sexta-feira, dezembro 10, 2010
quinta-feira, dezembro 09, 2010
Descontrolo 2
Respiro ainda, movo-me, caminho, removo-me de um lugar para outro onde pouso, todavia sem repouso
Voltam-me à lembrança palavras antigas, quase tão antigas como a minha escrita sentida
- «percorro fustigado na desesperança do nada um caminho de sépalas desprovido…»
quando na tarde calma da cidade quente, Domingo de férias, caminho indolente pelo meio da gente, em direcção ao passado que já não quero encontrar em nenhum lugar, porque tenho medo, sinto-me incapaz de afrontar a mudança.
Tudo em mim está de pernas para o ar e o mundo olha-me de cara à banda
Aos meus pés passam linhas invisíveis de vermes inchados de preconceitos assimilados, mal digeridos
Ah, que vontade de vomitar os restos do meu ser que se alimenta de paisagens de lugares de outro tempo, de outras vidas
Ah que falta de vontade de viver outra vez a mesma vida, não…
quarta-feira, dezembro 08, 2010
a fonte 558
PENACOVA
Noite quente, excelente para deambular, com calma, sem preocupação, pelas ruelas antigas desta magnífica vila/miradouro sobre o vale do Mondego.
Desde a esplanada no largo principal até à Pérgola, uma vista quase de voo de pássaro sobre o imenso vale, quase sobrenatural...
terça-feira, dezembro 07, 2010
Descontrolo
E o tempo corre suavemente como o vento ligeiro em dia morno de Outono
A amargura impera nos sentimentos que estão ao de cima e atravessa o íntimo pensamento de que não consigo livrar-me
A muito custo vou desviar-me dos escolhos semeados à toa, sem alinhamento, sem qualquer propósito, que não seja o de me transtornar a marcha, lenta ainda assim, através da maldita rampa inclinada para os abismos da consciência que me perturba o raciocínio, incoerente na fala, inconsequente nos propósitos
Mal, em tudo mal, nos actos carregados de responsabilidade rejeitada
Meu ver de todo enevoado, de tudo distanciado, da realidade refugiado, em cima de nada apoiado,
Esperança relegada para nunca mais, ora esperançosa do mais ínfimo momento de bem estar
Não encontro sossego em mim, nem à volta de mim, nem nada, nem antes, nem depois, nunca, nem pode ser ou vir a ser…
E a depressão preenche praticamente todo o espaço interior, não deixando lugar para qualquer coisa que fique para além da solidão
A razão embutida pelas emoções negativas, acima de tudo, inquietantes, permanentemente no controlo do corpo que já nem sei como ainda não soçobrou, tão açoitado tem sido, pela agrura dos tempos recentes
domingo, dezembro 05, 2010
a fonte 557
Continuando em terras de Transmotanas,
pelos arredores de Favaios (onde se produz o melhor vinho Moscatel que conhecemos) e fazemos uma paragem em
Sanfins do Douro, provável lugar de nascimento, em 1517, do Padre Manuel da Nóbrega, o fundador da cidade brasileira de São Paulo.
O primeiro Orago da terra foi o de Sta. Margarida, mais tarde contruiu-se uma capela no alto do monte dedicada a Sta. Bárbara e posteriormente, nos fins do séc. XVIII, o Santuário passou para as graças de N.ª S.ªda Piedade cuja romaria se realiza todo os anos, por altura do 2º Domingo de Agosto.
sábado, dezembro 04, 2010
amanhecer CCXLIV
A Libelinha de cor verde-azul metalizada,
(que eu nunca tinha visto) esteve um bocado de tempo ali parada, imóvel, enquanto eu ia captando uma série de imagens.
Fui aproximando a objectiva fotográfica, cada vez mais, e ela continuou imperturbável de tal forma que cheguei a pensar: «com este frio, só pode estar congelada?!»
sexta-feira, dezembro 03, 2010
O Santo da Casa JNRJ
Fugiu da cruz, o coitado, foi-se recolher na Sacristia, por causa do frio que faz aqui na rua.
