«Olha aqui, se julgas que és o único a fazer coisas interessantes em que ninguém repara, não te preocupes, o mundo é assim mesmo, também o pôr-do-sol é um dos mais belos espectáculos do mundo e no entanto os espectadores não aplaudem.»
domingo, outubro 31, 2010
indiferentes
Quando eu pensava que não valia a pena continuar... ela levou-me à janela e disse:
sábado, outubro 30, 2010
Amanhecer CCXXXIX
Depois da noite de temporal.
Não consigo deixar de pensar como é que os ocupantes deste ninho, sem cobertura, aberto para o céu, conseguiram resistir horas a fio, uma noite inteira ao vento forte e à chuva intensa que hoje provocaram o sossego até mesmo nas gentes recolhidas debaixo de telha, em casas de pedra e cal.
Ainda agora, pela manhã, ao receber na rua a chuva persistente sinto desconforto, mal estar, arrepios de frio. A chuva continua, molhando tudo em redor deste ninho de Cegonhas onde se consegue observar ainda assim, alguma agitação dos "inquilinos", sinal de que estão vivos e continuam empenhados nas suas regulares actividades do dia-a-dia.
sexta-feira, outubro 29, 2010
a fonte 547
Acontece-me muitas vezes, ainda bem,
passar em sítios por onde pouca gente costuma passear.
Castelo de Vide
Foi o caso do lugar desta fonte que encontrei algures nos meandros de numa "estrada de campo" (diz-se de um caminho que serve primitivamente para acesso a propriedades agrícolas), estradinha essa que serpenteia por montes e vales, ligando a importante urbe medieval de Castelo de Vide ao pequeno povoado, com um grande nome: Nossa Senhora da Graça de Póvoa e Meadas.
passar em sítios por onde pouca gente costuma passear.
Castelo de Vide
Foi o caso do lugar desta fonte que encontrei algures nos meandros de numa "estrada de campo" (diz-se de um caminho que serve primitivamente para acesso a propriedades agrícolas), estradinha essa que serpenteia por montes e vales, ligando a importante urbe medieval de Castelo de Vide ao pequeno povoado, com um grande nome: Nossa Senhora da Graça de Póvoa e Meadas.
Este lugar de Póvoa, antes de ser domínio dos Cavaleiros do Templo, que se substitiram aos Mouros, teve outros ocupantes desde remotas eras, como provam os vestígios arqueológicos que se tem vindo a encontrar, mais ou menos disseminados pelas redondezas. Há construções pré-históricas (Menir, Antas), túmulos Visigóticos, uma vila Romana, etc.
Mas hoje venho aqui recordar que se aproxima a data de uma interessante festa tradicional dedicada a S. Martinho.
O Santo protector do "divino néctar", no seu próprio dia, sai à rua em procissão, ombreado e seguido pelos fiéis amigos.
A procissão com banda de música e tudo, percorre as ruas (quase todas) da aldeia parando em cada taberna para mais uma prova do vinho novo.
Novo ou velho, tanto faz, quando ao fim duns quantos copitos, sempre com a música a tocar, começam a sair as quadras de improviso, como esta que ficou na memória de quem descreve a historia no "site" próprio da freguesia:
Oh meu rico S. Martinho
és feito de pau de feguêra,
passaste à rebêra de Nisa
e nã lavaste a focenhêra.
quinta-feira, outubro 28, 2010
Outonos
Outonos nesta janela, dentro e fora dela.
O Outono da Terra derrama ondas de sol dourado sobre as velhas paredes.
O Outono da Vida toma o seu lugar à janela, aconchegado na sua dona.
Ela aquece um pouco com os raios de sol enquanto espreita para o fundo da rua, à espera de ver aparecer o seu companheiro de quase toda a vida, a descer a calçada de Santo António.
É um hábito de longos anos de casada. Com bom tempo, à tardinha, fazer um intervalo na lida da casa, antes de começar a preparar a janta, e vir debruçar-se à janela a vigiar o movimento na calçada.
Mas, o seu homem, já não sai à rua.
Antes da trombose que, o ano passado ao cair da folha, lhe tolheu os movimentos, ele ainda dava a sua voltinha, amparado na bengala, é certo, mas lá ia andando pelo estreito passeio da rua, sem ajuda de ninguém. Devagarinho, ia até ao jardim de Santana, onde passava as tardes aquecendo os ossos para conseguir um pouco de alívio para as artroses dolorosas que afectavam as desgastadas articulações.
