de areia mesclada de iridescências madrepérola dos fragmentos de pequenas conchas;
vim ao de cima e vi aparecer do nada uma faixa de céu azul anil que pousou sobre o verde escuro das copas dos pinheiros mansos no cimo da falésia que bordeja a praia;
vi as flores amarelo-esverdeadas e rosa-pálido dos chorões que se arrastam pela acentuada inclinação das escarpas de pedra de areia recortada pelos sulcos escuros de antigas correntes de água da chuva;
mergulhei outra vez e vi... aquela inglesa jeitosinha de pele bem rosadinha, típica dos seus primeiros dias de praia do Algarve; e ela tinha um bikini.
E era um bikini pequenino às bolinhas amarelas, tão pequenininho que mal cabia nela...

sexta-feira, junho 15, 2012

A Ver Navios 125



Memória dos antigos marinheiros
que no mar passaram mau bocado
ao partirem armados em aventureiros
deste cantinho à beira mar plantado.

quinta-feira, junho 14, 2012

a fonte 618


Esta pode ser uma das 7 fontes da lenda:

«algures na Serra do Socorro, há sete fontes sagradas do tempo dos mouros, e quem as encontrar e visitar a todas numa noite de São João, irá desencantar uma bela e rica princesa moura que lhe oferecerá os seus tesouros.»

Quando faltam poucos dias para o S. João, aqui deixo a minha ajuda para quem(*) quiser encetar a busca das tais fontes.
Mais ou menos a meio da encosta oriental, encontra-se (bem visível, por sinal) esta bem aventurada fonte, que mata a sede aos romeiros que desde há séculos visitam o santo e histórico lugar onde se ergue, a 395 metros de altitude, a Ermida de Nossa Senhora do Socorro.
Eu mesmo, ainda hoje tenho bem presente a memória da minha primeira participação (já lá vão bem mais de cinquenta anos) nas grandes festividades que aqui acontecem no princípio de Agosto.

(*) neste tempo de grandes dificuldades financeiras, bem gostaria que uma lenda assim, deixasse de ser lenda e se concretizasse nalguma coisa, quanto mais não fosse, riqueza moral que bastante falta vem fazendo à sociedade actual.

sábado, junho 09, 2012

Amanhecer CCCXXIII



Não sei onde estou,
não sei como cheguei,
não sei como voltar,
não sei para onde vou,
não sei já o que sei,
não sei o que pensar,

não sei se fico,
não se se vivo...

quarta-feira, junho 06, 2012

a fonte 619



A Guerra das Laranjas
O prólogo das Invasões Francesas de Portugal durou 18 dias, durante os quais o exército espanhol de Manuel Godoy, acobertado pelas tropas de Napoleão, invadiu o Alto Alentejo e tomou de assalto, com alguma facilidade, a maioria das praças-fortes raianas. Apenas em Elvas ofereceu bastante resistência.

Após um acordo (Badajoz, 6 de Junho) quase todo o território foi de imediato restituido a Portugal, excepto OLIVENÇA que desde então se mantem, inexplicavelmente, sob administração espanhola.

quinta-feira, maio 31, 2012

a fonte 616



FELIGUEIRA (Torres Vedras)

É apenas (tanto quanto sei...) um pequeno aglomerado de casas num lugar à beira de uma estrada de campo que passa sob a AE do Oeste e serve depois de subida directa para o cume da magnífica elevação que é a Serra do Socorro.
Não é muito longe da Feliteira, da Guesundeira, da Patameira, da Bispeira e doutros lugares terminados em "eira" (Azueira, Bandalhoeira, Aboboreira, Freixofeira, etc.) ligados às minhas recordações de infância/juventude, como são os arredores da terra do meu Pai - O Livramento, Oeste.

quarta-feira, maio 30, 2012

Sozinho



(a propósito do Dia Nacional do Associativismo)

Canta, canta amigo canta
vem cantar a nossa canção
tu sozinho não és nada
juntos temos o mundo na mão!

