Readquirido o controlo do tempo...
permite-nos recomeçar um novo ciclo.
Voltam-me à lembrança palavras antigas, quase tão antigas como a minha escrita sentida
- «percorro fustigado na desesperança do nada um caminho de sépalas desprovido…»
quando na tarde calma da cidade quente, Domingo de férias, caminho indolente pelo meio da gente, em direcção ao passado que já não quero encontrar em nenhum lugar, porque tenho medo, sinto-me incapaz de afrontar a mudança.
Tudo em mim está de pernas para o ar e o mundo olha-me de cara à banda
Aos meus pés passam linhas invisíveis de vermes inchados de preconceitos assimilados, mal digeridos
Ah, que vontade de vomitar os restos do meu ser que se alimenta de paisagens de lugares de outro tempo, de outras vidas
Ah que falta de vontade de viver outra vez a mesma vida, não…
A muito custo vou desviar-me dos escolhos semeados à toa, sem alinhamento, sem qualquer propósito, que não seja o de me transtornar a marcha, lenta ainda assim, através da maldita rampa inclinada para os abismos da consciência que me perturba o raciocínio, incoerente na fala, inconsequente nos propósitos
Mal, em tudo mal, nos actos carregados de responsabilidade rejeitada
Meu ver de todo enevoado, de tudo distanciado, da realidade refugiado, em cima de nada apoiado,
Esperança relegada para nunca mais, ora esperançosa do mais ínfimo momento de bem estar
Não encontro sossego em mim, nem à volta de mim, nem nada, nem antes, nem depois, nunca, nem pode ser ou vir a ser…
E a depressão preenche praticamente todo o espaço interior, não deixando lugar para qualquer coisa que fique para além da solidão
A razão embutida pelas emoções negativas, acima de tudo, inquietantes, permanentemente no controlo do corpo que já nem sei como ainda não soçobrou, tão açoitado tem sido, pela agrura dos tempos recentes
Sanfins do Douro, provável lugar de nascimento, em 1517, do Padre Manuel da Nóbrega, o fundador da cidade brasileira de São Paulo.
O primeiro Orago da terra foi o de Sta. Margarida, mais tarde contruiu-se uma capela no alto do monte dedicada a Sta. Bárbara e posteriormente, nos fins do séc. XVIII, o Santuário passou para as graças de N.ª S.ªda Piedade cuja romaria se realiza todo os anos, por altura do 2º Domingo de Agosto.
«Entra-se em Vilar de Maçada ou pela Rua da Fonte ou pelo Adro.Agradecimento:
Noutro tempo era a minha terra uma formosa aldeia que se espreguiçava ao longo da estrada nacional. Desde o Pontão até ao Adro da Igreja, por ali acima, erguiam-se altaneiras árvores de tília e de cerejeira que eram o cartão-de-visita a todos que, no Verão (acolhendo de bom grado a frescura da sua sombra) ou no Inverno (mirando as escultóricas formas dos seus troncos e ramos, na saudade de as ver repletas de folhagem viçosa), por ali iam de passagem ou vinham de visita matar saudades dos seus e do nosso Santo.
Nasceu orientada a Sul, bordejando a estrada que a dividia em duas funções específicas: para N, a parte habitacional, para S, os lameiros e vinhas do seu sustento. Beija-a o sol de manhãzinha reflectindo no alvo das casas caiadas, até ao seu deitar, cansado de iluminar e aquecer a beleza daquela terra e a singeleza das suas gentes risonhas e fagueiras.
Era também conhecida pelas muitas e bonitas moças casadoiras tal como diz a canção, Hino de Vilar de Maçada:
A nossa terra é linda
Tem raparigas de apetecer
Têm bocas de cereja
Que dá vontade de as comer.»
FONTE DE BAIXO ou GRICHA
é, para os sanfinenses, muito mais que uma simples fonte:
Até ao último quartel do século passado, ela era o elemento central de um curioso sistema de tanques e canais, totalmente construidos em granito, que serviam de lavadouros públicos e de bebedouros para os animais.
Evocando tempos passados, quantos casais de namorados, ao cair da tarde, reflectidos no espelho da sua água límpida não terão gorjeado inocentes juras de amor enquanto, cumplicente, a bica retardava o enchimento dos canecos que o coração ajudava a transportar?!
