sábado, outubro 31, 2009

Amanhecer CXCII


09:00 H - o Sol ultrapassou a silhueta da serra e brilha no Céu azul claro;
10:00 H - as Nuvens avolumam-se lá longe no horizonte sobre o Mar;
11:00 H - no último dia de Verão deste ano, os sinais do tempo prometem Chuva para breve;

«AMANHÃ - o tempo vai ser outro!» diz o ti Acácio, velho migrante Alentejano, que cuida da sua horta na Várzea de Colares.

quinta-feira, outubro 29, 2009

a Fonte 449


S. Domingos de Rana, Carcavelos
Nada de especial para dizer sobre este chafariz, a não ser que fica pertinho da melhor tasquinha (de peixe fresco) da Costa do Estoril.
Para quem gosta de saborear a bela da Sardinha Assada na brasa, ou uma mista de Peixe Frito com Açorda ou Arroz de Tomate malandrinho... e por aí adiante, tudo bem regado com a Sangria feita na hora - é na "Casa do Mar"!
Por falar nisso, deixa-me ir andando, que são quase horas do almoço...

quarta-feira, outubro 28, 2009

a ver navios 86



Só isso; mais nada;
estou apenas a ver;
olhar deitado sobre o mar;
pensamentos enterrados;
nada mais se passa;
tudo vai na volta da maré;
não penso no que penso;
...
não penso mesmo;
deixo fugir as ideias;
vejo-as passar à frente;
vão deitar-se na areia;
de mistura com o sal;
átomos da vida.

terça-feira, outubro 27, 2009

a Fonte 448



"QUEEN VICTORIA"
O mais recente navio de cruzeiros da Cunard Lines, tem
  • 294 metros de Comprimento e 32,3 metros de Largura;
  • Uma data de Piscinas, Ginásio, Spa e Sauna;
  • Um monte de Bares e Restaurantes;
  • Uns quantos Salões de Baile e Discoteca;
  • Sala de Teatro e Cinema, Galeria de Arte, Biblioteca e Internet Centre;
  • Um Casino, muitas Lojas e Butiques;
  • para gaudio permanente dos 2.014 Passageiros, instalados em 1.007 Cabines (718 com varanda);
  • todo o serviço é aassegurado por 900 Tripulantes.
Isto faz-me saudades do meu cruzeiro de 10 dias de mar, a bordo do único sobrevivente da frota de transatlânticos de bandeira portuguesa,
o "PAQUETE FUNCHAL"
  • nos seus 154 metros de comprimento (apenas metade do Queen Victoria)
  • tem 241 Camarotes para arrumar 600 passageiros (nem sequer chegavam para alojar os 900 Tripulantes do "Grandalhão") 
  • mas também tem dois restaurantes, dois bares, uma piscin(inh)a, sauna, salão de baile, sala de jogos, biblioteca e sala polivalente (casino / igreja).

O Vazio



O tédio é, nem mais nem menos que, o sentimento do vazio da existência.
Se a vida – desejo primário do nosso ser - possuísse qualquer valor real e positivo, o tédio não existiria:
«a própria existência em si nos satisfaria, e não desejaríamos mais nada».
Escreveu Schopenhauer em "O Vazio da Existência".

Mas a nossa existência não é uma coisa agradável a não ser que estejamos em busca de algo; então a distância e os obstáculos a serem superados representam a nossa meta como algo que nos irá satisfazer – uma ilusão que desvanece assim que o objetivo é atingido.
Mesmo o prazer sensual em si não significa nada além de um esforço contínuo, o qual cessa tão logo quanto o seu objetivo é alcançado.

Assim, sempre que não estivermos ocupados em algum destes modos, mas apenas entregues ao acto da mera existência em si, somos confrontados com o vazio e futilidade da vida - isso é o que denominamos tédio.