No cimo deste monte do Castelo de Marvão, está um frio de rachar - falta pouco para nevar.
quinta-feira, dezembro 02, 2010
a fonte 556
Vilar de Maçada (Alijó)
foi, como sabem, a terra onde nasceu José Sócrates Pinto de Sousa.
«Entra-se em Vilar de Maçada ou pela Rua da Fonte ou pelo Adro.Agradecimento:
Noutro tempo era a minha terra uma formosa aldeia que se espreguiçava ao longo da estrada nacional. Desde o Pontão até ao Adro da Igreja, por ali acima, erguiam-se altaneiras árvores de tília e de cerejeira que eram o cartão-de-visita a todos que, no Verão (acolhendo de bom grado a frescura da sua sombra) ou no Inverno (mirando as escultóricas formas dos seus troncos e ramos, na saudade de as ver repletas de folhagem viçosa), por ali iam de passagem ou vinham de visita matar saudades dos seus e do nosso Santo.
Nasceu orientada a Sul, bordejando a estrada que a dividia em duas funções específicas: para N, a parte habitacional, para S, os lameiros e vinhas do seu sustento. Beija-a o sol de manhãzinha reflectindo no alvo das casas caiadas, até ao seu deitar, cansado de iluminar e aquecer a beleza daquela terra e a singeleza das suas gentes risonhas e fagueiras.
Era também conhecida pelas muitas e bonitas moças casadoiras tal como diz a canção, Hino de Vilar de Maçada:
A nossa terra é linda
Tem raparigas de apetecer
Têm bocas de cereja
Que dá vontade de as comer.»
Pequeno extrato de um artigo que fui desencantar no "Baú de Recordações", autoria de "a serrana", (Celeste Coutinho) uma professora aposentada que se dedica à escrita de contos e poesia que publica num excelente Blog da comunidade Sol.
quarta-feira, dezembro 01, 2010
vinho e azeite
Vilarinho de Cotas (Alijó) no Alto Douro Vinhateiro.
Altas encostas sobre o Douro fundo,
a Quinta da Levandeira do Roncão,
produz do melhor vinho e azeite.
Já provou o Tinto Colheita 2007, não?
No Natal, se lhe oferecerem, aproveite
Olhe que é um nectar "do outro mundo".
terça-feira, novembro 30, 2010
a fonte 555
FONTE DE BAIXO (Sanfins do Douro)
Além do malfadado letreiro do costume "água impropria para beber",
encontra-se um outro aqui ao lado onde se diz que esta
FONTE DE BAIXO ou GRICHA
é, para os sanfinenses, muito mais que uma simples fonte:
Até ao último quartel do século passado, ela era o elemento central de um curioso sistema de tanques e canais, totalmente construidos em granito, que serviam de lavadouros públicos e de bebedouros para os animais.
Evocando tempos passados, quantos casais de namorados, ao cair da tarde, reflectidos no espelho da sua água límpida não terão gorjeado inocentes juras de amor enquanto, cumplicente, a bica retardava o enchimento dos canecos que o coração ajudava a transportar?!
segunda-feira, novembro 29, 2010
a sombra
«A sombra esconde todas as nossas actividades e desejos que podem ser considerados imorais e violentos, aqueles que a sociedade, e até nós mesmos, não queremos aceitar.
A influência do nosso lado sombrio é justificação para alguns comportamentos que habitualmente não são permitidos. É quando se diz que fomos acometidos por algo para além do nosso controle. Esse "algo" é a sombra, a parte primitiva da natureza humana.»
Ou como canta o Rui Veloso:
Desvenda-me o teu lado malsão
O túnel secreto a loja de horrores
A arca escondida debaixo do chão
Com poeira de sonhos e ruínas de amor
Eu hei-de te amar por esse lado escuro
Com lados felizes eu já não me iludo
Se resistir à treva é um amor seguro
à prova de bala à prova de tudo
domingo, novembro 28, 2010
A fonte 554
Um antigo cartaz anuncio turistico, ilustrado com a Fonte do Palácio da Vila,
que inclui frases que exprimem a forma como Sintra impressionou alguns visitantes de renome:
- o crítico de arte francês, Armand Dayot (1851/1934);
- o viajante poeta inglês, Lord Byron (1788/1824);
- o dramaturgo português, Gil Vicente (1465/1536?);
- a proverbial sabedoria popular espanhola (de sempre);
- o compositor alemão, Richard Strauss (1864/1949).
sábado, novembro 27, 2010
amanhecer CCXLIII
Ainda não se vendeu quase nada e já vai chegando a hora do farnel.
