segunda-feira, dezembro 31, 2007

a Nova Era


La era está pariendo un corazón

Le he preguntado a mi sombra
a ver como ando para reírme,
mientras el llanto, con voz de templo,
rompe en la sala
regando el tiempo.

Mi sombra dice que reírse
es ver los llantos como mi llanto,
y me he callado, desesperado
y escucho entonces:
la tierra llora.

La era está pariendo un corazón,
no puede más, se muere de dolor
y hay que acudir corriendo
pues se cae el porvenir
en cualquier selva del mundo,
en cualquier calle.

Debo dejar la casa y el sillón,
la madre vive hasta que muere el sol,
y hay que quemar el cielo si es preciso
por vivir,
por cualquier hombre del mundo,
por cualquier casa.


(Silvio Rodríguez, 1968)

2 comentários:

Anónimo disse...

Este lume já não nos aquece
este medo do nada nos contem
esta névoa de nata em vez de neve
e a nossa vida cada vez mais ontem

Este sol que não rompe sobre os cactos
estes mortos de novo tão perto
é no búzio dos crâneos exumados
que melhor nós ouvimos o deserto

Estas folhas de plátano estas mãos
que o fogo vai torcendo lentamente
esta cinza no fim de uma oração
este sino este céu sobrevivente

Mas soa a meia-noite e logo o nada
deixa de estar em tudo como estava


David Mourão Ferreira

Para o Bicho, da Maria

O Bicho disse...

Obrigado, Maria.
David Mourão Ferreira - um escritor, meu contemporâneo e conterrâneo, que gostei muito de ler e de ouvir (há alguns anos) ao vivo.

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