A 1380 metros de altitude, quase no cimo da serra existiram umas muralhas (Portas do Monte do Muro) hoje em ruínas, que terão sido construídas pelos Lusitanos, do comandante Sertório para melhor resistir às investidas das Legiões Romanas.
Mais tarde, foram também utilizadas por Geraldo o "Sem Pavor", no tempo em que este chefiava uma quadrilha de salteadores que actuavam por estas paragens por serem ponto obrigatório de passagem de viajantes do Douro para o Paiva.
«Estudar e não praticar aquilo que se aprende é como lavrar a terra e não a semear.»
«A vida é um eco.Percebi depois que aquela era a voz da minha amiga Consciência, uma amiga de longa data, muito chegada mas também muito discreta e controversa.
Meu amigo, se não estás satisfeito com o que estás recebendo,
observa melhor tudo aquilo que estás emitindo.»
Lembro que há 20 anos apenas (pouco tempo, comparado com a idade do planeta), era usual avistar famílias de Golfinhos nadando mais ou menos próximo do barco "cacilheiro" ou "ferryboat" que fazia a travessia di rio. Raras foram as vezes em que fiz a viagem sem avistar Golfinhos.
Certo dia, enquanto me banhava numa das magníficas praias de Tróia, aconteceu:
Um grande peixe e um Golfinho que o perseguia, saltaram fora de água,
ali mesmo ao pé de mim - quase me passaram por cima - grande susto que eu apanhei!
«Olha aqui, se julgas que és o único a fazer coisas interessantes em que ninguém repara, não te preocupes, o mundo é assim mesmo, também o pôr-do-sol é um dos mais belos espectáculos do mundo e no entanto os espectadores não aplaudem.»
Este lugar de Póvoa, antes de ser domínio dos Cavaleiros do Templo, que se substitiram aos Mouros, teve outros ocupantes desde remotas eras, como provam os vestígios arqueológicos que se tem vindo a encontrar, mais ou menos disseminados pelas redondezas. Há construções pré-históricas (Menir, Antas), túmulos Visigóticos, uma vila Romana, etc.
Mas hoje venho aqui recordar que se aproxima a data de uma interessante festa tradicional dedicada a S. Martinho.
O Santo protector do "divino néctar", no seu próprio dia, sai à rua em procissão, ombreado e seguido pelos fiéis amigos.
A procissão com banda de música e tudo, percorre as ruas (quase todas) da aldeia parando em cada taberna para mais uma prova do vinho novo.
Novo ou velho, tanto faz, quando ao fim duns quantos copitos, sempre com a música a tocar, começam a sair as quadras de improviso, como esta que ficou na memória de quem descreve a historia no "site" próprio da freguesia:
Oh meu rico S. Martinho
és feito de pau de feguêra,
passaste à rebêra de Nisa
e nã lavaste a focenhêra.
Nunca me arrependi da viagem - sempre difícil - até estas paragens perdidas na costa Vicentina Alentejana.
Já lá vai tanto tempo, que nem consigo fazer as contas aos anos que passaram, desde a primeiríssima vez que parei o carro e acabei por passar uma noite e um dia aqui, junto à foz do Mira - o rio menos poluído e dos mais bonitos da Europa.
Desde então para cá, raríssimos foram os locais, que encontrei que se assemelham a este - só me lembro de dois ao norte da Península Ibérica, nas Astúrias e na Cantábria.
Este mancebo, tal como eu, iniciou a carreira militar como cadete no Regimento de Cavalaria de Santarém, do qual foi oficial.
Depois, como mercenário integrou o exército Russo na campanha da Crimeia e serviu também nos exércitos de Napoleão (que grande cabr..) nas campanhas da Austria e Rússia. Participou na campanha do Rossilhão e foi oficial general da Legião Portuguesa.
Este artista da guerra, teve azar, em Junho de 1828 as coisas mudaram e foi preso por ordem de D. Miguel e guardado incomunicável na Torre de Belém e depois em São Julião da Barra e São Lourenço do Bugio. Foi finalmente transferido e encarcerado no Forte da Graça em Elvas, onde morreu em Outubro de 1832.
Após o termo da Guerra Civil, os seus restos mortais foram trasladados para a Ermida de Santa Catarina, na freguesia dos Biscoitos, na sua terra natal - Angra do Heroísmo.
Praia Grande, Sintra Ao captar esta imagem, criei uma poesia. Decerto, inebriado por um momento de solidão, em que me senti inserido na pai...