sábado, maio 31, 2008

Amanhecer CXIX



O pequeno-almoço, aqui não, isso não dá.
O bom é, sentar sob o alpendre a apreciar a vista e respirar o ar puro, enquanto se bebe um aperitivo a fazer tempo para o Almoço. Onde?

Na Quinta do Chão do Prado, em Bucelas, onde se prova (e bebe-se) um verdadeiro Espumante de Arinto, que pode escolher para companhar as entradas ou os pratos principais do restaurante.

O sítio, a paisagem, a comida, a bebida (o Espumante de 2004 tem 12,5º), o serviço, a simpatia (da Mafalda), tudo excelência e simplicidade.

Recomendo (mas não para muita gente) este pequeno espaço, para um almoço em sossego, a dois ou a quatro.

sexta-feira, maio 30, 2008

a Fonte 243


Belas (Sintra).
Se estiverem a pensar lá ir para apreciar esta Fonte, não vale a pena, é má ideia e é tempo perdido.
Mas,
se for para comer uns "Fofos" ainda quentinhos à saída do forno e beber um "Abafado" ou um "Moscatel" na Casa dos Fofos de Belas, aqui pertinho desta miserável fonte, Ah, sim!!!
Isso sim,
vale a pena, pois essa fábrica caseira com 200 anos, é a única no mundo, a única mesmo onde se fabricam diariamente, com a mesma receita de há muitos anos, os deliciosos "Fofos" - é coisa mais ou menos como a Casa dos Pasteis de Belém.

Vistas as coisas

..e posta a situação nestes termos, tenho a dizer que não há mais informação disponível para apresentar adequadamente o que me proponho desenvolver no sentido mais lato do termo ou "lato sensu", que é como se sabe, precisamente o oposto do sentido restrito da palavra, que muitas vezes se utiliza para não querer dizer nada ou dizer muita coisa que não represente algo que valha a pena saber ou perder tempo a ler; se bem que, não se deve considerar como tempo perdido o tempo passado a ler, mas antes tempo gasto, consumido, como sempre repetia o meu velho director do centro de documentação onde trabalhei, de cada vez que alguém lhe dizia que tinha estado a perder tempo lendo os índices da biblioteca à procura de um assunto que não se encontrava disponível no local, tempo esse que podia ter sido utilizado noutra tarefa qualquer mais importante (ou menos) segundo o ponto de vista do interessado no resultado do trabalho em curso.

O tempo não se perde. Se assim fosse, mais tarde ou mais cedo, alguém haveria de o encontrar, algures por aí. Ora, não há memória de que alguém tenha alguma vez achado um bocado de tempo (nem muito nem pouco) perdido no chão da rua.

Muita gente se queixa de perder tempo nos transportes, todos os dias. Mas o facto é que nunca ninguém se lembrou de ir procurar o seu tempo perdido, nas prateleiras dos armazéns de "Perdidos e Achados" da Carris, do Metro ou da CP.

Portanto, conclui-se que nunca se perde tempo. O tempo consome-se, a fazer isto ou aquilo, ou nada.

Ora tudo o que se consome, nesta nossa sociedade capitalista, tem que ser comprado. Consequentemente, alguém terá que vender, mas, já pesquisei na Internet e não consegui encontrar Fornecedores de Tempo.

E já agora, se dizem que somos Consumidores de Tempo, devíamos pdir à DECO a criação de um LIVRO DE RECLAMAÇÕES para registar o tempo gasto, mal consumido, ou mal-passado, como por exêmplo, o tempo que esteve a ler estas tretas aqui, se é que conseguiu arranjar tempo para isso.

obs.:
Não tive tempo para colocar a indispensável imagem neste post - fica para depois.

quinta-feira, maio 29, 2008

a Fonte 242


Há Fontes ou Chafarizes sobre os quais não há muita coisa para contar, nem histórias para inventar, como é o caso deste.

