
Porque a vida não pára, eu, vacilante,
Quero parar, mas sinto, apavorado,
Que, mais a mim, se chega a cada instante,
O fim do meu caminho limitado!
Como vai longe! Ai, como vai distante
O tempo em que vivia descuidado,
E me falava a doce voz cantante
Desse presente que se fez passado!
E a ele volto e não encontro nada,
Que me fale da vida amargurada
Que ao recordá-la ainda me angustia.
Com que tristeza tudo, tudo lembro,
Neste dia cinzento de Novembro,
Nesta manhã viúva de alegria!
(JM Lopes de Araújo, Poeta dos Açores)
2 comentários:
Às vezes, a solidão, tem tanto de belo como de arrepiante.
Esta pode ser a ponte que divide as nossas inseguranças.
Porra cada vez estás a escrever melhor,onde vem tanta inspiração?Um beijinho da Maria.
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