É preciso comer uma "bucha" para aconchegar o estômago até à hora do almoço.
No mercado de rua de Almoçageme (Sintra), o Ti Manel e outros vizinhos, vendem os produtos da terra, provenientes das suas próprias e hortas e pomares.
sexta-feira, novembro 26, 2010
a Fonte 553
Serra de Montemuro (Cinfães)
A 1380 metros de altitude, quase no cimo da serra existiram umas muralhas (Portas do Monte do Muro) hoje em ruínas, que terão sido construídas pelos Lusitanos, do comandante Sertório para melhor resistir às investidas das Legiões Romanas.
Mais tarde, foram também utilizadas por Geraldo o "Sem Pavor", no tempo em que este chefiava uma quadrilha de salteadores que actuavam por estas paragens por serem ponto obrigatório de passagem de viajantes do Douro para o Paiva.
quarta-feira, novembro 24, 2010
O Estudo
Quando eu vejo jovens licenciados (engenheiros e doutores disto e daquilo) a arrumar produtos nas prateleiras ou a trabalhar nas caixas do supermercado, fico a pensar:
«Estudar e não praticar aquilo que se aprende é como lavrar a terra e não a semear.»
sábado, novembro 20, 2010
amanhecer CCXLII
Lisboa hoje amanheceu molhada,
mas o sol vem aí, não tarda nada
e tudo vai ficar bem seco
o grande largo e o estreito beco.
terça-feira, novembro 16, 2010
Inventar o Amor
Ponte D. Luis
(Porto - Gaia)
[..]
Um homem uma mulher um cartaz de denúncia
colado em todas as esquinas da cidade
A rádio já falou A TV anuncia iminente a captura
A polícia de costumes avisada
procura os dois amantes nos becos e avenidas
Onde houver uma flor rubra e essencial
é possível que se escondam tremendo a cada batida na porta
fechada para o mundo
É preciso encontrá-los antes que seja tarde
Antes que o exemplo frutifique
Antes que a invenção do amor se processe em cadeia
Há pesadas sanções para os que auxiliarem os fugitivos
[..]
(Um bocadinho do extenso poema de Daniel Filipe, de 1961, "A Invenção do Amor".)
segunda-feira, novembro 15, 2010
a fonte 552
EN 18 (Niza)
Lá está para matar a sede
a quem atravessa o Tejo
pela ponte das Portas do Ròdão
seguindo a EN18 para Niza
sábado, novembro 13, 2010
amanhecer CCXLI
Marvão
Mais tarde ou mais cedo
isto havia de acontecer,
adormecer cheio de medo
que não houvesse amanhecer.
Mais tarde ou mais cedo
isto havia de acontecer,
adormecer cheio de medo
que não houvesse amanhecer.
sexta-feira, novembro 12, 2010
terça-feira, novembro 09, 2010
o Eco
CALVÁRIO, em AROUCA
E estava eu aqui, neste curioso Púlpito (datado de 1640) a pensar alto:
«Oh céus, a minha vida é um calvário, já não sei o que hei-de fazer..?»
Eis senão quando, ouvi aquela voz que parecia vir de trás de uma cruz, dizendo:
«A vida é um eco.Percebi depois que aquela era a voz da minha amiga Consciência, uma amiga de longa data, muito chegada mas também muito discreta e controversa.
Meu amigo, se não estás satisfeito com o que estás recebendo,
observa melhor tudo aquilo que estás emitindo.»
sábado, novembro 06, 2010
Amanhecer CCXL
Hoje não houve amanhecer.
S. Pedro, o porteiro dos céus, guardião das chaves dos portões da luz e do dia, passou a noite nos copos no Bairro.
Adormeceu já de madrugada, bem bebido e esqueceu-se de pôr o despertador para o alvorecer a fim de ir abrir a porta para o dia sair do quarto onde passa as noites em segurança, resguardado do escuro.