Aqui, basta olhar e apreciar a paisagem, magnífica!
Estamos na encosta do Alvito, no jardim do bairro de casas de renda económica, construído em 1937, nos limites da Serra do Monsanto, em Lisboa.
Logo abaixo, fica o campo de Futebol do Atlético Clube de Portugal, uma velha glória do desporto em Lisboa, que esse sim, tem muita história.

Obs.:
Inicialmente, o Bairro tinha o nome de "Doutor Oliveira Salazar", tal como a Ponte que aqui atravessa o Tejo.

a ver navios 13



Hoje vou chegar tarde,
a um qualquer lugar,
não sei onde nem porquê,
ainda...
Tenho pouco tempo disponível;
Falta-me a segurança,
falta-me o gosto, ou o "bom gosto",
conforme o ponto de vista;
é uma questão subjectiva.
Falta-me o conforto interior.

Não há mais nada a fazer;
tenho medo e tenho raiva,
tudo ao mesmo tempo,
numa só impressão,
duma só vez.

É como se Eu fosse dois,
um contra o outro
e os dois contra mim.
Tão depressa me odeio
como me acarinho
e logo me desprezo,
para, de seguida,
olhando-me por fora,
me setir vulnerável
e, uma vez mais...
como sempre, protejo-me!

quarta-feira, maio 28, 2008

Antologia 4


E, também há, o ANALECTO,
que pode designar uma colectânea de fregmentos literários.
O termo, vem do grego "analectos" (recolha) - alcunha do desgraçado do escravo que era especializado na recolha de restos de refeições.

E ainda, por via latina, através de "analecta" - nome atribuido ao intelectual ou escriba dedicado à compilação de frases e palavras.

Obs.:
É fácil confundir com o ANACLETO, nome próprio que tem étimo Grego (aquele que foi invocado).
E ainda temos, a ANA CLETO, não conheço nenhuma, mas sei que há muitas, basta pesquisar na Net.

terça-feira, maio 27, 2008

a Fonte 241


LAPIDE

Chafariz do Largo do Rio Seco (Ajuda, Lisboa)

Estava ligado a outro chafariz mais acima, na Travessa do Chafariz, por um muro (conduta) de transporte de água, parcialmente destruído.
Os chafarizes e o que resta do muro, se não forem alvo de recuperação urgente correm o risco de ser completamente demolidos, por passarem despercebidos, no meio da degradação das casas devolutas que os rodeiam. Estão muito sujos e cheios de lixo.

No lado oposto da Rua do Rio Seco existem uns antigos fornos de cal que bem podiam ser preservados, evitando-lhes o mesmo destino (entulho) das antigas grutas do local.

segunda-feira, maio 26, 2008

a ver navios 12



(a mensagem IV)

1.5
Fugiste de mim, dizes tu,
Porque secou tua paixão,
Quando me viste todo nu
Só com as cuecas na mão.
1.6
Descalço até ao umbigo,
Com a coisa pendurada.
Disseste, “Oh, meu amigo,
Mas que coisinha de nada.”
1.7
E deste-me um conselho:
“Vai de férias p’ra longe,
Ou entrega-te, meu velho
A um retiro como monge”.
1.8
O que vou fazer agora,
Da minha vida tão ruim?
Nada! Vou mas é embora.
O poema chegou ao FIM.

domingo, maio 25, 2008

falar sozinho


estou na Lua,
não me chateiem,
que eu agora estou na Lua...

mas que porra de vida esta,
que só me apetece escrever;
e escrevo para não falar,
porque quando falo sòzinho,
toda a gente me manda calar:
- Oh Bicho cála-te,
já estamos fartos de te ouvir p'raí a rezar.

Não percebo...
ainda há bocado diziam na TV:
- Oh, o Monólogo do Joaquim Monchique,
tem batido todos os recordes de audiência.

Imaginem, toda a gente quer ouvir, todos acham o máximo;
e até pagam para ouvir o Jaquim falar sozinho.!?

