domingo, agosto 24, 2008

meu mar


Assim era Eu,
empurrado por ventos
ao sabor das corrrentes
subindo e descendo com as marés;
saltando nas ondas de espuma
revigorada pela resistência dos recifes;
deslizando no marulhar das águas bonançosas
mansamente espraiadas nas enseadas amenas;

assim era Eu
seguindo sempre sem parar,
sem esperar, nas pensando,
"- um dia vou-me encontrar!"
mas se não Eu, talvez outro alguém;
prossigo em vertiginosa fuga
atravessando estreitos opressivos;
rebatendo nas fragas
ocultas no sopé dos promontorios alterosos;

agora, sou Eu
aflito, tolhido, magoado
e cansado, mareado e desiludido,
desta fuga de mim, através do meu mar;
assim sou Eu,
recolhido cada vez mais
para dentro, por dentro de mim...

(Não tem Título - estas coisas escritas assim, não precisam; se tivesse, podia ser MAR INTERIOR; na Costa Atlântica, em Agosto de 2008)

2 comentários:

Anónimo disse...

Há uns anos conheci alguém... é
uma pessoa doce e inconformada com a vida,de repente olhou-se, e viu que tinha algumas limitações,tinha 56 anos, hoje tem 59, e nada alterou na sua vida,continua a ler o mesmo poema, "Em Busca do Amor" Florbela Espanca, Livro das Mágoas.
Alterar a vida, também está nas nossas mãos.
Força... todos temos periodos maus.
bjs
bela

Anónimo disse...

O teu Mar, Bicho, está porceloso,cheio de cabos das tormentas à espera que os dobres.
O Mar, nem sempre é fácil de sulcar, nem sempre é fácil chegar à praia, mas entre duas vagas há sempre um pouquinho de acalmia por onde podes passar.
Maria

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