Por causa disso o dia de hoje, começou já a meio da manhã.
Quando a gente abriu os olhos e saiu à rua, já era quase meio-dia.
sexta-feira, novembro 05, 2010
a fonte 550
Serra do Montemuro
Nesta encosta a meio caminho entre Cinfães e Arouca,
as vitelas "arouquesas" pastam livremente, a quase a 1300 metros de altitude.
Durante todo o dia vagueiam pela serra onde não falta tojo para ruminar e água fresca para beber.
quinta-feira, novembro 04, 2010
Uma seca
Verdade!
Por exemplo, quando eu digo ao meu filho pré-adolescente:
«Miguel, lava as mãos antes do jantar, lava os dentes depois do jantar, está muito sol, não te esqueças do boné..»
Ele responde invariavelmente:
«Pai, estás sempre a repetir a mesma coisa, és uma seca!»
quarta-feira, novembro 03, 2010
a fonte 549
Penacova
Esta fonte vulgaríssima (há outras bonitas na região) fica
algures numa das centenas de curvas da estrada nacional
que acompanha, pela margem direita, a descida do Mondego,
entre Penacova e Coimbra.
No mês passado, tive ocasião de revisitar estes lugares e caminhos de boas e menos boas memórias para mim. Contudo, no saldo, prevalecem os bons momentos que foram muitos, nesta vila linda fantástica, absolutamente inesquecível - por isso hei-de voltar.
terça-feira, novembro 02, 2010
a ver navios 109
Estuário do Sado
Navios ancorados no meio do rio,
o sol escondeer-se por detrás do maciço da Arrábida,
foi só o consegui captar durante o recente passeio de fim de tarde,
navegando sobre as águas do Sado entre Setúbal e a Comporta.
Lembro que há 20 anos apenas (pouco tempo, comparado com a idade do planeta), era usual avistar famílias de Golfinhos nadando mais ou menos próximo do barco "cacilheiro" ou "ferryboat" que fazia a travessia di rio. Raras foram as vezes em que fiz a viagem sem avistar Golfinhos.
Certo dia, enquanto me banhava numa das magníficas praias de Tróia, aconteceu:
Um grande peixe e um Golfinho que o perseguia, saltaram fora de água,
ali mesmo ao pé de mim - quase me passaram por cima - grande susto que eu apanhei!
a fonte 548
Sanfins do Douro
Por aqui se produzem os melhores vinhos do mundo resultado do apuramento das melhores castas que leva os bons apreciadores de vinho a reconhecer Sanfins do Douro como Capital dos Vinhos, de entre os quais o muito apreciado Moscatel - daí chamarem-lhe a Pérola do Moscatel.
Também aqui se encontra o Santuário de Nossa Senhora da Piedade, cuja localização lhe confere uma beleza natural e vista panorâmica, sem dúvida das mais impressionantes do Norte de Portugal.
Na Romaria de Nossa Senhora da Piedade, tem lugar uma tradição única em Portugal.
No primeiro dia de festa, após a missa campal no Santuário, ocorre o "LEILÃO DO ANDOR" ou Arrematação do Andor, no qual, dois grupos, o Grupo Velho e o Grupo Novo disputam entre si, (oferecendo verbas que já chegaram aos 30.000 Euros) a honra de transportar aos seus ombros nas procissões que se irão seguir, o andor (900 Kgs) daquela a quem os Sanfinenses chamam de MÃE - Nossa Senhora da Piedade.
Hino de Sanfins
Aos pés da Virgem da Piedade
Verdade que até parece,
Um anjo adormecido
Ou embebido em longa prece
Sanfins, ai, Vila formosa,
És uma rosa sempre a brilhar
Aos pés dessa mãe divina
Que na colina tem um altar
segunda-feira, novembro 01, 2010
domingo, outubro 31, 2010
indiferentes
Quando eu pensava que não valia a pena continuar... ela levou-me à janela e disse:
«Olha aqui, se julgas que és o único a fazer coisas interessantes em que ninguém repara, não te preocupes, o mundo é assim mesmo, também o pôr-do-sol é um dos mais belos espectáculos do mundo e no entanto os espectadores não aplaudem.»
sábado, outubro 30, 2010
Amanhecer CCXXXIX
Depois da noite de temporal.