terça-feira, maio 29, 2012

a fonte 615



FELITEIRA (Torres Vedras)

Nesta data, 30 anos depois da primeira visita, "O LABREGO" continua quase na mesma, a servir os tradicionais pratos da casa - o Bacalhau frito e o Cabrito assado - e aoriginal sobremesa de frutos secos, doce caseiro e vinho doce abafado.
Hoje, no entanto, são já poucos os clientes que aqui chegam para almoçar no anexo do quintal, espécie de estufa com vista para a o verdejante vale onde corre a Linha do Oeste - e lá vai a Automotora! Por quanto tempo mais? Até quando haverá passageiros na Estação da Feliteira e almoços n'O Labrego?

segunda-feira, maio 28, 2012

Policromia



De profundis

Extenso dia taciturno de nuvens.
Nas ramadas passarinhos de mágoa
Lacrimejando chilros. Um braçado
Policromo de flores
Perfumado
De profundis
De coroas.
Tão duro
Assim lacónico
Nosso adeus de rosas, Maria.

(José Craveirinha)

domingo, maio 27, 2012

A Fonte 614


Faro do Alentejo (Cuba)

Num só dia, grande viagem:
Fui de Pavia a Cuba (com uma paragem em Faro a beber água nesta fonte) e nunca saí do Alentejo.
Alentejo

A paz que se adivinha
Na tua solidão..O mistério da tua imensidãoOnde o tempo caminhaSem chegar!...

(Miguel Torga)

sábado, maio 26, 2012

Amanhecer CCCXXI




Ora aqui está um sítio magnífco para ver nascer o sol.
Vai ser possível, a partir de Setembro, amanhecer confortavelmente instalado num dos cento e muitos quartos e suites do "Myriad Hotel" que vai ocupar a Torre Vasco da Gama - Lisboa Oriental.

sexta-feira, maio 25, 2012

quinta-feira, maio 24, 2012

A Fonte 613


Parque das Nações (Lisboa)

No dia em que dei a volta ao mundo nesta fonte do Pavilhão do Conhecimento,
para ir almoçar com velhos amigos da antiga RTP.

quarta-feira, maio 23, 2012

terça-feira, maio 22, 2012

Passado


(Castelo de Vide)

Passé

Et je vous dis alors : - Ce château dans son ombre
A contenu l'amour, frais comme en votre coeur,
Et la gloire, et le rire, et les fêtes sans nombre,
Et toute cette joie aujourd'hui le rend sombre,
Comme un vase noircit rouillé par sa liqueur.


Victor Hugo

segunda-feira, maio 21, 2012

a fonte 612


Quase madrugada, na fonte do lago no jardim da Ortiga, Mação.

E calma subirei até às fontes.

Irei beber a luz e o amanhecer
Irei beber a voz dessa promessa
Que às vezes como um voo me atravessa,
E nela cumprirei todo o meu ser.

(Sophia de Mello Breyner)

domingo, maio 20, 2012

Amarilis



A extraordinária flor Amarilis que revive, duas vezes por ano, num vaso em minha casa.

Epistola de Amarilis a Belardo

El sustentarse amor sin esperanza,
es fineza tan rara, que quisiera
saber su en algún pecho se ha hallado,
que las más veces la desconfianza
amortigua la llama que pudiera
obligar con amar lo deseado;
mas nunca tuve por dichoso estado
amar bienes posibles,
sino aquellos que son más imposibles.