Ora gaita! Isso é uma grande ideia.
Se eu tivesse oportunidade de levar à cena um monólogo,
"O Meu Monólogo",
seria com toda a certeza um grande sucesso de bilheteira;
eu havia de conseguir
levar ao Teatro muito mais gente do que o "Paranormal" do Monchique;
Como? o quê? para me ver?
para me ouvir? Claro que não!
Então? É simples, muita gente havia de querer
pagar o bilhete de Teatro, só para ter o prazer,
de satisfação ou de raiva, de ir lá mandar-me calar.
Para poder
dizer - "Eh pá, oh Bicho, tá calado, pá..!"

sábado, maio 24, 2008

a Fonte 240


Mais uma das famosas fontes plantadas no recinto do Castelo de S. Jorge, Lisboa.
Bom, mas esta, pelo menos deita água, que até se pode beber - não tem o habitual letreiro "AGUA IMPROPRIA PARA CONSUMO".
Plantada é o caso, pois "tasse mesmo a ver" que daquela parede não podia brotar água de nascente, naturalmente.
A não ser que Abraão ressuscitado, 40 séculos depois de ter andado a praticar o milagre da água nascente, nas pedras do deserto, tivesse passado por Lisboa para zurzir, com a sua varinha mágica, as pedras da muralha do Castelo, para as obrigar a deitar água.
Ou também podia ter sido o Boisés - como dizia o meu puto em pequenino - com aquele cajado mágico que fez afastar as águas do Mar Vermelho. Pois, o homem, depois de ter feito a entrega do Povo Hebreu na Terra Prometida, veio até Lisboa à procura de trabalho e... um belo dia, pimba afinfou uma cacetada naquela parede do Castelo?
Ah... não. Não pode ser - a especialidade deste era fazer desaparecer a água...

Amanhecer CXVIII


nascido de fresco
hoje, bem podia estar
em qualquer lado,
ou noutro lado qualquer,
mas estou aqui, estou ali,
estou em muitos lugares,
não sei parar, onde vou..?
Porque começou,
tem que acabar.
Vai sempre, sai... a andar,
vai passar e não fica, não...
Muda, foge, para crescer;
regressa e fenece
para depois desvanecer
a semente do desejo
do fruto sentido,
depois de proibido,
sofrimento, solidão
padecimento, culpado,
ilusão vivida aqui
ou sob outro ceu
sobre outros mares;
quem sabe o que sou eu?
(ensaio de vida)

sexta-feira, maio 23, 2008

a ver navios 11


sem título, ainda

Por entre ameias da muralha
avisto para além dos telhados
os barcos que sulcam o Tejo;
são os que estão chegando
e outros que vão de partida
levando gente que trabalha;
pressinto os olhos molhados
quando neste lugar revejo,
memórias que vão passando
pelo rio que é a minha vida.


(versão beta, não revista, escrita em cima do joelho, sentado em cima do telhado)

quinta-feira, maio 22, 2008

a Fonte 238


Não tenho nada de especial, para dizer, acerca deste chafariz - apenas o que vi quando lá parei na semana passada - não tem água e não é nenhuma maravilha de arquitectura ou de engenharia.
Pronto. Talvez algum habitante de Alcanena, saiba alguma coisa da história desta fonte, que queira contar para a gente saber..?

quarta-feira, maio 21, 2008

O Leal Conselheiro


"A saudade é um sentimento do coração
que vem da sensibilidade e não da razão."

(D. Duarte, o eloquente, 11º Rei de Portugal)

O primogénito da Ínclita Geração(*), poeta e filósofo, autor de "O Leal Conselheiro" e "A Ensinança de Bem Cavalgar Toda a Sela".