Não consigo deixar de pensar como é que os ocupantes deste ninho, sem cobertura, aberto para o céu, conseguiram resistir horas a fio, uma noite inteira ao vento forte e à chuva intensa que hoje provocaram o sossego até mesmo nas gentes recolhidas debaixo de telha, em casas de pedra e cal.
Ainda agora, pela manhã, ao receber na rua a chuva persistente sinto desconforto, mal estar, arrepios de frio. A chuva continua, molhando tudo em redor deste ninho de Cegonhas onde se consegue observar ainda assim, alguma agitação dos "inquilinos", sinal de que estão vivos e continuam empenhados nas suas regulares actividades do dia-a-dia.
sexta-feira, outubro 29, 2010
a fonte 547
Acontece-me muitas vezes, ainda bem,
passar em sítios por onde pouca gente costuma passear.
Castelo de Vide
Foi o caso do lugar desta fonte que encontrei algures nos meandros de numa "estrada de campo" (diz-se de um caminho que serve primitivamente para acesso a propriedades agrícolas), estradinha essa que serpenteia por montes e vales, ligando a importante urbe medieval de Castelo de Vide ao pequeno povoado, com um grande nome: Nossa Senhora da Graça de Póvoa e Meadas.
passar em sítios por onde pouca gente costuma passear.
Castelo de Vide
Foi o caso do lugar desta fonte que encontrei algures nos meandros de numa "estrada de campo" (diz-se de um caminho que serve primitivamente para acesso a propriedades agrícolas), estradinha essa que serpenteia por montes e vales, ligando a importante urbe medieval de Castelo de Vide ao pequeno povoado, com um grande nome: Nossa Senhora da Graça de Póvoa e Meadas.
Este lugar de Póvoa, antes de ser domínio dos Cavaleiros do Templo, que se substitiram aos Mouros, teve outros ocupantes desde remotas eras, como provam os vestígios arqueológicos que se tem vindo a encontrar, mais ou menos disseminados pelas redondezas. Há construções pré-históricas (Menir, Antas), túmulos Visigóticos, uma vila Romana, etc.
Mas hoje venho aqui recordar que se aproxima a data de uma interessante festa tradicional dedicada a S. Martinho.
O Santo protector do "divino néctar", no seu próprio dia, sai à rua em procissão, ombreado e seguido pelos fiéis amigos.
A procissão com banda de música e tudo, percorre as ruas (quase todas) da aldeia parando em cada taberna para mais uma prova do vinho novo.
Novo ou velho, tanto faz, quando ao fim duns quantos copitos, sempre com a música a tocar, começam a sair as quadras de improviso, como esta que ficou na memória de quem descreve a historia no "site" próprio da freguesia:
Oh meu rico S. Martinho
és feito de pau de feguêra,
passaste à rebêra de Nisa
e nã lavaste a focenhêra.
quinta-feira, outubro 28, 2010
Outonos
Outonos nesta janela, dentro e fora dela.
O Outono da Terra derrama ondas de sol dourado sobre as velhas paredes.
O Outono da Vida toma o seu lugar à janela, aconchegado na sua dona.
Ela aquece um pouco com os raios de sol enquanto espreita para o fundo da rua, à espera de ver aparecer o seu companheiro de quase toda a vida, a descer a calçada de Santo António.
É um hábito de longos anos de casada. Com bom tempo, à tardinha, fazer um intervalo na lida da casa, antes de começar a preparar a janta, e vir debruçar-se à janela a vigiar o movimento na calçada.
Mas, o seu homem, já não sai à rua.
Antes da trombose que, o ano passado ao cair da folha, lhe tolheu os movimentos, ele ainda dava a sua voltinha, amparado na bengala, é certo, mas lá ia andando pelo estreito passeio da rua, sem ajuda de ninguém. Devagarinho, ia até ao jardim de Santana, onde passava as tardes aquecendo os ossos para conseguir um pouco de alívio para as artroses dolorosas que afectavam as desgastadas articulações.