Excerto da epístola dedicada a Lope de Vega (1621) por uma admiradora desconhecida.

sábado, maio 19, 2012

Amanhecer CCCXX


Uma aberta de céu azul
por entre as núvens densas que fazem tecto de algodão no Monte da Lua.
É um luzeiro a matizar intensamente de verde a encosta do Castelo dos Mouros,
desde lá do alto, sobre a Vila de Sintra.

sábado, maio 12, 2012

Amanhecer CCCXIX


Uma gaivota em terra.
Apenas uma. Está cansada.
Não há tempestade no mar.
Ela está a repousar
ali sobre a amurada
desta espécie de navio de pedra;
o promontório da Senhora da Rocha

sábado, maio 05, 2012

Amanhecer CCCXVIII



Perguntava-me, no outro dia, um viciado nos blogs, leitor assíduo do Fotociclista:
- Mas que mosca lhe mordeu, desta vez
para nos deixar 10 semanas sem um despertar,
sem uma fonte, sem um navio, sem um reflexo..?
Foi atacado pela Mosca do Sono, talvez?

Ora bem, enquanto fico a pensar na resposta adequada, aqui deixo a imagem do despertar de hoje (uma casa de Tarzan da Selva, virada para a foz do Tejo) o local onde tenho estado recolhido a hibernar, nesta Primavera invernosa.

sábado, fevereiro 18, 2012

Amanhecer CCCVII



Prosseguindo na senda das visitas aos Castelos do Sul,
hoje despertamos para o fim de semana, no Forte de S. Filipe,
o Castelo que domina altaneiro toda a baía do Sado, em Setúbal.

quinta-feira, fevereiro 16, 2012

a fonte 610



PALMELA

Junto à Estaçãp do Comboio
encontra-se este belo conjunto de arquitectura civil.
Fontanário com degraus para acesso a duas bicas. Tem três tanques e ainda dois bancos laterais.
Diz no frontão que foi uma obra da "VIAÇÃO MUNICIPAL - 27 DE JUNHO DE 1926"

Só conheço uma outra fonte (por sinal também em Palmela) com uma placa referindo esta entidade, cuja existência eu desconhecia, até encontrar na História Administrativa a seguinte descrição:
«As Comissões de Viação eram órgãos de âmbito distrital. Existia uma em cada distrito e eram constituída por quatro vogais eleitos pela Junta Geral, sendo ainda secretariada pelo secretário do Governo Civil.
Tinham por funções:
- aprovar os plano das edificações nas cidades e vilas fora de Lisboa e Porto;
- classificar as estradas municipais, fazer a inspecção superior das obras de viação e projectos de estradas;
- deveria elaborar um relatório anual das estradas distritais.»


terça-feira, fevereiro 14, 2012

A ver navios com golfinhos


Este momento aconteceu em Setúbal, no dia de S. Valentim;
por isso vem a propósito a quadra de um poeta local - Elmano Sadino.

Vai sempre avante a paixão,
Buscando seu doce fim;
Os amantes são assim:
Todos fogem à razão.

(Bocage)

sábado, fevereiro 11, 2012

Amanhecer CCCVI



Disse-me um amigo:
"Outra vez em Marvão?
Mas que raio de mania,
Isso também já enjoa..."

Isto sou eu que digo:
"Ora bem, porque não?
Muito mais vezes viria,
Se mais perto de Lisboa."

A manhã já vai alta;
o sol brilha no céu azul, ali prós lados da fronteira;
mas as muralhas do castelo ainda estão encobertas pela neblina;
é o resto da névoa da madrugada que vem subindo a escarpa, desde lá de baixo da Portagem, à medida que o sol vai aquecendo as terras do vale do Sever.


Há quem chame "Ninho de Águias" a este local onde se ergue o castelo mais elevado do Alentejo - 850 m.
Também chamaram "Ninho da Águia" ao local da residencia de Hitler, numa montanha da Baviera - 1.850 m.
Há uma diferença de 1.000 metros (em altitude) entre Marvão (Portugal) e Berchtesgaden (Alemanha).

sexta-feira, fevereiro 10, 2012

Reflectindo 2003



Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado...
isso é circunstância.
Solidão é muito mais do que isso.
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma...

(Fátima Irene, poetisa braileira contemporânea)

quarta-feira, fevereiro 08, 2012

a Fonte 609


Fuente Garcia - a nascente do Tejo

Tejo
- o rio que passa mais vezes por aqui,
por este repositório público de devaneios fotográficos e escritos que é o blog do Fotociclista.

