Passou por mim no caminho
fugia não sei de quê, desvairada,
vestia um leve casaquinho
amarelo,
que, desapertado, esvoaçava
e corria num desatino pela calçada
tal era a pressa que levava
chocou de frente com a porta
verde
e abrindo-a, entrou de rompante
deixando a rua como morta
cá fora porém desliza um vulto
mal se lhe adivinha o semblante
que fixa, franzindo o sobrolho
na porta, daquele lugar de culto,
onde balança o pesado ferrolho
de cenho carregado, deu um murro
na porta verde por onde entrou o casaquinho amarelo
na minha terra há um adágio, disse num urro,
"Amarelo e verde, é como ranho na parede!"
- E tu para onde é que estás a olhar, ó caramelo?
disse ele para mim. - Para nada, estou de passagem,
vou já embora, é só ir ali à fonte matar a sede.
- Então pira-te, vai andando e Boa Viagem!
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