Só que hábitos antigos são difíceis de perder.
E ela esquece que já viveu outro tempo que não este. Hoje quase nada está igual, a não ser talvez só o Sol. O Sol de Lisboa, que parece sempre o mesmo, animando de cores a cidade com a luz que ele derrama sobre ela, irradiando o calor que faz bem à circulação do sangue e reconforta o coração da gente que por aqui sobrevive... e continua.
segunda-feira, outubro 25, 2010
a fonte 546
SANTAREM
cidade património nacional, "Capital do Gótico" português.
Nesta fonte, num dos extremos da cidade, que é um dos lugares mais quentes do Verão em Portugal, enchi algumas vezes o cantil do meu do equipamento de Miliciano ao serviço do Destacamento de Cavalaria, quando por aqui passava em marcha acelerada durante a "tortura" da recruta militar.
Mais de quarenta anos depois, voltei a parar aqui para matar a sede causada por uma outra "tortura", desta feita, uma bem agradável - a do Festival Nacional de Gastronomia.
domingo, outubro 24, 2010
a fonte 545
ALDEIA DA COMPORTA
situa-se no pé da Península de Tróia, o ponto onde a estreita faixa de areia, mata e praias que separa o Rio Sado do mar, se alarga para se transformar em planície dunar que segue pelo Alentejo dentro, até Alcácer ou Grândola, para Oeste e até Santiago ou Sines, para Sul.
Insere-se nos limites geográficos da Reserva Natural do Estuário do Sado, usufruindo por isso de algumas vantagens em termos paisagísticos e ecológicos que tem atraído, nos últimos tempos, uma grande (muito grande) quantidade de turistas para a região.
sábado, outubro 23, 2010
Amanhecer CCXXXVIII
Marvão
Sinto que aumenta em mim o desconforto por ter de partilhar este mundo com muita gente formada na agressividade.
Com o tempo a minha intolerância à maldade vai-se agravando como se fora uma alergia exigindo tratamento.
Então é urgente. Procuro refúgio em lugares como este, principalmente no Alentejo, quase deserto.
O repouso do espírito, nas paredes brancas de luz, nas pedras puídas do tempo.
Como se a humanidade por aqui fosse diferente do resto do mundo...
quarta-feira, outubro 20, 2010
a Fonte 126 (100 anos)
O chafariz do Largo dos Trigueiros, na Mouraria de Lisboa.
Em 1910.
Em 2010.
Será o mesmo!? Não parece, mas é...
Em 1910.
Em 2010.
Será o mesmo!? Não parece, mas é...
sábado, outubro 16, 2010
Amanhecer CCXXXVII
Azenhas do Mar
É preciso que o ar esteja limpo e morno para se conseguir planar lá tão alto sobre a falésia.
sábado, outubro 09, 2010
Amanhecer CCXXXV
Na manhã de sol radioso nas encostas do alto Douro,
os cachos de uva madura que ficaram nas videiras,
após a vindima normal, aguardando mais algum tempo
para fazerem parte de uma excepcional Colheita Tardia.
sábado, outubro 02, 2010
Amanhecer CCXXXIV
A manhã está fresca, ainda é cedo para grandes voos.
O ar sobre o rio ainda não está na temperatura ideal para voar.
O sol ainda não aqueceu o suficiente para secar a humidade das penas.
O melhor mesmo é aproveitar a boleia do "cacilheiro" para atravessar o rio.
sexta-feira, outubro 01, 2010
Sintoma 3
No dia Nacional do Idoso,
atenção aos sintomas da DEPRESSÃO GRAVE.
Humor deprimido e sensação de tristeza - o idoso considera-se um estorvo para a família.
Fácil irritabilidade (rabugisse) e tendência para emotividade excessiva - crises de choro.
segunda-feira, setembro 27, 2010
a Fonte 544
Fonte das Quatro Estações
Os jardins do Palácio dos Marqueses de Pombal, em Oeiras,
planeados por Carlos Mardel no século XVII,
inspirados nos do Palácio de Versailles.
sábado, setembro 25, 2010
Amanhecer CCXXXIII
É Sábado,
o primeiro Sábado do Outono, um belo dia de sol, como devem ser - diz o povo - todos os Sábados, em Portugal.
