
(Castelo de Monsaraz)
Pela saudade, um dia fui levada
àquela casinhola ao pé da estrada,
para rever a velha Nha Maria
- uma boa e simpática roceira,
que foi, outrora nossa lavadeira
e que eu há longos anos já não via...
Enternecida, a pobre da velhinha
fez-me sentar num banco da cozinha,
e ofereceu-me um "gole de café"...
Um caldeirão, no fogo, fumegava;
alí por perto, pelo chão ciscava
um casal de galinhas garnisé...
Na quietude gostosa lá da roça,
eu, entretida com a conversa nossa,
nem percebia as horas que passavam !
Em seu falar, interessante e rude,
queixou-se-me da vida e da saúde
que, pouco a pouco, os anos lhe roubavam...
Depois, contou-me casos do passado;
do seu remoto e trágico noivado
com o Zé Florencio, um "cabra" valentão...
Mas... eis que pára e funga. E levantando,
e a panela depressa destampando...
"Nossa Virge"! queimô tudo o fejão!!!
(Berta Homem de Mello)
Sem comentários:
Enviar um comentário