É cedo!
São exactamente 6:30 da madrugada. Para lá da Serra de Sintra a alvorada já vai clareando. Percebe-se pela silhueta da Serra bem recortada no Céu. Aqui deste outro lado, o lado Poente, no ponto mais Ocidental da Europa, é ainda muito cedo, quer dizer, à mesma hora, está bastante escuro ainda.
Todavia, na janela, (naquela janela virada p'ró Mar - como tão bem cantava o Francisco José, a velhinha e linda canção de embalar), na janela voltada ao Poente a Lua Cheia derrama luz e sombras em cima da mesa.
A sede...
Levantei-me, porque tinha sede. Desculpas, a verdade é que não conseguia dormir. Aqui estou, estupidamente acordado a uma hora que não é costume, a beber um sumo, a tirar fotografias e a escrever coisas. Deve estar para chegar aí, uma crise qualquer. Não é normal, eu ter insónias.
O gato.
O "cabrão" do Bichano da vizinha conseguiu abrir o meu caixote do lixo e está a fazer um chiqueiro do "caraças" no meu terraço. Tenho que ir lá fora... mas vou cantando baixinho:
Cem anos que eu viva não posso esquecer-me
Daquele navio que eu vi naufragar
Na boca da Barra tentando perder-me
E aquela janela virada pró mar
..
Se mais ainda houvesse mais fortes correra
Lembrando-me em noites de meio luar
Dos olhos gaiatos que estavam à espera
Naquela janela virada pró mar
5 comentários:
Amigo Bicho: Acho que desta vez te enganaste. "Aquela janela virada para o mar", era cantada pelo Tristão da Silva. Tem música e letra do Frederico de Brito.
O Chico Zé, cantava, na verdade uma canção de embalar, cujo nome não me lembro, que começava:
"Há uma estrela na vida
que sempre nos guia e bem nos conduz.
Estrela que nunca é esquecida
De noite e de dia nos dá sempre luz" ...
Esta, como muitas outras, era do Chico. A da janela é do Tristão da Silva, como poderás verificar no You tub.
De qualquer modo, a analogia está perfeita.
Maria
Maria,
bem a propósito, a correcção.
O sucesso original foi do Tristão. Tinha-o esquecido, o excelente fadista que poucas vezes ouvíamos falar, pois gaguejava um bocado, mas cantava lindamente, como é comum nos gagos.
Mas lembro-me de ouvir, a versão mais recente, do cantor romântico da Damaia, bem conhecido pelos "Teus Olhos Castanhos".
Era, e é, vulgar haver, mais do que uma boa interpretação dos grandes exitos da musica popular, por artistas notáveis.
Foi o caso ainda da "Rosinha dos Limões" - um fado muito antigo, da minha meninice, que eu acho um mimo.
Estamos certos, ambos, creio eu...
Há uma outra, muito conhecida, "De quem eu gosto; nem às paredes confesso... etc." essa talvez o maior exito do Tristão.
É verdade, há sempre mais de uma interpretação. Confesso que, não conheço a do Chico.
Lembro-me bem das outras que falas. A Rosinha dos limões, teve muitos intérpetres. Além do Artur Ribeiro, seu autor, cantou-a o Max e, mais alguns.
Na altura das eleições do General Delgado, creio que nos "Rídiculos", apareceu uma versão muito gira, mas de que infelizmente, não me lembro.
O meu pai, tinha esse jornal, em que além dessa, vinham letras dedicadas ao General e, fazendo troça do Méquinho, para serem cantadas, com as músicas de vários fados. Esse jornal perdeu-se, como se perdeu muita coisa, quando o meu pai morreu. Ficaram na mão de alguém demasiado estúpida para as entender e, gananciosa, ao ponto de as não dar aos filhos dele.
Mas isto são outras histórias. Tristes e sujas.
Maria
Hé, Bicho, com esta???????????
Grande abraço.
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