domingo, janeiro 30, 2011

a fonte 559



Fonte da Cal (Fornos de Algodres)

Para além do aviso do costume sobre a falta de qualidade da água, reparei na data de construção que está inscrita na frontaria - 1871.

Ao lado esquerdo (só me apercebi disso ao rever a fotografia) encontra-se uma placa de ferro com algumas coisas escritas, provavelmente (?) narrando algum facto histórico relacionado com o local - não sei. Se alguem souber, p.f. escreva nos comentarios.

Uma coisa curiosa é que esta vila, que só vistei em 2010, se encontra presente na minha memória activa desde o meu tempo de aluno da Intrução Primária, no Colégio Lusitano de Benfica.

Naquela época, o Senhor Professor Pinto, à força de ponteiradas nas orelhas e palmatoadas nas mãos, tratava de inculcar nas "cachimónias" dos miúdos que comigo partilhavam as carteiras da sala das terceira e quarta classes, os nomes das estações principais de todas as Linhas de Caminho de Ferro de Portugal Continental e Colónias.

Decorar aqueles nomes todos, sem saber porquê nem para quê... era obra, meus amigos!

Por isso, a estação de Fornos de Algodres, ficou para sempre gravada na minha imaginação, talvez, quem sabe, à custa de umas quantas "réguadas", a espicaçar a memória durante uma "chamada ao quadro" em que declamava (alto e bom som) para toda a aula ouvir, as estações de comboio da Linha da Beira Alta.

sábado, janeiro 29, 2011

Amanhecer CCLII


A Calçada da Bica Grande,
desce a encosta de Santa Catarina, em direcção à zona ribeirinha, desaguando lá em baixo, na Rua de S. Paulo, por onde (infelizmente) já não se vê, nem se ouve, passar o eléctrico da Carris.
Mais além, junto ao Mercado da Ribeira, adivinha-se a torre do relógio que, nesta hora da manhã, ainda está embrulhada na névoa que transborda do Tejo.
O sol ainda vai demorar o seu tempo a chegar à calçada, para aquecer as pedras escorregadias do chão da rua e ajudar a secar os lençois e outra roupa da lavada que as vizinhas, antes de sair para as compras do dia, deixaram penduradas nas cordas sob as janelas.
Estas roupas penduradas, que são uma espécie de marca registada dos bairros típicos de Portugal, reflectem as cores da luz do sol, mesmo escondido, e atraem mais luz, mais cor e animação para o espaço meio sombrio das paredes altas e estreitas de muitas das ruelas da cidade velha.
E a maresia que sobe desde o rio pela calçada e se mistura com o cheirinho da "barrela"... hummm, só passando por lá!

sexta-feira, janeiro 28, 2011

Sete


Aqui há tempos, sentei-me a descançar, recostado no tronco deste sobreiro, na região do Alentejo que eu mais aprecio - a zona raiana.
Enquanto retomava fôlego para prosseguir a caminhada do dia pelos montados, esqueci-me do tempo e dei comigo a pensar (coisa lixada, por vezes perigosa, esta mania de pensar) no número pintado no tronco:

Sete
o número primo, que está presente em muitas coisas da vida;
Sete Pecados
dizem que são os pecados capitais, alguns dos quais fazem de mim uma inegável vítima;
Sete Virtudes
serão igualmente as virtudes que se opõem aos pecados que afligem os humanos;
Sète
o nome da terra natal de Georges Brassens e Manitas de Plata, a Veneza do Languedoc, por onde passei uma vez, em 1987;
Sete fadas me fadaram...
a velha canção do Zeca que, de vez em quando eu ainda ponho a tocar;
Sete anos de pastor Jacob servia...
o belo soneto de Camões que, não sei porquê, me ficou na memória desde o meu 5º ano do Liceu;
Sete Mares
eram referidos na literatura árabe (Sinbad, o Marinheiro das 1001 Noites) e europeia na idade Média e Antiguidade Clássica;
Sete Maravilhas
havia no Mundo Clássico e outras tantas há agora no Moderno;
Sete Léguas
em cada passada, davam as botas mágicas do Pequeno Polegar;
Sete Rios
o local de Lisboa que foi durante muitos anos terminal do autocarro do "chora" que ligava a Porcalhota ao Metro da capital;
Sete Up
uma das marcas (de refresco) mais populares do mundo;
Sete Anões
os malandrecos donos da casa onde se recolheu a Bela Adormecida;
Sete Vidas
diz o povo, que tem o Gato;
Sete Quintas
se costuma dizer que alguém está, quando se sente à vontade;
Sete Colinas
tem a cidade de Lisboa, à semelhança de Roma;
Sete Cidades
é o nome da Lagoa mais bonita e famosa dos Açores;
Sete
o número de ondas que precedem uma onda maior;
Sete Dias
na semana e um só p'ra descançar..;
Sete Semanas
passaram sem uma única publicação neste blog...
então basta, ou como dizem no Alentejo, "tem avondo" de descanço, é hora de retomar.

Poema Esquecido

Praia Grande, Sintra Ao captar esta imagem, criei uma poesia. Decerto, inebriado por um momento de solidão, em que me senti inserido na pai...