«O nosso inato e inextirpável anseio pelo que é incomum demonstra quão ávidos e gratos somos pela interrupção do entediante curso natural das coisas.»

segunda-feira, outubro 26, 2009

a Fonte 447

Bombarral
"Quinta dos Loridos"
"Quinta dos Doridos", para os milhares de pacóvios(*) que aqui arribam às carradas, em autocarros de excursão e automóveis de família, todos os fins-de-semana e também durante os restantes dias, quando faz bom tempo.
  • Doridos os pés, de tanto caminhar, deambulando por entre as impressionantes esculturas semeadas ao longo de muitas centenas de metros, que compõem as alamedas da mais falada propriedade rural do Berardo.
  • Doridos dos olhos, de tanto fitar o ecran da câmara digital, para enquadrar as imagens a captar;
  • Doridos os dedos, de tanto carregar nos botões das máquinas de fotografia e vídeo.
  • Doridos dos maxilares, de tanto abrir a boca de espanto, de admiração, perante a enormidade de obras de arte Oriental, que o espertalhão do Joe para aqui mandou acartar.
(*)
Pacóvios, como eu, que já passei por lá duas vezes e só não entrei porque achei que havia ajuntamento a mais para o meu gosto.
Mas vou voltar - às três é de vez - quanto mais não seja para comprar umas garrafas de vinho da produção local, que não é nada má.

domingo, outubro 25, 2009

o Padre Eterno


[..]
E, arremessando a Bíblia, o velho abade
Murmurou:
"Há mais fé e há mais verdade,
Há mais Deus concerteza
Nos cardos secos dum rochedo nu
Que nessa Bíblia antiga… Ó Natureza,
A única Bíblia verdadeira és tu!..."

Como se pode ver (ler) na literatura em Português, não é nenhuma novidade questionar os Dogmas da Fé Católica como fez recentemente Saramago.
Nem sequer é um caso único, este outro de há já 100 anos, em tempos infinitamente menos liberais do que hoje, quando Guerra Junqueiro teve coragem de escrever "A Velhice do Padre Eterno".

sábado, outubro 24, 2009

Amanhecer CXCI


[..]
Numa manhã ao passear
Vi uma abelha numa flor
E ao sentir que me olhou
Com os seus olhitos de cor

E esta abelha era a nossa amiga Maia
Fresca, bela, doce Abelha Maia
Maia voa sem parar
No seu mundo sem maldade

quinta-feira, outubro 22, 2009

a Fonte 446

Correlhã (aldeia na margem do Lima)


Água fria que o sol aqueceu,
Velha aldeia..
[..]

Três corpetes, um avental,
Sete fronhas, um lençol,
Três camisas do enxoval,
Que a freguesa deu ao rol.

Um lençol de pano cru,
Vê lá bem tão lavadinho,
Dormindo nele, eu e tu,
Vê lá bem, está cor de linho.

terça-feira, outubro 20, 2009

o Amarelo


O amarelo da Carris
vai da Alfama à Mouraria,
quem diria.
Vai da Baixa ao Bairro Alto,
trepa à Graça em sobressalto,
sem saber geografia.
[..]
O amarelo da Carris
tem misérias à socapa
que ele tapa.
Tinha bancos de palhinha,
hoje tem cabelos brancos,
e os bancos são de napa.
..
(Ary dos Santos)

segunda-feira, outubro 19, 2009

a fonte 444


"O Leão da Estrela"
Paiva Raposo, originário de uma família de lavradores ribatejanos, viera jovem para Lisboa, depressa se perdendo nas noites do jogo e da bebida da capital.
Arruinado, embarcou para Moçambique, onde reconstruiu a sua vida. Mais tarde, ao regressar à Metrópole, trouxe consigo um Leão, que deixaria exposto num local público de Lisboa a partir de Maio de 1869.
Relato do Diário de Notícias:
«..continua a afluência de povo de todas as classes ao Jardim da Estrela a ver e admirar o formoso leão. Aglomera-se tal quantidade de pessoas junto à grade, que só com dificuldade se pode ver o bicho.
Só na tarde do dia 17 de Maio de 1869, estimava-se que no Jardim da Estrela estivessem entre nove a dez mil pessoas, generalizando-se as discussões entre os visitantes, com os detrás a protestar por os da frente não arredarem de junto do leão.
Quando este, já em stress, arremetia contra as grades, os visitantes mais próximos fugiam do local, atropelando os que esperavam na retaguarda.
Em consequência deste caos, era cada vez mais visível a degradação do próprio Jardim, com muitas plantas a ficarem destruídas à passagem das multidões...»

domingo, outubro 18, 2009

o Criador


«Antes, na criação do Universo, Deus não fez nada.
Depois, decidiu criar o Universo, não se sabe porquê, nem para quê.
Fê-lo em seis dias, apenas seis dias.
Descansou ao sétimo. Até hoje!
Nunca mais fez nada!»