(*) Na História de Portugal da minha 4ª Classe da Instrução Primária, era assim que se designavam os seis irmãos, (cinco Príncipes e uma Princesa) filhos de D. João I, Mestre de Aviz e D. Filipa de Lencastre.

a ver navios 10


[A Mensagem II]

4
Nessa praia perto de Lisboa
Um homem passeia o filho.
De olho numa banhista,”boa,
Que gaja boa com’ó milho!”
5
Pimba, tropeçou na garrafa;
E'statelou-se no meio do chão.
"Estou lixado", disse, “safa,
Olha a garrafa dum cabrão!”
6
Que trambolhão fantástico!
Espalhaste-te ao comprido.
"Pai, esta não é de prástico",
Disse o puto, "é de vrido."
..
continua

terça-feira, maio 20, 2008

a Fonte 239


Largo da Paz, no Bairro da Ajuda, em Lisboa, Portugal.

"Aúúúú... aúúúúúú fresquinha!" O pregão dos aguadeiros encheu ontem a Baixa lisboeta, recuperando uma prática que já não se via pelo menos desde a segunda metade do século passado. Em plena Rua Augusta, a fervilhar de gente à hora de almoço, os cinco aguadeiros do grupo Etnográfico Raízes, trajando a rigor, apregoaram a água fresquinha que tinham para oferecer aos transeuntes.

(Jornal de Notícias, 20 de Maio de 2008)

Largo da Paz, no Bairro dos Afogados, no Recife, Brasil.

"A retirada das últimas barracas e fiteiros do largo, promovida neste final de semana pela Prefeitura do Recife dentro do plano de revitalização da cidade, provocou muita polêmica entre os vendedores ambulantes.
Luzinete Torres da Silva, 61 anos, há 20 anos vendendo lanches no local, disse ao nosso reporter, que no box para onde a transferiram, no mercado, só conseguiu apurar R$0,10 pela venda de um cigarro durante todo um dia de trabalho."

(Jornal do Comércio, Recife, 20 de julho de 1998)

Antologia 3


Crestomatia
palavra de etimologia Grega, composta de "chrestos" (útil) e de "mathesis" (aprender).

Designa uma recolha de textos ou fragmentos de prosa de autores clássicos e célebres, seleccionados por serem "bem escritos" e por conseguinte, serem considerardos "bons" para o ensino - uma colecção útil para o processo educativo.

segunda-feira, maio 19, 2008

a Fonte 237


Chafariz do "Zé Garfo".

O homem do garfo, era a alcunha do Neptuno de Tridente em punho que encima o monolito central do chafariz, na Praça da Armada em (Alcântara) Lisboa.
Mais uma fonte da rede municipal das águas livres, do século XIX, abastecida pela Galeria das Necessidades, que trazia água do Aqueduto das Amoreiras.

Por falar em garfo, recordo o restaurante "31 da Armada", mesmo ao lado do chafariz. Durante os meus anos de trabalho (e prazer, 1974/80) na Av. Infante Santo e arredores, almocei e jantei, vezes sem conta nesse lugar (a que chamávamos "Tasca das Manas") com um excelente serviço de cozinha.

a ver navios 9

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(A Mensagem III)
1.1
Mandaste-me um SMS
Com um especial recado:
“A partir de hoje, esquece
Não estou mais a teu lado.”
1.2
A mensagem no telefone
Dizia mais: “Tudo acabou!”
Como vento dum ciclone
A comoção me derrubou.
1.3
Terminar tão de repente?
Conta-me o que aconteceu.
Diz-me lá, sinceramente:
Será que o culpado sou eu?
1.4
O que é que, eu fiz mal,
Que te causou tanta dor.
Qual foi o motivo afinal,
Para morrer nosso amor.

continua..

Antologia 2


Florilégio,
uma recolha de textos escritos considerados representativos, conforme os critérios adoptados, entre os quais pode ter lugar (não obrigatoriamente) a apreciação estética.
Palavra derivada do latim moderno, florilegium.

domingo, maio 18, 2008

a Fonte 236


Barcarena - Portugal.
Curiosidades desta freguesia de 13.000 habitantes, no concelho de Oeiras:
  • já teve a maior Fábrica da Pólvora do País.
  • tem as Grutas pré-históricas de Leceia e
  • um dos mais importantes povoados pré-históricos da Península.
Barcarena - Brasil.Curiosidades desta cidade de 102.500 habitantes, no estado do Pará:
  • considerada a entrada para a Floresta Amazónica.
  • tem o maior porto (Vila do Conde) do estado.
  • terra natal de Joaquim Vieira, o Mestre da Guitarrada.

