Obscuras transmutações,
sentidas talvez só no íntimo dos sentimentos abstractos, se operam, se sentem sem que se sintam porque sem sentir o tempo se sentiu.
Na vasta colónia do nosso ser há gente de muitas espécies, pensando e sentindo diferentemente.
«Cada um de nós é vários, é muitos, é uma prolixidade de si mesmos.»
Isto no parecer de Bernardo Soares, um ajudante de guarda-livros, em Lisboa, que acrescentou ainda:
Tenho por intuição que para as criaturas como eu nenhuma circunstância material pode ser propícia, nenhum caso da vida ter uma solução favorável. Se já por outras razões me afasto da vida, esta contribui também para que eu me afaste.
- Aquelas somas de factos que, para os homens vulgares, inevitabilizariam o êxito, têm, quando me dizem respeito, um outro resultado qualquer, inesperado e adverso.
Nasce-me, às vezes, desta constatação, uma impressão dolorosa de inimizade divina.
- Parece-me que só por um ajeitar consciente dos factos, de modo a que me sejam maléficos, a série de desastres, que define a minha vida, me poderia ter acontecido.
Sei de sobra que o meu maior esforço não logra o conseguimento que noutros teria. Por isso me abandono à sorte, sem esperar muito dela. Não sei até que ponto consigo qualquer coisa. Não sei até que ponto qualquer coisa se pode conseguir...
- Onde um outro venceria, não pelo seu esforço, mas por uma inevitabilidade das coisas, eu nem por essa inevitabilidade, nem por esse esforço, venço ou venceria.
6 comentários:
Neura
Tu estás com a neura, rapaz!
O teu rosto não engana.
Vê ao menos se és capaz
De ter Bom Fim de Semana.
Maria
É verdade, estou com a telha.
Nos dias em que acordo assim,
Sinto-me como uma coisa velha.
Até chego a ter pena de mim.
Bom fim de semana ,jovem amigo!!
Abraço para toda a familia.
Bicho:
Tens comentários, nas mensagens anteriores, aqui e no Pessoal. Diz-me se gostas.
Maria
Beijos para Cristina.
o tempo aqui, este fim-de-semana está igual ao da Europa: chuva e frio.
Obrigado, Maria.
Eu li todos os comentários - eles passam sempre pela minha "mail box". Acontece por vezes, que não retruco porque me perco em locubrações e depois... já passou.
Estou a gostar especialmente dos improvisos poéticos que complementam os meus recentes "posts".
Fico contente por isso. Quer dizer que o que eu publico, ainda serve para alguma coisa boa - "espicaçar a imaginação criadora de uma poetisa popular"
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