- o rio que passa pela minha terra,
Lisboa, cidade amiga, cidade antiga, que também foi de Camões e de Pessoa.

- o rio que me viu nascer - "inda mal abria os olhos, já era para te ver.."

- o rio que eu fui ver nascer - algures entre Gualajara, Cuenca e Teruel.

- o rio que eu vejo, quase todos os dias, morrer às portas de Lisboa, desaparecer da nossa vista, fundindo-se no imenso oceano.
 
- o rio que, mais cedo ou mais tarde, se a vida neste planeta decorrer naturalmente, há-de ver-me desaparecer deste mundo para não mais voltar.

sábado, fevereiro 04, 2012

Amanhecer CCCV


Vá-se lá saber porquê?
(às vezes lembro-me de cada coisa...)
este enquadramento fotografico que captei
no terraço do Centro Cultural de Belém,
faz-me lembrar "2001 ODISSEIA NO ESPAÇO",
o extraordinário filme de Stanley Kubrick,
que tanto me impressionou, no final dos anos 60 (séc. XX).

Talvez desconhecido (ou esquecido) para os "jovens" que hoje tenham menos de 50 anos,
acho que essse filme foi único,
polémico em relação ao tema,
superior quanto à imagem,
monótono na acção e
com um fundo musical inesquecível - "ASSIM FALOU ZARATRUSTA", de R. Strauss.

sexta-feira, fevereiro 03, 2012

a ver navios 121


VIAGEM

Para mais além
Só o sonho comanda,
É lá que quero ir,
Para mais além,
Só passa,
Em fúria,
A audácia
Que eu quero descobrir.

Para mais além não há navios.
Eu quero um carrossel para partir.

Fátima Marinho
(uma minhota nascida em Cuba, em 1966)

quarta-feira, fevereiro 01, 2012

A Fonte 608



Reveladas (Portalegre)

Fotografia de Daniel Casado, um "Alentejano dos Açores",
que se tem dedicado a registar e divulgar em imagens, as coisas interessantes da natureza, costumes, tradições e da cultura da região onde se radicou - Portalegre.

Passei já uma ou duas vezes por este lugar, no Parque Natural da Serra de S. Mamede, mas não conheci a "TI ESPERANÇA" a quem terá sido dedicada esta fonte.
Encontrei, no entanto, numa antologia um poeta português da actualidade (que deve andar pelos 83 anos de idade) João Rui de Sousa, que escreveu um poema dedicado

A TI, ESPERANÇA
..
A ti, que diariamente nos acolhes
e nos trazes riso fresco
e nos dás uvas
e nos fazes cantar
nas horas difíceis.
A ti, que ofereces água
a todos que passam
e mostras um caminho
aos poucos iluminados.
A ti esperança, eu dedico
agora e sempre
este poema.


terça-feira, janeiro 31, 2012

Reflectindo e Refletindo



Sentado fora do mundo
Esquecido desde quando,
Olhar fixo no sobrado
Reflectindo,
Entre adormecido e desperto
O pensamento vagueando
Perdido no tempo deserto
Algures entre o passado
E o nada, que é o futuro,
Refletindo:
Vivo, ou estou enganado?

segunda-feira, janeiro 30, 2012

a fonte 607


Nada de importante há para dizer deste chafariz, no passeio da Praia de Carcavelos.
Deita água - por enquanto - e mais não sei?