Só que hábitos antigos são difíceis de perder.
E ela esquece que já viveu outro tempo que não este. Hoje quase nada está igual, a não ser talvez só o Sol. O Sol de Lisboa, que parece sempre o mesmo, animando de cores a cidade com a luz que ele derrama sobre ela, irradiando o calor que faz bem à circulação do sangue e reconforta o coração da gente que por aqui sobrevive... e continua.
segunda-feira, outubro 25, 2010
a fonte 546
SANTAREM
cidade património nacional, "Capital do Gótico" português.
Nesta fonte, num dos extremos da cidade, que é um dos lugares mais quentes do Verão em Portugal, enchi algumas vezes o cantil do meu do equipamento de Miliciano ao serviço do Destacamento de Cavalaria, quando por aqui passava em marcha acelerada durante a "tortura" da recruta militar.
Mais de quarenta anos depois, voltei a parar aqui para matar a sede causada por uma outra "tortura", desta feita, uma bem agradável - a do Festival Nacional de Gastronomia.
domingo, outubro 24, 2010
a fonte 545
ALDEIA DA COMPORTA
situa-se no pé da Península de Tróia, o ponto onde a estreita faixa de areia, mata e praias que separa o Rio Sado do mar, se alarga para se transformar em planície dunar que segue pelo Alentejo dentro, até Alcácer ou Grândola, para Oeste e até Santiago ou Sines, para Sul.
Insere-se nos limites geográficos da Reserva Natural do Estuário do Sado, usufruindo por isso de algumas vantagens em termos paisagísticos e ecológicos que tem atraído, nos últimos tempos, uma grande (muito grande) quantidade de turistas para a região.
sábado, outubro 23, 2010
Amanhecer CCXXXVIII
Marvão
Sinto que aumenta em mim o desconforto por ter de partilhar este mundo com muita gente formada na agressividade.
Com o tempo a minha intolerância à maldade vai-se agravando como se fora uma alergia exigindo tratamento.
Então é urgente. Procuro refúgio em lugares como este, principalmente no Alentejo, quase deserto.
O repouso do espírito, nas paredes brancas de luz, nas pedras puídas do tempo.
Como se a humanidade por aqui fosse diferente do resto do mundo...
quarta-feira, outubro 20, 2010
a Fonte 126 (100 anos)
O chafariz do Largo dos Trigueiros, na Mouraria de Lisboa.
Em 1910.
Em 2010.
Será o mesmo!? Não parece, mas é...
Em 1910.
Em 2010.
Será o mesmo!? Não parece, mas é...
sábado, outubro 16, 2010
Amanhecer CCXXXVII
Azenhas do Mar
É preciso que o ar esteja limpo e morno para se conseguir planar lá tão alto sobre a falésia.
sábado, outubro 09, 2010
Amanhecer CCXXXV
Na manhã de sol radioso nas encostas do alto Douro,
os cachos de uva madura que ficaram nas videiras,
após a vindima normal, aguardando mais algum tempo
para fazerem parte de uma excepcional Colheita Tardia.
sábado, outubro 02, 2010
Amanhecer CCXXXIV
A manhã está fresca, ainda é cedo para grandes voos.
O ar sobre o rio ainda não está na temperatura ideal para voar.
O sol ainda não aqueceu o suficiente para secar a humidade das penas.
O melhor mesmo é aproveitar a boleia do "cacilheiro" para atravessar o rio.
sexta-feira, outubro 01, 2010
Sintoma 3
No dia Nacional do Idoso,
atenção aos sintomas da DEPRESSÃO GRAVE.
Humor deprimido e sensação de tristeza - o idoso considera-se um estorvo para a família.
Fácil irritabilidade (rabugisse) e tendência para emotividade excessiva - crises de choro.
Subscrever:
Mensagens (Atom)
Poema Esquecido
Praia Grande, Sintra Ao captar esta imagem, criei uma poesia. Decerto, inebriado por um momento de solidão, em que me senti inserido na pai...
-
Não consigo escrever. Na cabeça tenho montes de imagens. Sobreposições de fotografias. Algumas que foram captadas e fixadas em filme negati...
-
Em 1961, o pai de Piero Manzoni diz ao filho " que ele era um artista de merda ". Nem é tarde, nem é cedo, Piero leva a coisa à le...