sábado, maio 17, 2008

Amanhecer CXVII


de bicicleta pelos caminhos do pinhal da Praia das Maçãs,
no Sábado, parei para observar mais de perto a "enormidade" de duas Piteiras:
medem quase três metros de altura;
cada folha pesa uns cinquenta quilos;
encontram-se num jardim aberto, abandonado;
em frente à magnífica casa do vizinho que, este ano, arrecadou o Globo de Ouro (SIC) para Melhor Actor de Teatro.

sexta-feira, maio 16, 2008

temperador


O que é a Saudade?
Um "era bom mas acabou-se",
uma mentira com verdade.
É um amargo-doce,
mistura de prazer e dor.
É o tempêro, o sal,
o azeite e vinagre do amor.
Fal falta, mas faz mal.

quinta-feira, maio 15, 2008

a ver navios 8

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Falta de Saudade

Saudade não tenho nenhuma.
É só uma lembrança breve,
Que evola como a espuma,
Com o sopro da brisa leve.

a Fonte 235


Encostada ao Aqueduto do Alviela,
próximo da nascente, nos Olhos de Água (Alcanena, Santarém).

quarta-feira, maio 14, 2008

Antologia


anthos = flor, em grego
antologia = conjunto de flores (coisas bonitas, beleza, estética) ou uma colecção de textos ou excertos de textos literários, seleccionados segundo um critério estético.
Também por isso, mas não só, se designam "Jogos Florais" os eventos nos quais os poetas e amantes da escrita, apresentam as suas produções a concurso popular.

a Ausencia


(Igreja dos Jerónimos, Lisboa)

A ausência diminui as paixões ligeiras
e aumenta as grandes,
assim como o vento apaga as velas,
mas atiça as fogueiras.

(Adágio Oriental)

terça-feira, maio 13, 2008

a Fonte 234


Pernes (Santarém)
no verdejante vale do Rio Alviela é um lugar com história e com tradição:
aqui teve lugar, a Batalha de Pernes, entre Miguelistas e Absolutistas, no sec. XIX.
aqui tem lugar num Domingo de Maio, a Festa das Rosas, em que se faz a
distribuição de rosas bentas para guardar em casa, como amuleto.

Pernes-les-Fontaines,
próximo de Avignon (Provence), tem umas 30 ou 40 fontes medievais:
não tenho, nem uma foto das fontes deste castiço e histórico burgo, porque, quando lá passei, em 1995 ainda eu não tinha esta mania de fotografar todas as fontes que vou encontrando pelo meu caminho.

a ver navios 7

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Sentado no alto do monte
olhando para o fim do Mar,
longe, a linha do horizonte
dei comigo mesmo a cismar.

O mar, que coisa especial.
Mas, o que é que ele tem
de tão importante afinal?
Dizem: é nosso Pai e Mãe.

segunda-feira, maio 12, 2008

a Fonte 233


Ora aqui temos um chafariz possidónio, o Chafariz da Memória, na Ajuda, em Lisboa, de autoria do arquiteto Possidónio da Silva (Sec. XIX).

visto do lado da "Bica dos Aguadeiros" - a parte da fonte, reservada aos os profissionais da distribuição de água ao domicílio, nas cidades. Eram, na sua maioria, homens de origem galega que carregavam às costas, pelas ruas da cidade um barril de água, que iam vendendo por onde passavam. Abasteciam-se nos vários chafarizes públicos, aguardando pela sua vez em longas filas de espera, onde era vulgar ocorrerem discussões e lutas pela prioridade no acesso à bica.

domingo, maio 11, 2008

sem fim


Tempo de repensar a passagem do tempo.
Tudo o que se pensa, o que se escreve, o que se diz, não é nada. Tudo o que se sente, o que parece que não se sente, o tempo que passa por cima de nós, não é nada. O tempo que nos precede desde sempre e que, recuando, nos alcança, para nos perseguir e ultrapassar a todo o momento, é impossível.