Lá terá, possivelmente presenciado uma ou outra história - ao jeito das cenas de telenovela das tardes de televisão, ou de folhetim radiofónico, ou de crónica mundana de coluna social de jornal - coisa própria dos tempos modernos.
Testemunha impassível de humanos encontros e desumanos afastamentos, memoráveis para os protagonistas que ficaram certamente com algo para recordar e contar:
pequenas histórias vividas junto ao mar, no extenso areal desta bela praia da Costa do Estoril.
Também eu, ao passar por aqui nas minhas voltinhas de bicicleta, recupero memórias e revejo-me desempenhando o papel principal em episódios de filme - quase sempre, felizmente, tragicomédia - de cinema mudo.

sábado, janeiro 28, 2012

Amanhecer CCCIV



Bucólico,
este bocadinho de paisagem, com o arvoredo a recortar o verde que reveste as margens do arroio em cujas águas calmas se percebem reflexos de azul do céu e de paredes brancas de uma casa, faz-me lembrar lugares por onde andei a passear há alguns dias - os meandros da Ribeira de Nisa, na Serra de S. Mamede.
Mas este lugar fica bem distante da raia alentejana. É no vale do Jamor, um rio que nasce na Serra da Carregueira e desagua na margem direita do Tejo, na Cruz Quebrada. De caminho ele passa por Belas, por Queluz e passa sobretudo pela minha vida.

Em Belas,
o Jamor atravessa a Quinta do Senhor da Serra, que, antes de ser Quinta dos Marqueses de Belas, pertenceu a Diogo Lopes Pacheco - um dos três algozes de Inês de Castro, o único que escapou com vida à vingança de D. Pedro. O rei confiscou, na altura, todos os bens dos Pachecos e converteu esse lugar em Paço Real.
Aqui, junto a um dos portões da quinta, na margem do rio, encontra-se um dos mais belos (e desconhecidos) obeliscos do nosso país - foi descuidadamente escondido sob um viaduto da CREL.
Em Queluz,
o rio atravessa a quinta do Palácio Nacional de Queluz, outro "condomínio" da idade de ouro da realeza nacional, talvez o mais importante de todos, pois que, ainda hoje é utilisado pelos Chefes de Estado (republicanos) para banquetes e recepções oficiais.
Aqui, junto a um dos portões do jardim, encontra-se uma das mais famosas (e concorridas) estradas do nosso país - a IC19 - da qual praticamente toda a gente já ouviu falar.
Em Queijas,
o rio passa pelo Santuário da Senhora da Rocha, um importante lugar de peregrinação desde que, nos princípio do século XIX, se encontrou numa gruta na margem do Jamor, uma pequena imagem em barro, representando Nossa Senhora da Conceição, então Padroeira do Reino. Ainda hoje se realiza a romaria anual da Senhora da Rocha.

sexta-feira, janeiro 27, 2012

A ver navios 120



Aqui estou eu, mais uma vez,
sentado a ver passar o tempo
num dos mais bonitos estuários da Ibéria.
À beira do rio Sado, na baía de Setúbal,
recordando a velha canção do Otis Reding:

"Sitting on the dock of the bay
Watching the tide roll away
I'm just sitting on the dock of the bay
Wasting time.."

quinta-feira, janeiro 26, 2012

O tal dia


Quinta-feira,
(o dia que devia apagar da minha semana)

É sempre a mesma coisa, uma tristeza.
Já nem sei mesmo o que hei-de fazer...
Talvez tomar alguma droga qualquer
para passar todo o dia desacordado,
pois faça eu o que fizer, sai errado;
nesse dia tudo sai mal, é uma certeza.

O dia de hoje não foi excepção:
Saí à rua para comprar o jantar.
Fui de carro para me resguardar
Do tempo chuvoso e vento gelado.
Ora gaita, fiquei uma hora parado
No meio trânsito - uma confusão.

quarta-feira, janeiro 25, 2012

a fonte 606



Évora
Chafariz de três bebedouros/torneiras,
com escoamento para um pequeno tanque, hoje seco, mas que já teve peixes.
Lá ao fundo, podem ver-se as "Ruínas Fingidas".
Uma construção cenográfica típica do romantismo do séc. XIX, projecto do arquitecto-cenógrafo italiano Cinatti.
Aproveitando uma torre e um troço da muralha medieval do séc. XIV pre-existentes, acoplaram-se outros materiais arquitectónicos provenientes das ruínas de vários monumentos civis e religiosos da cidade, com especial relevo para os elementos de janelas geminadas de estilo manuelino-mudéjar.

terça-feira, janeiro 24, 2012

A Paragem



Por aqui passa o tempo,
já não passa o comboio.
Outrora
o comboio de passagem,
é que marcava o passo
do tempo, a compasso
aqui por esta paragem.
Agora
a estação sem comboio
vai ficar parada no tempo.

