Porque fotografo (e publico) uma tão extensa colecção de fontes? Porque gosto de viajar e fotografar. Uma fonte, um chafariz, não sei porquê, ficam gravados na minha memória de viajante, como se fosse uma espécie de "marco geodésico" dos lugares por onde vou passando.
Por exemplo, esta fonte (673) não tem grande interesse, isto é, nada de especial a destacar. No entanto, fez-me pensar um bocado no desassossego permanente em que vou revivendo este mundo. E então, nem de propósito, veio-me à ideia um escrito de Bernardo Soares (pensamento de Fernando Pessoa) em "O Livro do Desassossego".
«Não aspiro a nada. Dói-me a vida. Estou mal onde estou e já mal onde penso em poder estar.
O ideal era não ter mais acção do que a acção falsa de um repuxo - subir para cair no mesmo sítio - brilhando ao sol sem utilidade nenhuma a fazer som no silêncio da noite para que quem sonhe pense em rios no seu sonho e sorria esquecidamente.»
1 comentário:
Comungo e entendo as palavras de Bernardo Soares.
Penso no mar, nas árvores, na música e pouco mais,
para me ir aproximando do fim da existência.
Boas viagens.
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