O tempo é tudo, mas não é nada que se possa definir.
É impalpável, é invisível e transcendental; mas é subjectivo e simultaneamente impessoal; é incomensurável pois não podemos dizer ao certo, nem de perto nem de longe, quando começou nem quando vai acabar, se acabar - será que o tempo, vai terminar, alguma vez?

Acabar, parar - como parar o tempo que é imparável.
Quando, no fim do tempo, depois de tudo, quando não houver mais nada, o que fcará? No fim em que tudo volta a não ser, quer dizer volta ao nada; tudo volta a ser igual ao princípio quando, ainda não era.
Antes de ser, era o quê, então, o tempo?
Antes de começar, como era? Onde estava guardado, escondido, fechado, à espera de começar a ser? Ser o quê? E quando começou, como foi; como dizem as sagradas escrituras, que "no princípio era o verbo..", mas qual princípio, quando começou a contagem? E o que havia antes do princípio, antes de começar o tempo..?

Eu acho que o tempo é infinito,
Não tem princípio nem fim.
E se nem todos pensam assim,
Para mim, é igual ao litro.

sábado, maio 10, 2008

Amanhecer CXVI



Em Maio, encontramos milhares destas flores silvestres, por aí espalhadas, salpicando de cores vivas tudo quanto é terreno baldio, como acontece no campo por detrás da Casa da Praia. Aqui, logo pela manhã, elas reflectem de forma espantosa, as cores mais quentes dos raios do sol.

Esta foto, faz-me pensar:

"o simples facto de me ser dada a capacidade de apreciar coisas como esta, representa, só por si, uma dádiva, cuja importância nem consigo definir bem."
Se houver aí alguém que queira e saiba dizer alguma coisa mais (ou melhor), então que diga agora para a gente saber.

sexta-feira, maio 09, 2008

a Fonte 232


Porto.
Na Rua Mouzinho da Silveira havia uma fonte monumental, do século XIX, que foi desmontada em 1920, para mais tarde, em 1966, no mesmo lugar ser construida esta, em tudo semelhante à primitiva.
Esta coisa do monta, desmonta e remonta, parece que é tradição na edilidade do Porto.

a ver navios 6


A Mensagem (I)
1
Lá ao largo naquele barquinho
Estavam dois homens a pescar.
Beberam uma garrafa de vinho
E mandaram com ela pr’o mar.
2
Ao invés de vinho, agora,
Leva dentro uma mensagem.
E lá vai pelo mar afora
Empurrada pela aragem.
3
Ao mundo, deu volta e meia,
Vogando ao sabor da brisa.
E arribou com a maré cheia
A uma praia de areia lisa.
4
..continua

quinta-feira, maio 08, 2008

a Fonte 231


Ontem subimos até Cidade Invicta
e descemos a margem norte do Douro com paragem para beber uma malga de verde tinto numa tasquinha.

Ficamos frente ao velho Chafariz (Sec. XVII), desenterrado e reconstruído em 1980, no local original, e redecorado com a insólita escultura de José Rodrigues popularmente conhecida por "Cubo da Ribeira".

Em fundo, encaixado no nicho da parede da outra Fonte da Praça (Sec. XVIII) da Ribeira, pode ver-se outra, não menos insólita escultura, que pretende representar São João Baptista na visão (ano 2000) de João Cutileiro.

o Fotociclo


Afinal ele existe, o FOTOCICLO.
Chamou-se fotociclo a toda a série de alterações verificadas na estrutura da bacteriorodopsina em resposta a diferentes cores de luz.

Explicações:
Quando a rodopsina (proteina de membrana celular) do olho humano absorve luz, sofre uma alteração na sua estrutura atómica, que liberta energia na forma de um sinal elétrico gerando a informação visual para o cérebro.