(Estação de fronteira do Ramal de Cáceres)

segunda-feira, janeiro 23, 2012

Porta Judia



Judiaria de Castelo de Vide

Para que a vizinhança não tivesse dúvidas acerca da classe dos proprietários desta casa
cuja porta não respeita o tradicional formato em arco ogival,
lá estava o símbolo da tribo de Judá - o brazão com dois leões.

domingo, janeiro 22, 2012

A fonte 605



República Dominicana

Memória de uma viagem pelas Grandes Antilhas, no Mar das Caraíbas.

No lado nascente de "La Hispaniola", aquilo que mais impressiona são os contrastes.
Notáveis os indícios do combate entre a natureza e a civilização - os avançoes e recuos da ocupação humana destes lugares - e os extremos da condição social - o convívio pacífico entre a pobreza inexplicável e o luxo desnecessário.

sábado, janeiro 21, 2012

Amanhecer CCCIII


CASTELO DE VIDE
Hoje, ao registar mais um amanhecer do Fotociclista "Nas Rodas do Tempo", reparei no número.
Caramba, já são 303, as vezes que venho aqui espetar com uma fotografia e remoer meia dúzia de linhas com umas quantas frases.
O texto, muitas vezes, não diz nada, é conversa fiada. Outras vezes fala de mim, ou do ser que dentro de mim agita as águas turvas do pensamento, fazendo afluir à consciência coisas (que se podem chamar ideias) que transbordam para o mundo das letras - coisa esquisita esta.
A fotografia, por vezes fraca, é só para encher. Outras vezes (sem modéstia) a maior parte delas, acho bonita, eu gosto de ver.

No princípio as imagens, eram quase sempre do mesmo lugar (Colares, Sintra), mas o tempo tudo muda e eu não fujo à regra, por isso comecei a diversificar os lugares do meu despertar aos Sábados. É uma estranha condição - percebo que, cada vez mais, alguma coisa em mim procura contrariar a tendência para a rotina.
A natural aquisição de hábitos - os cheiros, a luz, os sons - a repetição dos dias, semana após semana, mais um mês, um ano... à medida que vamos envelhecendo, ficamos menos rsistentes, ganhamos mais receios, encontramos protecção na estabilidade. O objectivo então é evitar o mais possível as surpresas - daí a agradável sensação de conforto do lar.

Viajar é romper com a rotina, ir à procura de novidades, coisas para descobrir, desafios novos pela frente em cada dia e em cada noite, desequilibrar a imaginação com a incerteza.
A incerteza, o inesperado, o desconhecido - os sais da vida, incentivos para o progresso do Homem.

sexta-feira, janeiro 20, 2012

Aprender a esquecer (1)


«Aprender até morrer.»
Diz o povo, como sempre, com alguma razão.
Quem não consegue aprender, está morto para o mundo, ou está morto para a vida.
Mas quando se fala em aprender, neste caso, não é só adquirir conhecimentos relativos à cultura, às coisas da escola, as letras, as ciências e por aí fora.
Mais do que isso tudo, é assimilar e guardar para mais tarde recordar a experiência (toda) da vida.
Quem não consegue aprender, querendo, é porque sofre (pensamos nós) de alguma forma de bloqueio intelectual - de ordem físiológica ou emocional.
Mas também se pode dar o caso de, simplesmente não querer..

Poema Esquecido

Praia Grande, Sintra Ao captar esta imagem, criei uma poesia. Decerto, inebriado por um momento de solidão, em que me senti inserido na pai...