quinta-feira, setembro 04, 2008

o Sono pelo Sonho


Quem já não teve dias assim,
em que a gente ao acordar fica por uns momentos a pensar, «Mas para que é que eu acordei? Hoje, agora, vou fazer o quê? Porra, não sei..!»
Nessas alturas, ressinto-me de estar vivo, isto é, sinto que mais valia não ter acordado. «Bom, vou ler um bocado para me distraír e não ficar aqui a pensar, a remoer no mesmo tema, pois já percebi que hoje é Quinta-feira - o meu dia não.»
Sento-me na cama e pego no livro que está sobre a mesa-de-cabeceira. O livro que ontem, uma amiga me ofereceu, é um pequeno conto de Dostoievski - "O SONHO DE UM HOMEM RIDÍCULO".
«Estranha coisa, este título», pensei e fui lendo...
"Antes, eu sentia-me muito consternado por parecer ridículo. Eu não parecia, eu era. Sempre fui ridículo, e sei disso, talvez desde que nasci. Talvez aos setes anos eu já soubesse que era ridículo.
E fui para a escola, depois para universidade, e ora - quanto mais eu estudava, mais aprendia que era ridículo. De modo que todos os meus estudos a modos que só serviram, afinal, para me provar e me explicar, que sou ridículo.
Assim como nos estudos, acontecia também na vida. A cada ano aumentava e fortalecia em mim essa mesma consciência de que sou ridículo em todos os sentidos. Todos riam de mim, o tempo todo.
Mas ninguém sabia nem suspeitava que, se havia na terra um homem mais sabedor do facto de que sou ridículo, esse homem era eu, e era justamente isso que mais me ofendia, que eles não soubessem disso, mas neste caso, o culpado era eu mesmo.."
«Já chega, gaita! Vou mas é ligar a TV para ver se consigo dormir mais um bocado...» Claro está, que não consegui voltar a adormecer. Então, sentei-me ao computador e escrevi.

1 comentário:

Anónimo disse...

Se calhar, para se ser homem ou, mulher,é preciso ser ridiculo, às vezes.
Lembra-te que, o nosso Fernando Pessoa, dizia:"Todas as cartas de amor são ridiculas. Se não o forem, não são cartas de amor".
O russo foi mais longe. Descobriu, aos sete aninhos, que era ridiculo.
Mesmo tendo ele essa opinião de si próprio, eu acho-o um génio. Chato, às vezes, mas génio.
Maria

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