É muito bom, aquece o corpo e a alma - anima um bocadinho a gente - dá para esquecer as notícias "marteladas" pelos Telejornais durante toda a semana, que anunciam a vinda de tempos difíceis, ainda mais... desgraçados.
Ora bem, então vamos aproveitar enquanto podemos, para "arejar" a família e fazer uma "voltinha saloia", desta feita até Peniche - para o almoço lá está encomendada uma Caldeirada de Peixe.
Enquanto para uns é dia de passeio, para outros é tempo de cuidar dos apetrechos para a faina do mar.
sexta-feira, setembro 24, 2010
abre a porta
disseram-me um dia,
«não vale a pena desistires disto, assim sem mais nem menos;
não vale a pena dizeres que já não gostas de escrever aqui;
não vale a pena fingires que este blog não tem importância para ti;
não vale a pena sentires que aquilo que escreves representa tão somente uma infinitésima parte das tantas e tantas coisas (boas ou más, feias ou bonitas, interessantes ou insípidas, com ou sem graça) que muita gente, por todo o mundo, publica para todo o mundo ver;
não vale a pena pensar mais nisso;
assim sendo, ABRE A PORTA e DEIXA SAIR A IMAGINAÇÃO para CRIAR qualquer COISA que SE VEJA, que SE LEIA e principalmente, que SE SINTA.»
Aquele abraço,
de um amigo
sábado, agosto 14, 2010
Amanhecer CCXXVIII
«Agora que achaste um trevo de quatro folhas,
tem esperança, que melhores dias hão-de vir!»
Quadraminhas (3)
para começar bem o dia,
pode ler um livro à janela,
com cheirinho a maresia.
relaxar, que a vida é bela.
sexta-feira, agosto 13, 2010
a ver navios 108
Em mais uma passagem - com paragem - por Milfontes e arredores.
Nunca me arrependi da viagem - sempre difícil - até estas paragens perdidas na costa Vicentina Alentejana.
Já lá vai tanto tempo, que nem consigo fazer as contas aos anos que passaram, desde a primeiríssima vez que parei o carro e acabei por passar uma noite e um dia aqui, junto à foz do Mira - o rio menos poluído e dos mais bonitos da Europa.
Desde então para cá, raríssimos foram os locais, que encontrei que se assemelham a este - só me lembro de dois ao norte da Península Ibérica, nas Astúrias e na Cantábria.
Santos da Casa 124
É Santa Rita,
que todos os dias (incluindo a sexta-feira 13) se encarrega de zelar pelo bem estar dos inquilinos desta casa da velha Lisboa.
quarta-feira, agosto 11, 2010
a Fonte 543
Fonte na entrada da Quinta de Subserra, em S. João dos Montes (Alhandra).
Esta quinta foi propriedade de Manuel Inácio Martins Pamplona Corte Real,
nomeado por D. João VI, 1º Conde de Subserra, quando era Primeiro Ministro do Reino.
Este mancebo, tal como eu, iniciou a carreira militar como cadete no Regimento de Cavalaria de Santarém, do qual foi oficial.
Depois, como mercenário integrou o exército Russo na campanha da Crimeia e serviu também nos exércitos de Napoleão (que grande cabr..) nas campanhas da Austria e Rússia. Participou na campanha do Rossilhão e foi oficial general da Legião Portuguesa.
Este artista da guerra, teve azar, em Junho de 1828 as coisas mudaram e foi preso por ordem de D. Miguel e guardado incomunicável na Torre de Belém e depois em São Julião da Barra e São Lourenço do Bugio. Foi finalmente transferido e encarcerado no Forte da Graça em Elvas, onde morreu em Outubro de 1832.
Após o termo da Guerra Civil, os seus restos mortais foram trasladados para a Ermida de Santa Catarina, na freguesia dos Biscoitos, na sua terra natal - Angra do Heroísmo.
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Poema Esquecido
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