Adeus, Lisboa
Vou-me até à Outra Banda
no barquinho da carreira.
Faz que anda mas não anda;
parece de brincadeira.
Planta-se o homem no leme.
Tudo ginga, range e treme.
Bufa o vapor na caldeira.
Um menino solta um grito;
assustou-se com o apito
do barquinho da carreira.
Todo ancho, tremelica
como um boneco de corda.
Nem sei se vai ou se fica.
Só se vê que tremelica
e oscila de borda a borda.
(António Gedeão)
Vou-me até à Outra Banda
no barquinho da carreira.
Faz que anda mas não anda;
parece de brincadeira.
Planta-se o homem no leme.
Tudo ginga, range e treme.
Bufa o vapor na caldeira.
Um menino solta um grito;
assustou-se com o apito
do barquinho da carreira.
Todo ancho, tremelica
como um boneco de corda.
Nem sei se vai ou se fica.
Só se vê que tremelica
e oscila de borda a borda.
(António Gedeão)
1 comentário:
Bicho:
Para "lutar" com Gedeão, só Ary.
Lá vai no Mar da Palha o Cacilheiro,
comboio de Lisboa sobre a água:
Cacilhas e Seixal Montijo mais Barreiro.
pouco Tejo pouco Tejo e muita mágoa.
Na ponte passam carros e turistas
iguais a todos que há no mundo inteiro,
mas embora mais caras a ponte não tem vistas
como as dos peitoris do Cacilheiro.
Leva namorados
marujos soldados
e trabalhadores
e parte dum cais
que cheira a jornais
morangos e flores.
Regressa contente
levou muita gente
e nunca se cansa.
Parece um barquinho
lançado no Tejo
por uma criança.
Num carreirinho aberto pela espuma
lá vai o Cacilheiro Tejo à solta,
e as ruas de Lisboa sem ter pressa nenhuma
tiraram um bilhete de ida e volta.
Alfama Madragoa Bairro Alto,
tu cá tu lá num barco de brincar
metade de Lisboa à espera no asfalto e
já meia saudade a navegar.
Se um dia o Cacilheiro for embora
fica mais triste o coração da água
e o povo de Lisboa dirá como quem chora,
pouco Tejo pouco Tejo e muita mágoa.
Ary dos Santos.
Maria
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