Quando atingida pela luz, a bacteriorodopsina (proteina da bactéria holobacterium salinarium) modifica sua estrutura, e transporta um protão através da membrana celular, fornecendo a energia necessária para o metabolismo da célula.

quarta-feira, maio 07, 2008

morrer a viver


(Túmulo de Luis de Camões - Igreja dos Jerónimos, Lisboa)

"O próprio viver é morrer,
porque não temos um dia a mais na nossa vida
que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela".

(Fernando Pessoa)

terça-feira, maio 06, 2008

a Fonte 230


Não acabou ainda o lote das "alegadas" fontes, que se encontram disseminadas pelos recantos do Castelo de Lisboa. Encontrei p'ra cima de quatorze, portanto ainda vamos ter aqui mais umas quantas dessas coisas.

Mas esta de hoje, não é difícil perceber, não faz parte desse conjunto. Foi obra de um emérito indígena de uma vila de toponímia Mourisca, ali prós lados de Cascais, tão antiga como Lisboa, só que não tem castelo. O dedicado cidadão mandou estampar, a suas expensas, este painel de azulejos com uma imagem antiga (meados sec. XX) do largo principal de Alcabideche.

a ver navios 5

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Saindo a barra do rio,
Lá vai outr'a navegar.
E já passou do Bugio,
Em direcção ao mar.

Vai sumir-se na bruma.
Tarda nada, não o vejo.
Fica o rasto de espuma
Boiando na foz do Tejo.

O piloto vai na brasa.
Com o vento a favor.
Ele quer chegar a casa
E abraçar o seu amor.

segunda-feira, maio 05, 2008

reflectido


O homem será mais humano quando reconhecer em si, numa falta de compreensão ou numa falta de acção, a origem das deficiências que nota no ambiente em que vive.
Só começamos, na verdade, a melhorar quando deixamos de nos queixar dos outros para nos queixarmos de nós, quando nos resolvemos a fornecer nós mesmos ao mundo o que nos parece faltar-lhe.
Quando passamos de uma atitude de pessimista censura a uma atitude de criação optimista - optimista não quanto ao estado presente, mas quanto aos resultados futuros.

(Agostinho da Silva)

sábado, maio 03, 2008

Amanhecer CXV


Miradouro da Condessa de Seisal (ou do Seixal, D. Maria) em S. Pedro de Sintra.
Dissipada a bruma da madrugada, o torreão do Palácio da Pena, sobressai no verde intenso que forra toda esta encosta do Monte da Lua.

sexta-feira, maio 02, 2008

a ver navios 4



O barco vai de partida
rumo a outras cidades.
Em terra fica uma vida
a remoer as saudades.

ou nada


Tudo ou Nada

enquanto não chega
o tempo fica parado
à espera num espaço
fora de todos os lugares
a fuga do pensamento
ao sabor dos ventos
livre do desprazer
acumula o cansaço
no fundo dos algares
no escuro, encerrado
o depósito de mágoa
por cima, o desalento.
uma leve esperança
agita os sentimentos;
escuta: parar é morrer!
dentro duma frágua
num fogo que dança
a emoção incendiada
remexe na memória
à procura de nada
nas cinzas história
da justiça que é cega.


(O Outro Eu - Maio, 2008)

quinta-feira, maio 01, 2008

o Primeiro Maio


(Esgotaram-se os Cravos)

[Maio de 1974]

Quando o povo desfilou
nas ruas em procissão
de novo se processou
a própria revolução.

Mas eram olhos as balas
abraços punhais e lanças
enamoradas as alas
dos soldados e crianças.

E o grito que foi ouvido
tantas vezes repetido
dizia que o povo unido
jamais seria vencido.

Contra tudo o que era velho
levantado como um punho
em Maio surgiu vermelho
o cravo do mês de Junho.


(As Portas que Abril Abriu - Ary dos Santos)

Poema Esquecido

Praia Grande, Sintra Ao captar esta imagem, criei uma poesia. Decerto, inebriado por um momento de solidão, em que me senti inserido na pai...