Isto tem algum sentido?
Em todo o tempo do mundo, antes e depois da criação, Deus nunca fez nada?

(Perguntas difíceis de José Saramago)

sábado, outubro 17, 2009

a Fonte 445


Junto deste chafariz, no Jardim da Estrela,
podemos apreciar um canteiro florido
que nos permite dizer com toda a propriedade:
«São Rosas, Senhor!»
Sim senhor, são ROSAS DA GALILEIA,oriundas das montanhas a norte da Terra Santa,
oferecidas pelo povo de Israel aos Lisboetas em
17 de Outubro de 1989.

quinta-feira, outubro 15, 2009

a Fonte 443


Duas em uma.
Haveria algo mais a dizer sobre esta(s) fonte(s)..?
Uma normalzinha, de alvenaria, velho chafariz de água corrente encostado na parede da casa e a outra, de ferro forjado, bomba de actuação mecânica, estranhamente colocada em frente à primeira.

Hei-de voltar a Alhandra, um dia, para tentar perceber melhor esta situação... mas dessa próxima vez, de comboio, de carro, ou de bicicleta - a pé, nunca mais!

a ver navios 85


Estou aqui deitado há duas horas, à espera de ondas.
Ondas que me permitam "escorregar" um bocadinho em cima da prancha.
Mas acho que não vai dar. Nem mesmo a passagem deste grande navio, vai fazer agitar um bocado estas águas quase paradas, da praia de Carcavelos.
Hoje, este Mar da Foz do Tejo mais parece o lago dos barcos do Campo Grande, em dias de muita gente a navegar - tem ondas de meio metro.
Por isso, não me vou levantar, nem para tirar a fotografia. Vou-me deixar ficar por aqui estendido a recarregar as baterias deste corpo, velha carcaça, aproveitando os raios do magnífico Sol bem quentinho deste Outono especial do nosso "rico" Portugal.
E que se lixe o resto... que me chamem "calão" ou outros nomes ainda piores. Afinal de contas, não sou o único - pelo que vejo aqui em redor, esta praia está cheinha de gente e não são nada velhos reformados como eu!

quarta-feira, outubro 14, 2009

a Fonte 442


Fonte de S. Francisco (Lamego)

Contam-se de Lamego, as lendas de "Ardínia" e de "Tedo".
Haverá provavelmente uma qualquer lenda, ou história, de princesas mouras encantadas e cristãos relacionada com esta fonte mas, até agora não consegui descobrir coisa nenhuma.
Por isso não escrevo nada para não errar e mais tarde vir a ser acusado de falta de rigor, como já aconteceu no caso de outras fontes noutros lugares, aqui assinaladas no Blog.

terça-feira, outubro 13, 2009

Tumor


Definição:

«Qualquer proliferação descontrolada das células, que leva ao crescimento anormal de uma parte ou totalidade de um tecido.»

a Fonte 441


Maria da Fonte
é o nome que o povo de Ponte de Lima dá a esta pequena escultura de pedra representando a mulher com a bilha da água à cabeça.
Não tem nada a ver com a outra Maria da Fonte,

Essa mulher lá do Minho
Que da foice fez espada
Há-de ter na lusa história
Uma página dourada!


que deu nome à mais conhecida Revolta popular do século XIX.
A contestação popular começou na Póvoa do Lanhoso, com

Viva a Maria da Fonte
A cavalo e sem cair
Com a corneta na boca
A tocar a reunir

e alastrou a todo o país até fazer cair o Governo da família Cabral.

