sexta-feira, outubro 12, 2007

Esquina do Tempo



Deambulava à toa, sem GPS, percorrendo caminhos sem pretender chegar a qualquer destino que se situasse para além do que a vista desarmada pudesse alcançar.

Perseguia apenas um objectivo, que era não ter objectivo mais nenhum que não fosse o de percorrer sempre mais um quilómetro, mais um metro, mais um passo, para além daquilo que me parecia possível.

Ao dobrar uma esquina, deparei-me com um monte de recordações, que de chofre me rodearam, entupindo todos os meus sentidos, infiltrando-se na minha pele por todos os poros.

Com os pelos eriçados, a boca seca, os olhos a arder, encontrei-me suspenso no ar e logo, logo, tão depressa como num salto em queda livre, mergulhei no lago da memória, provocando nas águas paradas uma agitação sem precedentes.

As ondas de águas passadas, irradiaram por toda a superfície e o lodo oculto, esquecido, assente no fundo remexido, veio ao de cima em borbotões - eu tinha acabado de virar a esquina do tempo!

1 comentário:

Carla D'elvas disse...

Sem GPS... saltitei por aqui!
dobrei a esquina do tempo e vim lêr-te!
gostei do texto :)

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