sábado, dezembro 03, 2005

tu és todos nós


Na tua voz há tudo o que não há,
há tudo o que se diz e não se diz.
Há os sítios da saudade em tua voz,
o passado, o futuro, o nunca, o já,
há as sílabas da alma, e há um país.
Porque tu, mais que tu, és todos nós.

Na tua voz embarca-se e não mais,
não mais senão o mar e a despedida,
há um rastro de naufrágio em tua voz
onde há navios a sair do cais,
nessa voz por mil vozes repartida.
Porque tu, mais que tu, és todos nós.

Há mar e mágoa, e a sombra de uma nau,
a Gaivota de O'Neil e o rio Tejo,
saudade de saudade em tua voz,
um eco de Camões e o escravo Jau,
amor, ciúme, cinza e vão desejo.
Porque tu, mais que tu, és todos nós.

(de Manuel Alegre, para Amália)

Sem comentários:

Poema Esquecido

Praia Grande, Sintra Ao captar esta imagem, criei uma poesia. Decerto, inebriado por um momento de solidão, em que me senti inserido na pai...