(Versos do "Hino Maria da Fonte", de Angelo Frondoni)

segunda-feira, outubro 12, 2009

na Sombra


..
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
..


(Carlos Drummond)

domingo, outubro 11, 2009

a Fonte 440

Ponte de Lima
No muro da igreja-museu-convento de Terceiros.
(Igreja do extinto Convento de Santo António e Igreja da Ordem Terceira de S. Francisco)
Pensava eu que aos Domingos de manhã, não se pagava entrada nos museus nacionais, em geral.
Afinal, estava enganado - isso só se verifica em alguns locais - não é o caso do Museu de Arte Sacra, Etnografia e Arqueologia de Ponte de Lima.
Acho que essa ideia da "borla" se instalou na minha cabeça, imaginem, em Roma, onde constatei que são livre as visitas a todos locais históricos, ao Domingo de manhã.
Também na Casa Museu de Serralves, onde estive recentemente, isso é verdade.
Não digo isto por achar cara a entrada. São só 2,50€ por cabeça e ainda fazem descontos para a 1ª e 2ª Infâncias ("-12 e +65").

quinta-feira, outubro 08, 2009

Romaria



Quando a depressão toma conta de mim,
(e isso começa a ser uma situação corriqueira)
lembro o que escreveu Fernando Pessoa:

Nunca houve romaria
Onde se lembrassem de mim...
Também quem se lembraria
De quem se lamenta assim?

terça-feira, outubro 06, 2009

a Fonte 439

Ponte de Lima

à esquerda, os Homens;
à direita, as Senhoras;
ao centro, o Chafariz;

não, não, primeiro as Senhoras, então:

à direita as Senhoras;
à esquerda os Homens;
ao centro o Chafariz;
Era assim ou ao contrário? Não me lembro bem.
- por causa da neblina húmida que subindo desde o rio invadiu a noite das ruas da Vila na beira do Lima, embaciando as lentes dos meus óculos;
- agravada pela névoa que se instalou no meu Sistema Nervoso, com os bagacinhos de vinho verde do jantar, toldando a minha vista e a minha memória;
- e finalmente porque não foi preciso decidir, pois optei pela ecologia e fui fazer a... como se diz... "mudar a água às azeitonas" debaixo da ponte, directamente para o rio.
 Mas, se for ao contrário, é simples a correcção. Hoje em dia, com os meios electrónicos que temos à disposição, não custa nada aldrabar a coisa - mantemos o texto e viramos a imagem como um reflexo no espelho.

domingo, outubro 04, 2009

e agora...


Antes,
alcançar os objectivos Olímpicos:
MAIS ALTO, MAIS FORTE, MAIS LONGE..
Agora,
ultrapassar os obstáculos imediatos:
MAIS FERRUGEM, MAIS CANSAÇO, MAIS LETARGIA.

sábado, outubro 03, 2009

Amanhecer CLXXXIX

Ele na Praia da Caparica, numa corrida à beira mar,
cheio de força, cheio de genica.
Logo foi dar com ela deitada, belo corpinho ao sol e ao ar,
ali, quase toda descascada.
Aquele corpo ao abandono, a precisar de companhia,
no quentinho sol de Outono.

Parou! Assim que a viu, deixou-se ficar por ali, a descansar, o resto do dia.

sexta-feira, outubro 02, 2009

a Fonte 438


Vila Verde (Braga)

Nada de especial para dizer acerca deste vulgar chafariz,
situado num largo da avenida central da importante vila
sede do maior e mais populoso Concelho do "coração" do Minho.

quinta-feira, outubro 01, 2009

pergunta d' algibeira



Mas o que será pior,
ser IGNORANTE ou ser IGNORADO.!?
Ora bem,
eu estive a pensar no assunto,
reflecti profundamente sobre o tema,
medi a amplitude de ambos os conceitos e
cheguei a uma conclusão:
diz o povo e com razão, dos dois QUE VENHA O DIABO E ESCOLHA...

Poema Esquecido

Praia Grande, Sintra Ao captar esta imagem, criei uma poesia. Decerto, inebriado por um momento de solidão, em que me senti inserido na pai...