vou à janela espreitar a nesga de mar que, os prédios erguidos no meu horizonte, já não me deixam abarcar.
No princípio, era assim, podia olhar o mar da minha janela. Só tinha direito a um vislumbre da foz do Tejo, onde ocasionalmente, com o "zoom" da máquina fotográfica no máximo, conseguia captar a passagem de um navio, se fosse daqueles mesmo grandes.Era uma mania, era, pois! Um vício quase diário, olhar ao longe o meu bocadinho de mar, ainda que, representado por apenas uma estreita faixa entre o céu pintado de azul forte (ou como o de hoje, carregado de escuras núvens de chuva) e o pano de chão esverdeado do vale do Jamor.
Era um prazer. Escolhi morar nesta casa por causa da vista daquela janela virada p'ró mar - um pequeno privilégio.Agora, já não dá p´ra ver nada de jeito, mas ainda assim, não se apagou em mim, o impulso que me faz, de quando em vez, chegar à janela e olhar... para nada.
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